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Efeito da fonte de proteína degradável no rúmen na produção e metabolismo ruminal de vacas em lactação

POR JUNIO CESAR MARTINEZ

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 13/07/2009

3 MIN DE LEITURA

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Atualizado em 27/10/2022

O rúmen da vaca é o principal compartimento do aparelho digestivo. Nele é sintetizada a proteína microbiana, que junto com a proteína não degradável no rúmen e a proteína endógena, contribui para o suprimento de aminoácidos metabolizáveis para o intestino delgado. Neste suprimento, a proteína microbiana é a mais importante fonte de aminoácidos para a vaca. Um dos principais sistemas de formulação de ração para vacas de leite, o NRC, assume que a proteína degradável no rúmen de fontes não protéicas, assim como a uréia, são tão efetivas quanto as fontes de proteína verdadeira, como o farelo de soja, para a formação de proteína microbiana. Fatalmente, essa é uma grande vantagem dos ruminantes. Mas, neste texto, veremos que isso pode não ser exatamente assim em muitos casos.

Embora a uréia seja muito importante na nutrição de ruminantes, alguns cuidados são necessários. A uréia nunca poderá substituir completamente uma fonte de proteína verdadeira; e, a vaca sempre responderá pelo menos 10% melhor quando fonte de proteína verdadeira é oferecida, em comparação a fontes de nitrogênio não protéico. Então, é importante saber quanto de uréia (fonte de nitrogênio não protéico) e quanto de farelo de soja (fonte de proteína verdadeira) se deve usar em dietas para vacas em lactação.

Neste sentido, um estudo interessante foi publicado na mais importante revista científica voltada para gado de leite, a revista Journal of Dairy Science. Os pesquisadores formularam dietas com diferentes níveis de uréia, estudo este que apresentarei a vocês. Na Tabela 1 estão apresentadas as dietas estudadas. Foram utilizadas 12 vacas holandesas, com aproximadamente 46 dias em lactação, produzindo em média 40 kg de leite/dia e pesando em média 634 kg de Peso vivo para o ensaio metabólico. Para o ensaio de desempenho foram utilizadas mais 16 vacas também holandesas, com 39 dias em lactação, produzindo 39 kg/leite/dia e pesando 589 kg/PV. Basicamente os pesquisadores se limitaram a incluir uréia e diminuir proteína verdadeira na dieta destes animais.

Tabela 1. Composição das dietas.



Vários efeitos foram observados neste estudo com níveis de uréia e farelo de soja. Conforme apresentado na Tabela 2, foi detectada redução linear no consumo de alimento, ganho de peso, produção de leite, produção de leite corrigido para gordura, produções de gordura, proteína verdadeira e lactose. Por outro lado, aumentou linearmente a concentração de uréia no leite e no plasma sanguíneo das vacas. Muito desta depressão na produção de leite e de seus componentes, com o aumento da quantidade de uréia na dieta, pode ser atribuído ao menor consumo de alimento, conforme pode ser observado na Tabela 2.

Na Tabela 3 estão apresentados alguns parâmetros metabólicos deste estudo. Pode-se verificar que o pH não foi afetado, mas por outro lado, aumentou as concentrações de amônia e diminuiu a produção de proteína microbiana, e consequentemente, o fluxo de nitrogênio para ao trato digestivo.

Tabela 2. Efeito da fonte de proteína degradável no rúmen na produção de leite, excreção e digestibilidade aparente.



Tabela 3. Avaliações de parâmetros metabólicos.



Considerações finais

Este estudo mostra que as fontes de nitrogênio não protéico, mais especificamente a uréia, é um ingrediente de grande interesse na alimentação de vacas leiteiras, mas que o seu uso, principalmente em altas concentrações na dieta, pode incorrer em queda do desempenho. Assim, substituir parte de uma fonte de proteína verdadeira por uréia poderá diminuir o consumo de alimento, a produção de leite e de seus componentes, poderá afetar o ganho de peso, as excreções de nitrogênio para o meio ambiente e as concentrações de nitrogênio na forma de uréia no leite e no plasma sanguíneo dos animais, bem como o fluxo de aminoácidos essenciais e não essenciais para o intestino.

Em outras palavras, a utilização de altas concentrações de uréia diminui a formação de proteína microbiana no rúmen. Como a uréia tem preço mais atrativo do que fontes de proteína verdadeira, a estratégia é balancear a dieta com quantidade de uréia suficiente para baratear o custo da ração, mas que não atinja concentrações que poderá vir a causar severa diminuição no desempenho animal.

Fonte:

BRODERICK, G.A., REYNAL, S.M. Effect of source of rumen-degraded protein on production and ruminal metabolism in lactating dairy cows. J. Dairy Sci. 92:2822-2834, 2009.

JUNIO CESAR MARTINEZ

Doutor em Ciência Animal e Pastagens (ESALQ), Pós-Doutor pela UNESP e Universidade da California-EUA. Professor da UNEMAT.

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TANGARÁ DA SERRA - MATO GROSSO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 16/09/2009

Prezado Renato,

Quando li seu questionamento, embora tenha uma opinião a respeito, resolvi consultar o artigo que usei do Dr. Broderick, o qual conheço pessoalmente e sei que não cometeria um equivoco assim, dada a experiência que ele tem. Na verdade, voltei ao artigo para pegar o e-mail do Broderick e te responder com as considerações do autor. Mas, antes de fazer isso, claro que teria que verificar as informações que passei aos meus leitores.

Assim, devo desculpas a você e aos demais leitores. Eu copiei o artigo da internet com o famoso "control C/control V" e joguei no bloco de notas, e possivelmente algumas vírgulas devem ter sido suprimidas, pois quando escrevi esse artigo estava sem o meu computador e usava o PC de uma lanhouse que não tinha como visualizar o arquivo em word ou PDF.

Portanto, os dados corretos são: 12 vacas multíparas com 2,8 partos em média, 66 dias de lactação (+/- 9), 46 kg de leite/dia e 634 kg de Peso vivo. E, 16 vacas primíparas, com 119 dias de lactação (+/- 25), 39 kg de leite/dia e 589 kg de Peso vivo. Os animais foram blocados em quadralo latino e em cada lote tinha um quadrado latino de vacas canuladas no rúmen.

Deram efeito estatístico para: Consumo de matéria seca, produção de leite e produção de leite corrigida, produção de proteína verdadeira no leite, produção de lactose, de sólidos não gordurosos, concentrações de amônia no leite, no sangue e na urina, matéria seca fecal e N nas fezes, digestibilidade aparente da FDN e do Nitrogênio, concentração de amônia, isovalerato e ácidos graxos de cadeira ramificada no rúmen, no fluxo omasal de matéria seca, FDN e FDA, no fluxo omasal de N-verdadeiro, PNDR e proteína microbiana.
RENATO PALMA NOGUEIRA

CASA BRANCA - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 02/09/2009

Prezado Junio Cesar, gostaria de fazer um comentário sobre o trabalho.Para mim ele tem um erro fundamental para um estudo de utilizacao de NNP.As vacas utilizadas no experimento se encontravam em balanço energetico negativo(Del = 46 dias para o estubo de metabolismo e 39 dias para o estudo de desempenho) .A mobilizacao de gordura(NEFA), gliconeogenese hepática de aminoaciodos(+ amônia), déficit de metionina podem estar de alguma maneira afetando a interpretacao isolada do experimento. Como rotineiramente lançamos mão de NNP ou maiores niveis de NNP em vacas de DEL maior que 100 dias( no pico de consumo e não no pico de produção) o trabalho se tivesse um DEL medio de 100 dias ou mais talvez fosse diferente. O que acha? Concordo com o que foi escrito pelo senhor(1,3% de ureia é realmente um exagero) mais acho o nível de 0,8% de ureia na MS baixo e muito seguro e acho que dificilmente ele afetaria negativamente a produção de leite corrigida para 3,5% de gordura em 1,6 kg de leite em vacas depois do pico de produção na nossa realidade.Gostaria de saber tambem quais dos parâmetros apresentaram diferenças significativas.Vale outra observação, 15% da dieta do experimento é silagem de alfafa, que possui 54% do N na forma de NNP, na nossa realidade onde a base do volumoso na seca é silagem de milho ou cana-de-açucar podemos esperar melhores resultados com o NNP nos níveis trabalhados pelo Dr. Broderick pois nossa participação de proteína verdadeira na dieta é bem maior para fecharmos os mesmos níveis de proteína bruta(não raro, me deparo com dietas que pedem 5 kg de farelo de soja para fechar a proteína metabolizavel pelo NRC 2001). Confesso que fico desconfortável de ter de colocar para um ruminante 5 kg de farelo de soja em sua dieta,mesmo que sejam vacas de altíssimas produções e ciente do resultado positivo financeiro desta dieta. Infelizmente acho qu o maior diferencial de fazer dieta no Brasil e nos USA para o nutricionista é que quase não temos opções de ingredientes para trabalhar.Tirando farelo de soja e uréia no campo o que é fácil de achar e de maneira consistente ao longo dos meses no Brasil?
Grande abraço e parabéns pelo tema
att
Renato Nogueira
JUNIO CESAR MARTINEZ

TANGARÁ DA SERRA - MATO GROSSO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 31/08/2009

Prezado Michael.
Os teores de proteína estão adequados, já os teores de gordura que estão um pouco baixo, para todos os tratamentos estudados.
MICHAEL WARKENTIN

PALMEIRA - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 10/08/2009

Artigo interessante, contudo como o Sr. explicaria a alta inversão gordura:proteína?
JUNIO CESAR MARTINEZ

TANGARÁ DA SERRA - MATO GROSSO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 29/07/2009

Prezado Ivar.
O mais tradicional, usado a muito tempo pelos pecuaristas, é o sulfato de amônio. Também, a recomendação mais simples é que deverá ser usado na proporção de 9:1, ou seja, nove partes de uréia e 1 parte de sulfato de amônio.
JUNIO CESAR MARTINEZ

TANGARÁ DA SERRA - MATO GROSSO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 29/07/2009

Prezado Marco.
O estudo com uréia de liberação controlada, ou liberação lenta, na pecuária nacional, ainda é um pouco incipiente. Eu gostaria de esperar mais algumas semanas para te responder essa pergunta, pois está em fase de conclusão um estudo de mestrado na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, exatamente estutando essa questão. Em breve teremos mais informações a respeito deste tema.
JUNIO CESAR MARTINEZ

TANGARÁ DA SERRA - MATO GROSSO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 29/07/2009

Prezado Felipe.
Infelizmente a resposta para a sua pergunta é, depende. Por exemplo, em uma dieta onde a fonte de proteína verdadeira é farelo de soja, a quantidade de uréia será uma. se mudarmos a fonte de proteína verdadeira para farelo de algodão, isso incorrerá na necessidade de diminuir a quantidade de uréia. Outro exemplo, se trocarmos milho da ração por refinasil ou farelo de trigo, a quantidade de uréia deverá ser diminuída consideravelmente. Assim, a conclusão que chegamos é que, para cada dieta, com seus ingredientes em particular, haverá uma proporção específica entre fonte de proteína verdadeira e quantidade de uréia máxima aceitável.
JUNIO CESAR MARTINEZ

TANGARÁ DA SERRA - MATO GROSSO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 29/07/2009

Prezado Sr. José Coutinho.
A utilização de 1% de uréia na cana não deprecia a produção de leite, com a vantagem de baratear custos. A quantidade de farelo de soja que o Sr. oferece é suficiente para fornecer esqueleto carbônico para a síntese microbiana. Fique tranquilo que sua dieta está muito boa.
IVAR FRANCISCO BIAVA

CHOPINZINHO - PARANÁ - REVENDA DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS

EM 22/07/2009

Quais as fontes de enxofre que podemos utilizar junto com a ureia e qual a porcentagem?
MARCO ANTONIO MACHADO VIEIRA

ITUVERAVA - SÃO PAULO

EM 22/07/2009

Professor, qual seria o efeito do uso de uma ureia de liberação lenta nesse processo, já que, nesse caso, utilizamos uma quantidade muito pequena de uréia (MN) para obtermos as mesmas quantidades de N na dieta, tendo assim menores teores de amônia na dieta?
FELIPE COELHO

CAMPO GRANDE - MATO GROSSO DO SUL - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO

EM 18/07/2009

Qual seria a proporção ideal do balanceamento entre as duas materias primas na sua opinião.

Obrigado pela atenção.

Felipe Coelho
JOSÉ COUTINHO NETO

MACAÉ - RIO DE JANEIRO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 17/07/2009

Prezado Junio Cesar,

Obrigado por ter nos brindado com este artigo, acrescentando um pouco de luz em nossa ignorância.
Gostaria de solicitar esclarecimento sobre se continuam verdadeiros estes números para o caso de girolandas com produção média de 17 litros/dia e uso de cana como volumoso com 1Kg de úreia para cada 100 Kg de cana mais fonte de enxofre; e como concentrado (23% farelo de soja + 74% fubazão + 3% sal mineralizado lactação) 1 Kg para cada 3 litros de leite acima de 6 litros.

Obrigado pela sua atenção.
Coutinho.

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