Após a quebra da vedação, a silagem da face frontal do silo que não é rapidamente removida permanece exposta ao ar. O ingresso do O2 na face do silo será influenciado pela compactação alcançada durante a fase de abastecimento. Portanto, nas regiões mais porosas da massa (áreas periféricas) os riscos de deterioração aeróbia aumentam.
O quanto a face do silo é exposta se torna um ponto fundamental e, por este motivo, é indispensável assegurar uma velocidade de avanço do painel que possa reduzir o fenômeno de deterioração. Se a progressão do painel for de 1 m/semana, toda a silagem estará exposta ao oxigênio por uma semana. Porém, os riscos de deterioração podem ser reduzidos drasticamente se o avanço for de 2 m/semana (Borreani et al., 2005), principalmente quando as temperaturas ambientais estiverem elevadas pelo favorecimento no desenvolvimento de microrganismos, como os fungos.
Em determinadas situações, o reduzido avanço do painel não está relacionado com as dimensões estruturais do silo, mas a excessiva acomodação da massa acima das paredes, o que traz problemas durante a compactação das áreas periféricas, além de pré-dispor a deterioração aeróbia.
Desse modo, está reportado na Figura 1 o exemplo de uma fazenda que utiliza cerca de 3500 kg de silagem/dia e abastece o silo (9 m de largura) até os quatro metros de altura, conseguindo avanço diário médio de 14,6 cm. Tal avanço, conforme comentado anteriormente, se torna crítico para uma propriedade que não deseja ter silagem deteriorada na alimentação dos animais.
Neste caso, seria suficiente abastecer o silo até 2,4 m (altura das paredes) e destinar a parte restante a um silo do tipo superfície, devidamente dimensionado e compactado. Assim, resultaria num avanço de 23,1 cm/dia para o silo trincheira e 43,6 cm/dia para o silo superfície de mesma largura, como claramente ilustrado na Figura 1.
Figura 1 - Avanço do painel de um silo trincheira abastecido além das paredes de contenção; simulação do abastecimento do mesmo silo (entre as paredes) e a confecção de um silo superfície com a parte excedente de forragem
Literatura consultada
BERNARDES, T.F.; SIQUEIRA, G.R.; REIS, R.A. Importância do planejamento na produção e uso da silagem. In: 5º Simpósio de Forragicultura e pastagens: Temas em evidência. 5 ed. Lavras: UFLA, 2005. p. 121-176.
BORREANI, G.; TABACCO, E.; BERNARDES, T.F. Come dimensionare corretamente la trincea. Professione Allevatore, v. 22, p. 18-21, 2005.