Sustentabilidade da produção de leite

Um dos indicadores financeiros de grande importância para o produtor de leite é a renda líquida, resultante da diferença entre a renda bruta e o custo total da produção. A renda bruta tem como componentes as vendas de leite e de animais. Por sua vez, o custo total é igual à soma dos custos variáveis e fixos.

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Um dos indicadores financeiros de grande importância para o produtor de leite é a renda líquida, resultante da diferença entre a renda bruta e o custo total da produção. A renda bruta tem como componentes as vendas de leite e de animais. Por sua vez, o custo total é igual à soma dos custos variáveis e fixos. Como o próprio nome já diz, os custos variáveis variam com a quantidade produzida, a exemplo do sal mineral, concentrado, mão-de-obra para o manejo do rebanho, medicamento, energia, combustível e outros desta natureza. São exemplos de custos fixos: administração da empresa rural, depreciação e juros sobre o capital investido.

A renda líquida, quando positiva, dá uma indicação de sustentabilidade do sistema de produção, no longo prazo. Neste caso, todos os fatores de produção são remunerados e o que sobra pode ser investido na ampliação da atividade leiteira.

Outro indicador financeiro é a margem bruta, resultante da diferença entre a renda bruta e os custos variáveis. A margem bruta, quando positiva, indica a viabilidade do sistema de produção, no curto prazo. Todavia, a perpetuação desta situação leva ao empobrecimento do produtor.

A Tabela 1 foi construída utilizando-se os dados de uma amostra de mil produtores, coletados para a elaboração do Diagnóstico da Pecuária Leiteira do Estado de Minas Gerais, em 2005. Para o total dos entrevistados, apenas 30% apresentaram sustentabilidade, no longo prazo. São os que apresentaram renda líquida positiva.

A conclusão anterior, entretanto, não tem a mesma dimensão em todos os estratos de produção de leite. Enquanto apenas 14% dos pequenos produtores terão sustentação no longo prazo, 81% dos produtores acima de 1000 litros/dia adotam sistemas de produção sustentáveis no longo prazo.

Antes de concluir, é preciso fazer uma ressalva: a indicação referente ao pequeno produtor pode não ser realizada na magnitude apresentada. Ou seja, mais de 14% dos pequenos produtores poderão ter sustentabilidade no longo prazo. Isto é possível em razão de pesados sacrifícios impostos à mão-de-obra familiar, fator básico de seus sistemas de produção.

Em resumo, utilizando-se a renda líquida como instrumento de análise, pode-se prever significativa redução no número de produtores de leite no longo prazo. Deverão sobreviver apenas os que conseguirem renda líquida positiva.

Figura 1

Escrito em 27 de novembro de 2006.
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Material escrito por:

Sebastião Teixeira Gomes

Sebastião Teixeira Gomes

Professor Titular da Universidade Federal de Viçosa

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Guilherme Alves de Mello Franco
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 11/12/2006

Prezado Sebastião,

Novamente, confirma-se a perspectiva de que o mercado do leite será assumido pelos grandes produtores, aqueles que produzem mais de 500 litros/dia (cerca de 15000 litros/mês), por questões de viabilidade financeira dos projetos. Desejo expressar que nada tenho contra o pequeno produtor (também sou um deles) mas, por ser integrante do grupo é que não almejo grandes passos rumo ao futuro próximo se não melhorar, e muito, a minha produção, passando a ser grande.

É que a velha máxima de que "dinheiro gera dinheiro" aplica-se em cheio à questão, e o produtor de dimensões reduzidas não tem de onde retirar divisas para crescer, ante o absurdo e latente desamparo em que se encontra. Nem acesso ao Programa Nacional de Agricultura Familiar (o próprio nome já nos exclui, como se a pecuária não tivesse importância alguma) lhe é destinado, ante a ausência, quase que constante, de fiador ou de renda familiar suficiente ao abono governamental a seus projetos.

Daí, o fundo do poço a que já nos referimos anteriormente. É mais ou menos a mesma situação dos tempos da saúva: ou o Brasil acaba com o preconceito ou o preconceito acaba com o Brasil ("ou o Brasil acaba com a saúva, ou a saúva acaba com o Brasil"). Exageros à parte, o produtor de leite não é o mal mas, sim, o remédio para a crise no campo. Só precisamos convencer ao Governo Federal disto. Mas, ainda o adágio popular nos alerta, "o pior cego é o que não quer ver".
Manoel Pereira Neto
MANOEL PEREIRA NETO

NATAL - RIO GRANDE DO NORTE - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 07/12/2006

Professor Sebastião,

Este artigo é muito oportuno, pois retrata a realidade da pecuária de leite não só em Minas Gerais, mas pode estender para demais estados da federação.
Qual a sua dúvida hoje?