O mito do pequeno produtor de leite
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Pesquisas recentes têm demonstrado que continua grande o número de pequenos produtores, todavia, a elevada participação destes na produção total não é mais verdadeira. A produção de leite está deixando de ser uma atividade típica do pequeno produtor, e passou a ser do grande produtor.
O diagnóstico da pecuária leiteira do estado de Minas Gerais, resultado da parceria entre SEBRAE, FAEMG, SENAR e OCEMG, ajuda a esclarecer pontos interessantes sobre a participação do pequeno produtor. Tal diagnóstico, produto da pesquisa de campo junto a mil produtores em todo o estado de Minas, comparou a evolução da atividade leiteira no período de 1995 com a de 2005.
Alguns resultados do diagnóstico:
1) Em 1995, os produtores que produziam até 50 litros/dia eram 55% do total e respondiam por 19% da produção;
2) Em 2005, os produtores até 50 litros/dia eram 44% do total e respondiam por 8% da produção. Nos últimos dez anos, os pequenos reduziram suas participações no número de produtores e, principalmente, na produção de leite;
3) Em 1995, os produtores de mais de 500 litros/dia eram apenas 1,8% do total e respondiam por 10,6% da produção;
4) Em 2005, os produtores de mais de 500 litros/dia eram 6,6% do total e respondiam por 44,4% da produção.
Nos últimos dez anos, os grandes produtores aumentaram suas participações no total e na produção de leite. Estas tendências são confirmadas no grupo de mais de mil litros de leite/dia, que em 2005 eram apenas 2,6% do número de produtores, porém respondiam por 30% da produção.
Nos últimos anos, o preço recebido pelo produtor de leite caiu significativamente, em razão da crescente concorrência do mercado internacional e dos aumentos na produtividade e na produção. A queda no preço causou redução na margem bruta/litro (margem bruta/litro é igual ao preço do leite menos o custo operacional/litro).
Diante desta realidade, o produtor procura compensar a queda da margem bruta unitária pelo aumento da produção, objetivando recompor a margem bruta anual. A lógica do produtor é a seguinte: é preferível ganhar pouco de muito, do que muito de pouco. A lógica anterior é reforçada pela prática de preços diferenciados, de acordo com a quantidade produzida.
A busca de maior escala de produção coloca a atividade leiteira na mesma situação de outras como arroz, milho, soja, laranja, aves de corte, suínos, pecuária de corte e outras, em que a maior parte da produção vem dos grandes produtores. As forças do mercado aprofundam esta tendência, e trazem dificuldades crescentes para o pequeno produtor.
Escrito em 20.06.2006
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Material escrito por:
Sebastião Teixeira Gomes
Professor Titular da Universidade Federal de Viçosa
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VITÓRIA DA CONQUISTA - BAHIA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
EM 16/07/2006
* A venda do leite é entre produtor e empresa, dificultando melhor pagamento do produto, pois a quantidade é pequena;
* Poucos produtores investem em manejo alimentar (pastagens, silagem, fenação, mineralização etc.);
* Poucos procuram capacitar seus funcionários e a si próprios no Senar, Sebrae, Emater etc.;
* Ainda não estão organizados suficientemente para formar Cooperativas.
Fábio Martins Oliveira
Engº Agrônomo

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL - PRODUÇÃO DE LEITE
EM 06/07/2006
1º - O preço dos insumos estão astronômicos, fazendo com que o custo de produção para o pequeno produtor inviabilize o aumento da produção, negando ao rebanho rações balanceadas, vitaminas, etc.
2º - Há também a captação do leite dos pequenos produtores pelos fazendeiros vizinhos, proprietários de tanque de resfriamento, fazendo com que dê a idéia de que o maior produtor cresceu, e o pequeno diminuiu.

RIO DE JANEIRO - RIO DE JANEIRO - PRODUÇÃO DE LEITE
EM 05/07/2006
Ou seja, uma mentira que apenas serve para sustentar oportunistas de plantão que se aproveitam de inocentes, iludindo-os com modelos de subsistência que só fazem consumir recursos públicos e privados. Estes, se bem empregados, poderiam estar trazendo resultados concretos e efetivos para o desenvolvimento do país, e assim proporcionar riqueza para todos.
A intensificação dos sistemas de produção é hoje uma situação irreversível, e temos que lutar por uma economia estável, um projeto de país que busque, de fato, ser grande, sem políticas de contração, com juros exorbitantes e financiamento de um setor público gastador, pesado e ineficiente.
O campo não pode ser mais um lugar para ilusões e amadorismo - a segurança alimentar, uma preocupação mundial, nos obriga a isso. Por isso viva o produtor profissional, aquele busca crescer e se inserir cada vez mais em um mundo onde fronteiras não mais existem, e somente os mais estruturados e qualificados podem sobreviver.

MONTE ALEGRE DE MINAS - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
EM 04/07/2006
Em primeiro plano, o parabenizo pelo excelente trabalho que mais uma vez irá contribuir para a via do conhecimento do negócio leite. Falar das dificuldades do setor é sempre "repetitivo", principalmente quando se fala da produção agropecuária.
No entanto, o artigo gera a oportunidade para uma correlação importante: apresentar transparentemente ao produtor, seja ele pequeno, médio ou grande, que a produção de leite é um agronegócio que apresenta, em vários momentos no ano, um fluxo de caixa negativo, e que demanda de capital de giro, escasso nos dias de hoje, para sustentar qualquer crescimento.
Seria oportuno colocar no centro das discussões, além das exportações, marketing e dos produtos substitutos, a baixa rentabilidade do segmento produção primária do leite, sem o paradigma da incompetência e do tamanho do produtor como principal argumento.
Cássio Vinícius Vieira
Médico Veterinário
JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE
EM 04/07/2006

FRANCISCO BELTRÃO - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
EM 03/07/2006
Não discordo em nada dos resultados publicados, no entanto, faço a importante ressalva de que em 10 anos, conforme o artigo, houve um trânsito de crescimento dos produtores catalogados, de tal forma que produtores com menos de 50 litros/dia em 1995, chegaram a 2005 produzindo mais de 500 litros/dia (alguns, é claro).
Os altos e baixos do mercado do leite <i>in natura</i>, foram mais "altos" do que "baixos", possibilitando aos pequenos produtores aumentarem suas produtividades, de tal modo que avançaram alguns degraus da escala de produção.
Resumindo, os pequenos produtores aumentaram proporcionalmente mais a produção do que em número. Programas de governo, créditos subsidiados, lucratividade da atividade e outros fatores possibiltaram isso.
José Pedro Gómez Fiho

VALENÇA - RIO DE JANEIRO - PRODUÇÃO DE LEITE
EM 02/07/2006
Quando, pela instabilidade do preço do leite, a margem de lucro se torna negativa, o que ocorre com uma freqüência desanimadora na atividade, uma produção elevada em relação à realidade econômica do produtor pode significar uma rápida ruptura da viabilidade da produção.
Aumentos de produção sempre interessam aos compradores de leite, e os artigos das revistas especializadas, quase sempre publicadas por compradores de leite, indicam nesta direção. Quanto ao produtor de leite, este deve tomar cuidado com o aumento desproporcional à sua capacidade de sobreviver em tempos difíceis.
Paulo Fernando Andrade Corrêa da Silva
Presidente da APLISI

CUNHA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
EM 30/06/2006
Venho assistindo há mais de uma década mudanças constantes na pecuária leiteira na região do Vale do Paraíba-SP. Costumo dizer que a vocação do produtor rural local é produzir leite, são propriedades pequenas, relevo íngreme e solo não muito fértil. Porém, o principal motivo que ainda estimula os pequenos produtores é que o resultado da produção (entenda-se leite) é retirado na sua porta.
Nenhum outro produto tem essa regalia na região, falou-se muito em gado de corte, mas é difícil conseguir vender uma boiada a um preço razoável, tem de ser carga fechada, isso e aquilo... Fala-se também em plantar eucalipto, mas quem quer plantar em 5 alqueires? E em 1 alqueire?
Outro alento ao pequeno produtor é a remuneração mensal ou quinzenal, o que facilita o fluxo de caixa. Esses lutadores ainda resistem mais por falta de opção.