A renda líquida, quando positiva, dá uma indicação de sustentabilidade do sistema de produção, no longo prazo. Neste caso, todos os fatores de produção são remunerados e o que sobra pode ser investido na ampliação da atividade leiteira.
Outro indicador financeiro é a margem bruta, resultante da diferença entre a renda bruta e os custos variáveis. A margem bruta, quando positiva, indica a viabilidade do sistema de produção, no curto prazo. Todavia, a perpetuação desta situação leva ao empobrecimento do produtor.
A Tabela 1 foi construída utilizando-se os dados de uma amostra de mil produtores, coletados para a elaboração do Diagnóstico da Pecuária Leiteira do Estado de Minas Gerais, em 2005. Para o total dos entrevistados, apenas 30% apresentaram sustentabilidade, no longo prazo. São os que apresentaram renda líquida positiva.
A conclusão anterior, entretanto, não tem a mesma dimensão em todos os estratos de produção de leite. Enquanto apenas 14% dos pequenos produtores terão sustentação no longo prazo, 81% dos produtores acima de 1000 litros/dia adotam sistemas de produção sustentáveis no longo prazo.
Antes de concluir, é preciso fazer uma ressalva: a indicação referente ao pequeno produtor pode não ser realizada na magnitude apresentada. Ou seja, mais de 14% dos pequenos produtores poderão ter sustentabilidade no longo prazo. Isto é possível em razão de pesados sacrifícios impostos à mão-de-obra familiar, fator básico de seus sistemas de produção.
Em resumo, utilizando-se a renda líquida como instrumento de análise, pode-se prever significativa redução no número de produtores de leite no longo prazo. Deverão sobreviver apenas os que conseguirem renda líquida positiva.
Escrito em 27 de novembro de 2006.