Antes de tudo, é preciso deixar claro que a definição de "idosos" de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) como “todo indivíduo com 60 anos ou mais” já não se encaixa muito bem. A terceira idade está cada vez mais ativa, integrada, conectada e acima tudo “dona de si”.
Isso se tornou ainda mais evidente durante a pandemia da Covid-19, mostrando que os idosos são os novos influenciadores digitais! De fato, o estereótipo da terceira idade que vigora — ou vigorou — por anos já não faz mais sentido e muito menos corresponde à realidade.
De acordo a Agência Brasil, estudos do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV Social) elaborados a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) anual, de 2018, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o aumento no número de pessoas com 65 anos ou mais na população brasileira foi de 20% na comparação com os dados de 2012.
Além disso, ainda conforme o estudo da FGV, os idosos são as pessoas de referência ou os chefes de família de 19,3% dos domicílios brasileiros. Em relação à renda, a FGV indicou que os eles correspondem a 17,44% dos 5% dos brasileiros mais ricos e 1,67% dos 5% mais pobres. Eles são 15,54% da classe AB, 13,07% da classe C, 4,71% na classe D, e 1,4% dos idosos são da classe E.
E o que todos estes números têm a nos dizer? Em uma palavra: oportunidade! Estes dados retratam possibilidades de inovações e agregações de valor aos produtos lácteos destinados para este nicho de mercado. Ao analisá-los, chegamos a uma conclusão clara: o público da terceira idade é grande, crescente e representa uma grande parcela da população com poder aquisitivo e de compra.
Porém, antes de inovar, é preciso saber quais são os desejos e as dores deste público. Os consumidores sêniores, em sua maioria, buscam por produtos que ofereçam saudabilidade, com forte apelo nutritivo e que proporcione benefícios para saúde cerebral, óssea, ocular e intestinal.
Portanto, nesta corrida competitiva por inovação, os lácteos já saem na frente das demais categorias devido ao teor de cálcio presente naturalmente no leite e derivados. No entanto, as opções de inovações são muitas, como, por exemplo, formulações de leite UHT enriquecidas com vitaminas A, C, D e do complexo B.
Os demais derivados lácteos, como o iogurte também não ficam de fora da agregação de valor voltada para o público sênior. A adição de nutrientes, sais minerais, probióticos e prebióticos são exemplos de opções que reforçam o apelo de saudabilidade dos produtos e suas propriedades funcionais.
Além disso, ainda é possível reforçar o teor de cálcio e proteínas presentes no leite e derivados. O uso de proteínas do soro, por exemplo, para o enriquecimento deste componente é um caminho que as indústrias de laticínios podem seguir.
Mas não podemos pensar apenas no produto em si. As embalagens também devem ser adequadas, com rótulos claros e informações objetivas do diferencial dos produtos e os benefícios que eles oferecem para a saúde.
Ademais, estratégias de marketing voltadas para os consumidores sêniores são fundamentais. Eles precisam se sentir representados e se identificarem com a imagem do produto. É necessário um maior protagonismo nas publicidades com representantes que dialoguem e retratem este público-alvo. Por exemplo, recentemente, a multinacional Nestlé apostou em uma campanha publicitária com o ator Ary Fontoura, considerado um influenciador digital sênior.
Dito isso, podemos observar um vasto e duradouro caminho de oportunidades que os laticínios podem explorar visando os consumidores sêniores. Além disso, é um nicho de mercado ainda pouco explorado e não saturado, ou seja, as marcas que apostarem e conseguirem se diferenciar neste segmento, com certeza colherão bons frutos!
Referências
Agência Brasil. Brasileiros com 65 anos ou mais são 10,53% da população, diz FGV. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2020-04/brasileiros-com-65-anos-ou-mais-sao-10-53-da-populacao-diz-FGV. Acesso em: 14/05/2021.
*Fonte da foto do artigo: Freepik