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A importância do período seco no controle de mastite

POR MARCOS VEIGA SANTOS

MARCOS VEIGA DOS SANTOS

EM 18/05/2001

4 MIN DE LEITURA

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O período seco pode ser entendido como uma fase bastante crítica do ciclo de lactação da vaca leiteira, em especial quanto ao controle de mastite, pois este é o momento em que ocorrem grandes alterações na glândula mamária, o que resulta em maior susceptibilidade do animal à ocorrência de novas infecções intramamárias. Este período tem uma função importante na regeneração do tecido mamário para próxima lactação logo após o parto.

Caracteristicamente, o momento da secagem é, também, o momento mais adequado para a eliminação daquelas infecções subclínicas existentes, as quais não são de tratamento recomendado durante a lactação, pois a taxa de cura é muito baixa e há a necessidade de descartar o leite com resíduos de antibióticos, o que geral altos custo desta modalidade de tratamento. Sendo assim, podemos facilmente concluir que as estratégias de manejo na secagem, e mesmo durante o período seco, são de elevada importância no controle de mastite de rebanhos leiteiros. Vale a pena destacar que o objetivo principal do controle de mastite no período seco é ter vacas que, no momento do parto, apresentam menor número de casos de mastite que aqueles existentes na secagem.

Vejamos, então, como os trabalhos de pesquisas e as experiências de campo podem auxiliar no controle da mastite durante o período seco. Para o entendimento mais racional, podemos dizer que o controle de mastite no período seco é realizado por duas vias: pela diminuição da exposição da extremidade do teto aos microrganismos patogênicos e pelo aumento da resistência do animal ao ataque dos microrganismos que já ultrapassaram a barreira do teto. Estas duas estratégias podem ser utilizadas independentemente se estamos procurando controlar microrganismos contagiosos, ambientais ou mesmo os estafilococos coagulase-negativa (ECN).

O tratamento de vaca seca, também conhecido como terapia da vaca seca, é a estratégia mais importante e eficaz para o controle de agentes contagiosos durante o período seco. Este procedimento é realizado pela infusão intramamária de antibióticos específico em cada quarto do úbere após a última ordenha. Os resultados de pesquisa demonstram de forma unânime que o risco de novas infecções intramamárias por agentes contagiosos aumenta muito durante as duas primeiras semanas após a secagem. Desta forma, a ação do tratamento de vaca seca é de tanto eliminar os casos de mastite subclínica existentes, quanto de proteger os quartos após a secagem nestas duas semanas, que são bastante críticas quanto a ocorrência de novas infecções. O benefício direto desta medida é o aumento da taxa de cura em relação aos tratamentos durante a lactação, assim como o menor custo, pois não há a necessidade de descarte do leite com resíduos de antibióticos, sendo mínimo o risco destes resíduos no leite após o parto, desde que seja observado o período mínimo de duração do período seco, por volta de 60 dias.

Diferentemente do padrão de ocorrência apresentado por agentes contagiosos durante o período seco, os agentes ambientais são desafios constantes para a glândula mamária durante todo o período seco. Este fato é especialmente verdadeiro para os animais que são alojados em condições de ambiente inadequado, como altas temperaturas e umidade, acúmulo de lama, barro e esterco, falta de sombra e conforto para os animais secos. É importante lembrar ainda que a glândula mamária apresenta uma queda de resistência durante as duas semanas após a secagem e as três semanas após o parto, o que aumenta ainda mais o risco de novas infecções causadas por agentes ambientais, como os coliformes, resultando em aumento do número de casos clínicos de mastite após parto. Para exemplificar este fato, alguns trabalhos de pesquisa apontam que a taxa de novas infecções por coliformes é de cerca de 4 a 5 vezes maior no período seco que durante a lactação.

De forma diferente dos agentes contagiosos, o tratamento de vaca seca é, de forma geral, pouco eficaz no controle de agentes ambientais durante o período seco, ainda que esta estratégia de manejo possa reduzir as novas infecções causadas por estreptococos ambientais nas duas semanas após a secagem. No entanto, o uso do tratamento de vaca seca é de pequeno valor na prevenção de novos casos de mastite que ocorrem nas duas semanas antes do parto, e adicionalmente, a maioria dos produtos para o tratamento de vaca seca apresenta pouca ação contra coliformes.

Portanto, o controle dos agentes ambientais, em especial dos coliformes, durante do período seco apresenta-se como um grande desafio, uma vez que o tratamento de vaca seca não tem ação direta sobre este grupo de microrganismos. As principais alternativas para o controle dos agentes ambientais durante o período seco passam pela melhoria do conforto dos animais e das condições do ambiente, em especial para as vacas nas semanas antes do parto. Sabemos, no entanto, que estas medidas são em geral de difícil implementação, mas justificam-se pelos altos custos dos casos clínicos de mastite ambiental e pelos riscos a saúde do animais, podendo, em casos mais graves, levar o animal à morte.

Figura 1. Controle do ambiente é fundamental na prevenção da mastite ambiental durante o período seco


Medidas adicionais que afetam a capacidade de resposta imunológica do animal também merecem atenção, tais como: a adequada nutrição, particularmente em relação aos micronutrientes como selênio, vitamina E, vitamina A, zinco e cobre, e o uso de vacinação contra mastite ambiental. A utilização da vacinação contra coliformes tem como principal vantagem a redução da severidade dos sintomas dos casos clínicos de mastite, ainda que a sua função não seja propriamente de reduzir a ocorrência de novas infecções. Finalizando, novas estratégias para controle de mastite durante o período seco têm sido exaustivamente estudadas, como o uso de desinfetante tipo barreira física (selantes de tetos), cujo assunto abordaremos no próximo radar.

Fonte: Pacific Congress on MilkQuality, Japão, p. 329-333, 2000

MARCOS VEIGA SANTOS

Professor Associado da FMVZ-USP

Qualileite/FMVZ-USP
Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite
Endereço: Rua Duque de Caxias Norte, 225
Departamento de Nutrição e Produção Animal-VNP
Pirassununga-SP 13635-900
19 3565 4260

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