Cipionato de estradiol (ECP) é um estradiol de longa ação, freqüentemente utilizado para tratar problemas uterinos no início do pós-parto de vacas leiteiras.
Como já citado em radar anterior, "Efeito do cipionato de estradiol no pós-parto de vacas leiteiras", existem evidências que sugerem que o tratamento com ECP pode inibir o desenvolvimento folicular pós-parto e atrasar a primeira ovulação.
Continuando os estudos com ECP no pós-parto, já citados em radar anterior, o grupo do Prof. Milo Wiltbank, Universidade de Wisconsin, (Estradiol cypionate in postpartum dairy cattle: effect on reproduction and milk production, J. Dairy Sci., vol. 85, suppl. 1/2002, pg. 266, nº 1064) apresentou um estudo realizado em fazenda comercial com 1200 vacas, delineado para avaliar o efeito da administração de ECP no início do pós-parto na ciclicidade (presença ou ausência de corpo lúteo) entre 30 e 40 dias pós-parto, eficiência reprodutiva e produção de leite.
Vacas holandesas foram divididas por ordem, primíparas (n=159) e multíparas (n=97) e então aleatoriamente receberam tratamentos com 0, 4, ou 10 mg de ECP, entre os dias 5 a 8 pós-parto.
A ciclicidade foi determinada através de dois exames ultrasonográficos, sendo o primeiro entre 30 e 33 dias pós-parto e o segundo sete dias depois.
Dados individuais de reprodução e produção diária de leite entre 10 e 90 dias pós-parto foram avaliados.
O tratamento com ECP não apresentou efeito na porcentagem de primíparas em fase anovulatória (média geral de 18,3%) aos 40 dias pós-parto. Entretanto, maior porcentagem de vacas multíparas tratadas com 10 mg de ECP estavam em fase anovulatória (48%) aos 40 dias pós-parto, quando comparadas ao grupo controle, 0 mg (13%) e 4 mg (26%).
O número de dias para a primeira inseminação e o intervalo parto concepção não foram diferentes entre os tratamentos.
A produção de leite nas primíparas do grupo controle foi 4,2% e 4,5% maior que nos grupos 4 e 10 mg, respectivamente.
Vacas multíparas tratadas com 4 mg de ECP tiveram produção de leite 10,1% e 4,3% maior quando comparadas com os grupos 0 e 10 mg, respectivamente, e vacas tratadas com 10 mg tiveram produção maior em 4,1% em comparação ao grupo controle.
De acordo com os dados apresentados, pode-se concluir que, em primíparas, ciclicidade, dias para a primeira IA e período de serviço não foram influenciados pelo tratamento com ECP, porém, o ECP aumentou a porcentagem de vacas em estado anovulatório aos 40 dias pós-parto.
O interessante é que o tratamento com ECP no puerpério, entre 5 e 8 dias, apresentou diferentes respostas em produção de leite, sendo negativo em primíparas e positivo nas multíparas.