Como evoluir a qualidade do leite com apenas alguns ajustes de manejo

O leite é um dos alimentos mais consumidos mundialmente devido aos seus componentes nutricionais e econômicos. Porém, é um alimento perecível e que merece alguns cuidados desde a ordenha até a o produto final.

Mas, falando do sistema de produção, nos últimos anos, as normativas como a IN 76 e IN 77 que visam tornar o leite um produto de qualidade, foram atualizadas.

Atualmente, os laticínios vem exigindo cada vez mais que o leite atenda aos padrões exigidos pelas normativas, mas muitos produtores não compreendem que qualidade do leite pode ser alcançada com apenas alguns ajustes simples de manejo.

Os programas de boas práticas agropecuárias, conhecidas de BPAs, consistem em orientações de procedimentos a serem seguidos para uma melhor produção de leite, livre de contaminantes e dentro dos padrões. Essas orientações vão desde o alinhamento da ordenha até o armazenamento do leite cru.
 

Como se produz leite de qualidade?

Seguem algumas dicas de manejo:

Para reduzir os valores de CPP – Contagem Padrão em Placas, as práticas de manejos adequados são:

• Equipamentos de ordenha: realizar a higienização e sanitização dos utensílios e equipamentos após a ordenha, lembrando de utilizar os detergentes alcalinos ao menos duas vezes na semana;
   
• Higienização dos tetos antes e pós ordenha (pré-dipping e pós-dipping): utilizar um iodo ou solução preparada com cloro para que seja feito a limpeza completa e posteriormente realizar a secagem dos mesmos. Uma dica importante, seria que quando bem higienizado cada teto é possível utilizar apenas 1 folha de papel toalha por vaca, sendo que cada ponta é direcionada para limpar um teto;
   
• Resfriamento imediato do leite após a ordenha: esse procedimento é muito importante, principalmente porque o leite se contamina muito fácil em contato com ambiente por ainda estar quente tornando propicio ao crescimento de bactérias. O ideal é que o leite seja refrigerado durante 2 horas e sua temperatura atinja 4ºC;
   
• Limpeza e manutenção do Tanque: durante o armazenamento do leite é preciso avaliar se o processo de resfriamento está sendo realizado corretamente, ativando o agitador no tempo correto (varia de fabricante) e após a entrega do produto é necessário que realize a higienização e sanitização do tanque por completo (dentro e fora).

Para os controles de CCS – contagem de células somáticas são necessárias algumas observações durante o manejo de ordenha:

• Realizar o teste da caneca de fundo escuro: ideal é realizar antes da ordenha, direcionando os 3 primeiros jatos de leite em uma caneca de fundo escuro, no qual é observado se existe alteração no leite. Essa alteração pode evidenciar uma mastite clínica.
   
• Outro indicador de mastite clínica seria a identificação de edemas no úbere (inchaço, vermelhidão na região).
   
• Ideal realizar o teste de CMT para diagnosticar os problemas de mastite subclínica que por sua vez, não apresenta sinais visíveis como a mastite clínica. Na Figura 1 é possível entender como se interpreta o resultado do teste de CMT.
   
• Outra maneira de identificar o aumento de CCS causado pela mastite subclínica é através dos testes de CCS individuais ou coletivos através de análise das amostras de leites.

Figura 1. Interpretação do teste de CMT.

Fonte: Embrapa, 2015.

Para que haja um controle eficiente do aumento de CCS são necessárias algumas atitudes, como:

• Realizar linha de ordenha, ou seja, colocar os animais positivos para mastite para serem ordenhados por último, principalmente as vacas positivas para mastite subclínica que são contagiosas;
   
• Manter um controle de anotações sobre todos os animais que são recorrentes na manifestação da mastite;
   
• Tratar as vacas positivas com medicamentos corretos, recomendado por médico veterinário, além de identificar o período de carência quando for utilizado antibióticos.
   
• Além disso, vale ressaltar que os cuidados mencionados para o controle de CPP são também de forma indireta importantes para redução de CCS do rebanho.
   
• Utilização de pós-dipping: Após a ordenha é importante realizar a utilização do selante (iodo) para evitar o acesso das bactérias no canal mamário, pois logo que a ordenha é finalizada o teto permanece com esfíncter aberto por 30 minutos. Também é importante utilizar a estratégia de ofertar volumoso no cocho pós-ordenha para que os animais se mantenham em pé o tempo suficiente.

Sendo assim, com pequenos ajustes e mais atenção durante o manejo com as vacas é possível observar o comportamento, avaliações visuais tanto do animal quando do leite produzido validando se existe algo errado e buscar uma solução rápida e eficiente antes que a situação possa se agravar.
 

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Referências:

KOZERSKI, N. D., et al. Aspectos que influenciam a qualidade do leite. Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - Campo Grande, 2007.

OLIVEIRA, V. M., et al. Como identificar a vaca com mastite em sua propriedade. EMBRAPA – Brasília - DF, 2015.

SANDOVAL, V. L., et al. Qualidade do leite: sua influência no processamento, requisitos obrigatórios e sua importância para o produto final. REVISTA GETEC, v.10, n.28, p.41-49, 2021.