Pinkeye: opções de tratamento (parte 2)

A universidade de Davis na Califórnia (USA) pesquisou durante vários anos diferentes métodos para o tratamento do Pinkeye. Baseado nestes estudos foi publicado um guia prático com as opções que alcançaram os melhores resultados. As principais recomendações deste guia estão resumidas abaixo:

1. O primeiro passo é sempre utilizar luvas quando for tocar os olhos ou o focinho de um animal afetado. Estas áreas são seriamente contaminadas com a Moraxella bovis. Após o uso descarte as luvas.

2. Duas melhores opções de tratamento sugeridas:

- Tetraciclina de longa ação
dose: 20 mg/ Kg de peso vivo
via: intramuscular ou subcutânea
freqüência: duas aplicações (intervalo de 48 à 72 horas)

- Florfenicol
dose: 20 mg/ Kg de peso vivo
via: intramuscular
freqüência: duas aplicações (intervalo de 24 horas)

3. A injeção de Penicilina na esclera ocular foi outra opção de tratamento que também obteve bons resultados. Foram administrados 1 ml de Penicilina na esclera dos dois olhos, durante um período de três dias. Contudo, a administração exige treinamento e orientação de um veterinário. Não tente fazer este método sem o devido treinamento.

4. Todos os produtos do tipo spray irão permanecer nos olhos apenas alguns minutos, já que a lágrima irá retirar rapidamente todo o produto.

5. Foi utilizado durante muitos anos o tratamento com a dexamethasona. Pesquisas indicam que não há diferença na taxa de recuperação do Pinkeye com o uso deste medicamento.

6. Além das informações acima, o guia ainda recomenda que o produtor mantenha uma rigorosa anotação dos dados sobre tipo de tratamento utilizado e resultados obtidos. Discuta sempre estas informações com o Veterinário e avalie as opções de prevenção para o futuro, de acordo com os dados atuais.

7. O último item ressalta que quando o rebanho apresenta deficiência de cobre ou selênio o número de casos de Pinkeye é maior e, na maioria das vezes, mais severo. Recomenda-se avaliar o programa de mineralização do rebanho.


No Brasil, também existem publicações interessantes sobre o tratamento do Pinkeye, um bom exemplo é um estudo realizado com 63 animais de fazendas nas regiões Sul e Sudeste do país, os animais estavam naturalmente infectados com Pinkeye e sob boas condições de desafio.

Os casos de queratocunjuntivite infecciosa foram diagnosticados obedecendo aos seguintes parâmetros clínicos:

- Lacrimejamento excessivo
- Epífora (corrimento ou descarga ocular mucopurulenta)
- Conjuntivite
- Presença de úlcera corneal
- Perfuração da córnea
- Febre (TR > 39,5)

Os animais considerados positivos, de acordo com a avaliação clínica, foram tratados com oxitetraciclina de longa ação, na dosagem de 20 mg/ Kg, via intramuscular. O principal parâmetro para avaliação da resposta clínica ao tratamento foi a redução dos escores da lesão e a eliminação da febre. A tabela 1 mostra a interpretação dos escores de lesões oculares de animais acometidos com queratocunjuntivite infecciosa.

Tabela 1. Escores da lesão ocular em animais acometidos pela queratocunjuntivite infecciosa bovina.
 

Os casos clínicos de escore 2 desapareceram completamente 15 dias após o tratamento. Ao final do teste, 87% dos animais apresentaram olhos normais (escore 1) e 13% apresentaram ainda algum tipo de ulceração. Os casos de insucesso se devem ao fato de 17% dos animais iniciarem o teste com um estágio bastante avançado da doença, com sintomas que variavam de úlcera até perfuração de córnea.

A característica de longa ação do produto garante concentrações terapêuticas na bolsa conjuntival por 24 horas, mas dependendo do estágio da doença, pode ser necessária mais uma dose. Neste estudo uma única dose foi suficiente para cura de 51% dos casos, enquanto que 36% dos casos foram necessárias duas ou três doses.

Em última análise, as duas publicações abordadas acima mostram de forma clara boas opções de tratamento para o Pinkeye. Além disso, o critério de diagnóstico com o uso do escore pode contribuir para a avaliação do processo de resposta ao tratamento, bem como para acelerar o diagnóstico nos casos iniciais.

Figura 1. Novilha com inicio da lesão, mancha branca no centro da córnea.

Figura 2. Bezerra com um quadro severo de Pinkeye.

Fonte:

Brown, M.H. et al. Infectious bovine keratoconjunctivitis: A Review. Journal of Veterinary Internal Medicine, v.12, 1998.

Maas, J. Pinkeye Therapy. University of Califronia, Davis. On line. Disponível em: https://www.vetmed.ucdavis.edu/vetext/INF-BE_cca/INF-BE_cca02/INF-BE_cca0205.html. Acessado em 25/10/2007

Fernandes, D. Uso terapêutico de Terramicina® / LA contra conjuntivite (Queratoconjuntivite Infecciosa Bovina): resultados Brasil