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Saúde uterina e sua influência na fertilidade do rebanho

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EM 06/08/2018

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O principal objetivo dos manejos reprodutivos adotados nas propriedades é ter o máximo de vacas prenhes após o período de espera voluntária, ou seja, respeitar pelo menos o período de involução uterina. Neste manejo, deve ser acompanhada a involução uterina e, para que a vaca entre em reprodução, este processo deve estar completo. Caso sejam realizados tratamentos, o período de resposta aos mesmos deve ser aguardado, já que são utilizados para que haja controle do processo inflamatório que está prejudicando o útero, reforçando a defesa e reparação do órgão (SHELDON et al., 2006). As doenças uterinas comumente verificadas no período pós-parto são as seguintes:

Retenção de placenta

Definida como falha da expulsão dos anexos fetais em até 12 horas após o parto. Geralmente, a retenção de placenta pode acontecer em 5 a 10% das vacas leiteiras. As vacas que apresentam esta condição são mais propensas a apresentar metrite.

Metrite

Infecção bacteriana uterina que ocorre de 7 a 10 dias após o parto que está presente em 40% das vacas leiteiras (SHELDON et al., 2009). Os sinais clínicos apresentados pelas vacas em quadros de metrite são: descarga vaginal de conteúdo fétido de coloração marrom avermelhada, febre, redução da produção leiteira, inapetência, anorexia e desidratação. Embora muitas vacas eliminem os patógenos em, aproximadamente, cinco semanas após o parto, ao menos 20% das mesmas não são eficientes em suportar a infecção e desenvolvem metrite. Estimativas sugerem que, em média, a ocorrência de metrite aumenta em 7 dias o tempo para a primeira inseminação, reduz em 20% a concepção na primeira inseminação e aumenta os dias em aberto para 19 dias (Fourichon, 2000).

Figura 1. Diagnóstico de metrite ou endometrite clínica pelo uso de Metricheck® para avaliação da presença de conteúdo purulento.

Endometrite (clínica e subclínica)

A endometrite clínica caracteriza-se como a inflamação da camada endometrial do útero a partir do 21º dia pós-parto (SHELDON et al., 2006), com apresentação de conteúdo purulento que pode ser classificado em graus:

0) Muco vaginal limpo, translúcido sem presença de pus;
1) Muco vaginal contendo estrias de pus;
2) Conteúdo purulento com menos de 50% de pus;
3) 50% ou mais de conteúdo purulento (podem aparecer estrias de sangue).

Figura 2. Grau de conteúdo purulento em casos de endometrite (Fonte: SHELDON et al., 2009).

Geralmente, a endometrite não acarreta sinais clínicos sistêmicos. A endometrite também pode estar presente em sua forma subclínica, em que não demonstra sinais clínicos de doença uterina, porém, acarreta redução da eficiência reprodutiva. A detecção de endometrite subclínica pode ser realizada por meio da realização do citobrush onde se confirma a presença de neutrófilos polimorfonucleares que excedem entre 5,5 e 10% das células (SHELDON et al., 2009). 

Infecções que duram mais do que 3 semanas se tornam endometrites em 15% a 20% das vacas.  Estudos demonstram que esta enfermidade aumenta em média os dias em aberto em 15 dias, além de reduzir em 31% a chance de vacas com 150 dias em lactação estarem prenhes. Além disso, mesmo vacas que foram tratadas para endometrite clínica e foram curadas, tiveram uma redução de 20% na taxa de concepção em relação a vacas que não apresentaram a doença (SHELDON et al., 2009).

Piometra

A piometra é responsável por 2% a 5% dos casos clínicos de doenças uterinas em vacas. A categoria que mais possui risco de manifestar esta enfermidade é a de vacas em período pós-parto, que não se recuperaram de uma infecção e ovulam em um curto intervalo de tempo. Caso a infecção atue no endométrio, ocorre uma inibição da produção de prostaglandina e uma persistência do corpo lúteo. Assim, a progesterona age de forma a fazer com que a cérvix permaneça fechada e o conteúdo purulento presente do útero acumula-se (KARSTRUP et al., 2017) Desta forma, pela ultrassonografia, percebe-se o útero com distensão, presença de corpo lúteo e conteúdo fluido no lúmen do órgão.

A função uterina pode ser comprometida devido à infecção ocasionada por bactérias que contaminam o trato reprodutivo durante o parto ou nos dias posteriores ao mesmo, talvez devido aos efeitos imunossupressores causados pela progesterona em altas concentrações. Alguns fatos podem aumentar o risco da infecção, como o parto de gêmeos, retenção de anexos fetais, natimortos e manipulações no momento do parto. Além disso, a condição da vaca ao entrar no período pós-parto exerce uma grande influência na fertilidade.

Durante o período de transição (3 semanas pré-parto e 3 semanas pós-parto), as vacas leiteiras estão sob influência do estresse da parição, início da lactação, baixo consumo de matéria-seca e balanço negativo de energia e proteína (WALSH; WILLIAMS; EVANS, 2011). Este período de transição é considerado um desafio às vacas leiteiras, já que todos estes fatores acarretam depressão do sistema imune (LEBLANC, 2008), e tem sido associado com a ocorrência de doenças, redução da produção leiteira e comprometimento da fertilidade.

Uma das doenças mais comumente vistas neste período é a hipocalcemia, mais conhecida como febre do leite. Esta doença pode aparecer tanto em sua forma clínica (conhecida como síndrome da vaca caída ou febre do leite) quanto subclínica. A ocorrência de hipocalcemia subclínica no pós-parto tem sido associada com a ocorrência de distocias, deslocamento de abomaso, prolapsos uterinos e retenção de placenta (MARTINEZ et al., 2014), que são classificados como fatores de risco para o estabelecimento de doenças uterinas em vacas leiteiras (SHELDON; DOBSON, 2004). Além disso,  a hipocalcemia exerce influência no retorno das funções ovarianas durante o período de espera voluntária e reduz taxa de prenhez no primeiro serviço (CAIXETA et al., 2017).

É muito claro que a fertilidade em propriedades leiteiras pode ser influenciada por diversos fatores. A falta de manejo nutricional adequado no período pré-parto e início do pós-parto pode acarretar em doenças metabólicas, como a hipocalcemia, que está fortemente relacionada com a ocorrência de doenças reprodutivas. As doenças uterinas, especificadamente, afetam o desempenho reprodutivo e consequentemente produtivo do rebanho, resultando em menor retorno econômico da propriedade.

O estabelecimento de programas de prevenção e de controle para redução da incidência das doenças uterinas abrangem diversos fatores:

1) adequado manejo nutricional e alimentar durante o período de transição;
2) climatização para mitigar os efeitos do estresse térmico;
3) manutenção e limpeza das instalações para otimizar o conforto e reduzir a chance de infecções;
4) Programas de identificação, acompanhamento e tratamento em caso de ocorrência de doenças predisponentes de endometrite, como: hipocalcemia e retenção de placenta.

Portanto, reduzir a incidência de doenças e otimizar o desempenho reprodutivo e produtivo do rebanho é uma tarefa que envolve diversos setores da fazenda, necessitando a identificação de fatores de riscos e de causa raiz dos problemas em cada um deles. Como exemplo, ao identificar as causas raízes de doenças reprodutivas relacionadas aos setores de alimentação e manejo, instalações, diagnósticos do doenças e fatores de riscos do pós-parto, técnicos, dono e funcionários podem elaborar planos de ações em curto, médio e longo prazo que possam minimizar as principais causas de doenças reprodutivas e otimizar o desempenho reprodutivo, produtivo e econômico da fazenda.

Referências bibliográficas

CAIXETA, L. S.; OSPINA, P. A.; CAPEL, M. B.; NYDAM, D. V. Association between subclinical hypocalcemia in the first 3 days of lactation and reproductive performance of dairy cows. Theriogenology, v. 94, p. 1–7, 2017.

FOURICHON, C. SEEGERS, H. , MALHER,X.  Effect of disease on reproduction in the dairy cow: a meta-analysis. Theriogenology, 53 (2000), pp. 1729-1759.

KARSTRUP, C. C.; PEDERSEN, H. G.; JENSEN, T. K.; AGERHOLM, J. S. Bacterial invasion of the uterus and oviducts in bovine pyometra. Theriogenology, v. 93, p. 93–98, 15 abr. 2017.

LEBLANC, S. J. Postpartum uterine disease and dairy herd reproductive performance: A review. Veterinary Journal, v. 176, n. 1, p. 102–114, 2008.

LEWIS, G.S. Uterine Health and Disorders. Journal of Dairy Science.1997. Volume 80,páginas 984–994.

MARTINEZ, N.; SINEDINO, L. D. P.; BISINOTTO, R. S.; RIBEIRO, E. S.; GOMES, G. C.; LIMA, F. S.; GRECO, L. F.; RISCO, C. A.; GALVÃO, K. N.; TAYLOR-RODRIGUEZ, D.; DRIVER, J. P.; THATCHER, W. W.; SANTOS, J. E. P. Effect of induced subclinical hypocalcemia on physiological responses and neutrophil function in dairy cows. Journal of Dairy Science, v. 97, n. 2, p. 874–887, 2014.

SHELDON, I.M. AND DOBSON, H. Postpartum uterine health in cattle. Animal Reproduction Science 82–83 (2004) 295–306.

SHELDON, I.M. CRONIN,J. GOETZE,L. DONOFRIO,G.SCHUBERTH,H.J. Defining postpartum uterine disease and the mechanisms of infection and immunity in the female reproductive tract in cattle. Biol. Reprod., 81 (2009), pp. 1025-1032.

SHELDON, I. M.; LEWIS, G. S.; LEBLANC, S.; GILBERT, R. O. Defining postpartum uterine disease in cattle. Theriogenology, v. 65, n. 8, p. 1516–1530, 1 maio 2006.

THATCHER,W. W. A 100-Year Review: Historical development of female reproductive physiology in dairy cattle. J. Dairy Sci. 2017.100:10272–10291.

WALSH, S. W.; WILLIAMS, E. J.; EVANS, A. C. O. A review of the causes of poor fertility in high milk producing dairy cows. Animal Reproduction Science, v. 123, n. 3–4, p. 127–138, 1 fev. 2011.

GRUPO APOIAR

O "Grupo Apoiar" foi criado com o objetivo de auxiliar no desenvolvimento da pecuária leiteira, através de trabalhos de pesquisa e de consultoria em diversos segmentos da cadeia agroindustrial do leite.

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