Lácteos sem lactose, com inovação e nutrientes

De leites e iogurtes a bebidas funcionais com alto teor de proteína, o segmento sem lactose ganha força com avanços em ultrafiltração, uso de enzimas e novas formulações voltadas à saúde digestiva e ao bem-estar.

Publicado por: MilkPoint

Publicado em: - 4 minutos de leitura

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O mercado de produtos lácteos sem lactose cresceu significativamente, com mais de 98% dos pontos de venda oferecendo essas opções. As vendas aumentaram 8,5% em dólares e 3,8% em volume, com destaque para iogurtes e cottage cheese. Aproximadamente 10% a 15% dos americanos são intolerantes à lactose. Fabricantes, como a Danone, estão desenvolvendo produtos que combinam funcionalidade e valor nutricional. A produção sem lactose utiliza a enzima lactase para decompor a lactose, mantendo o valor nutricional dos produtos tradicionais. O segmento deve continuar a crescer.

Há não muito tempo, consumidores que buscavam produtos lácteos sem lactose encontravam poucas opções. Hoje, o cenário é bem diferente: mais de 98% dos pontos de venda já oferecem leite sem lactose. Grandes marcas ampliaram suas linhas com versões sem lactose e produtos de marca própria. De acordo com a Circana, empresa de pesquisa de mercado sediada em Chicago, as vendas de produtos lácteos sem lactose seguem em alta.

“Em todo o Dairy15, os produtos sem lactose cresceram 8,5% em dólares e 3,8% em volume nas 52 semanas encerradas em 13 de julho”, observa John Crawford, vice-presidente sênior de Client Insights-Dairy da Circana. “O leite sem lactose cresceu 8,2% em dólares e 3,8% em volume; o iogurte sem lactose, 41% em dólares e 40,7% em volume. O creme de leite sem lactose teve alta de 12% em dólares e 14,1% em volume, enquanto o cottage cheese sem lactose cresceu 30,8% em dólares e 29,9% em volume”, detalha.

Embora ainda representem apenas 4,6% das vendas totais do Dairy15, os produtos sem lactose mostram uma trajetória consistente de crescimento, abrindo oportunidades para os processadores de laticínios.

A Clover Sonoma, sediada em Petaluma, Califórnia, oferece uma linha de leite orgânico sem lactose nas versões integral e 2% reduzido em gordura, com três sabores: Chocolate, Baunilha e Morango. Produzidos por vacas criadas a pasto em fazendas orgânicas locais, os leites são vendidos em mercados naturais da Califórnia, como Whole Foods Market e Sprouts.

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Segundo Susan Shields, vice-presidente de Marketing e Inovação da Clover Sonoma, “as pesquisas mostram uma demanda crescente por leites com valor agregado — orgânicos, sem lactose e saborizados. Com esta linha, atendemos a todos esses pedidos. Quem busca opções sem lactose ainda aproveita os benefícios nutricionais do leite, como proteínas, cálcio e vitaminas A e D, enquanto os sabores oferecem uma opção saborosa com zero ou baixo teor de açúcares adicionados.”

Hoje, entre 30 e 50 milhões de americanos — cerca de 10% a 15% da população — são intolerantes à lactose, segundo o Instituto Nacional de Diabetes e Doenças Digestivas e Renais (NIDDK). O órgão sugere que os consumidores podem continuar consumindo laticínios ao:

  • Beber pequenas quantidades de leite por vez e consumi-lo junto com refeições;
  • Adicionar leite e derivados gradualmente à dieta e observar a reação do corpo;
  • Optar por iogurtes e queijos duros, como cheddar e suíço, que contêm menos lactose.

 

Sem lactose com funcionalidade adicional

Com o aumento da busca por alimentos e bebidas ricos em nutrientes, os fabricantes vêm desenvolvendo produtos que reúnem múltiplos atributos: alto teor de proteína, baixo teor de açúcar, ausência de lactose e foco no controle de peso, inclusive para usuários de medicamentos GLP-1.

Em agosto, a Danone North America lançou sua nova linha de produtos lácteos cultivados, OIKOS FUSION. As bebidas funcionais foram formuladas para apoiar a manutenção muscular e a saúde digestiva, além de atender pessoas em processo de perda de peso, incluindo usuários de GLP-1.

A Danone desenvolveu a linha em parceria com nutricionistas e cientistas, utilizando uma mistura trifásica proprietária de proteína de soro, leucina e vitamina D. Segundo Rafael Acevedo, presidente de Iogurtes da Danone North America, “combinar décadas de expertise científica da Danone com o foco da marca OIKOS em força e proteína de alta qualidade nos permitiu criar algo realmente único para pessoas que buscam manter a massa muscular durante a perda de peso. Acreditamos que perder peso não significa apenas abrir mão de coisas.”

 

 

 

Quebrando a lactose: o papel da enzima lactase

Produzir um produto lácteo sem lactose significa remover ou quebrar a lactose, açúcar natural do leite. Isso é feito, geralmente, pela adição da enzima lactase, que a decompõe em glicose e galactose — açúcares mais simples e fáceis de digerir. Em alguns casos, métodos de filtragem também são utilizados para removê-la.

É importante diferenciar produtos sem lactose de produtos sem laticínio. Enquanto os primeiros são feitos a partir do leite de vaca, os segundos utilizam bases vegetais, como nozes e grãos.

“Embora todos os produtos sem laticínio sejam sem lactose, nem todos os produtos sem lactose são sem laticínio”, observa a Kenvue Brands LLC, fabricante dos produtos Lactaid.

Fundada em 1974 pelo produtor de laticínios Alan E. Kligerman, a Lactaid produz leite 100% real, apenas sem lactose. Entre seus mais de 50 produtos estão leites, eggnog, sorvetes, creme de leite e cottage cheese. Mesmo sem lactose, esses produtos mantêm o mesmo valor nutricional dos equivalentes tradicionais, incluindo cálcio e vitamina D, destaca Crawford, da Circana.

Quando questionado sobre o sabor, ele comenta: “Há uma leve diferença de gosto em produtos lácteos sem lactose, especialmente nos leites ultrafiltrados, como o Fairlife. No entanto, o desempenho é semelhante ao dos laticínios tradicionais.”

 

Filtrando a lactose

Além de reduzir o desconforto digestivo, os produtos sem lactose apresentam maior vida de prateleira devido à ultrafiltração ou ultrapasteurização, afirma Crawford.

Os processadores de laticínios que buscam ampliar seus lucros têm à disposição diversas técnicas de produção: adição de enzimas lactase ao leite; ultrafiltração, que separa a lactose por membranas; cromatografia, que usa colunas de troca iônica para isolar a lactose; e nanofiltração, que a separa de outros componentes do leite.

Produzir versões sem lactose também pode ser financeiramente vantajoso. Nas 52 semanas encerradas em 13 de julho, os produtos sem lactose superaram amplamente as vendas do leite branco.

"Mais marcas estão investindo em capacidade produtiva, inclusive nas linhas de marca própria. A expectativa é que o segmento continue apresentando crescimento de dois dígitos na maioria das categorias de laticínios à medida que a produção aumenta”, conclui Crowford.

As informações são da Dairy Foods, traduzidas e adaptadas pela equipe MilkPoint.

 

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