A varíola bovina é uma doença caracterizada pelo aparecimento de lesões cutâneas nos tetos das vacas. Os surtos causados pela afecção afetam bovinos e os homens, resultando em expressivas perdas econômicas para os produtores.
Os prejuízos causados pela varíola bovina estão associados principalmente à redução da produção de leite, contaminações bacterianas secundárias às lesões (principalmente a mastite), necessidade de afastamento temporário dos ordenhadores acometidos, contratação e treinamento de novos ordenhadores.
Pesquisadores que trabalham nesta área têm observado um aumento alarmante da ocorrência de surtos de varíola bovina em diferentes estados brasileiros, especialmente na região sudeste. Esta enfermidade não se trata de uma doença complexa, que necessite de um tratamento caro e um acompanhamento severo.
Pelo contrário, a varíola bovina é uma doença autolimitante, os surtos são rápidos e o manejo preventivo é relativamente simples. Possivelmente, este é um dos motivos para a sua disseminação pelo país. O pequeno destaque atribuído para a doença nos meios de comunicação com os veterinários e produtores, talvez pelo seu caráter simples, contribui para a falta de informação, retardando o diagnóstico e a implementação das medidas de controle da doença.
Para facilitar o diagnóstico é importante divulgar as características básicas da lesão (figura 1) que tem início com pequena pápula de 2 a 3 mm de diâmetro, seguida de formação de crostas e disseminação circular. Com cerca de 10 dias apresenta aspecto crostoso em forma de anel, dentro de 20 dias ocorre a cicatrização.
Ocasionalmente, as lesões podem acometer a região medial da coxa e o escroto (no macho). Os bezerros também podem ser afetados, apresentando lesões na mucosa oral. Uma pessoa que tenha manipulado animais infectados com as vesículas pode contrair a doença, apresentando vesículas e lesões semelhantes às descritas para os bovinos, localizadas nas mãos e antebraço. As pessoas infectadas podem também apresentar dor de cabeça, dor nas costas e febre.
A transmissão ocorre principalmente durante a ordenha, podendo ser veiculada tanto em ordenha manual como em ordenha mecânica. Para a instalação do vírus é necessário que a pele do animal esteja com pequenos cortes ou pequenas lesões que permitam a entrada do vírus.
Por isso, é importante atenção com a integridade da pele dos tetos e do úbere, principalmente no período seco do ano, quando o teto geralmente fica ressecado e predisposto a injúrias. Os bezerros que mamam diretamente nas vacas acometidas com a lesão podem contrair a doença.
Não existe tratamento específico, sendo prescrito apenas a limpeza, higiene e desinfecção das regiões afetadas com iodo glicerinado. A maior arma contra a varíola é o diagnóstico precoce. Somente com a maior divulgação sobre a doença o produtor, o veterinário e o ordenhador poderão ficar atentos aos primeiros sinais e implementar as medidas de controle que impedirão a rápida disseminação da doença e o aumento das perdas econômicas.
Medidas de controle para a varíola bovina:
- ordenhar os animais acometidos no final da ordenha;
- separar os animais acometidos;
- os ordenhadores devem utilizar luvas de borracha;
- maior esforço para que a rotina de ordenha seja higiênica e organizada;
- utilizar um pré e pós-dipping de boa qualidade e que auxilie a manter a integridade do tecido do teto;
- o ordenhador deve procurar manter as mãos sempre limpas;
- ênfase na limpeza do equipamento de ordenha e no material utilizado durante a ordenha;
- inspeção rigorosa dos animais que são introduzidos no rebanho;
- controlar roedores (possivelmente o transmissor do vírus).
Figura 1. Características das lesões causadas pela varíola bovina (teto e focinho).
Fonte das figuras:
LOBATO, Z.I.; FROIS, M.C.M.; TRINDADE, G.S.; KROON, E.G. Varíola bovina - zoonose reemergente avança em Minas Gerais. V & Z em Minas, n.83, p.18-20, 2004.
Fonte:
LOBATO, Z.I.P.; TRINDADE, G.S.; FROIS, M.C.M.; RIBEIRO, E.B.T.; DIAS, G.R.C; TEIXEIRA, B.M.; LIMA, F.A.; ALMEIDA, G.M.F.; KROON, E.G. Surto de varíola bovina causada pelo vírus Vaccinia na região da Zona da Mata Mineira. Arq. Bras. Méd. Vet. Zootec, v.57, n.4, p.423-429, 2005.
LEITE, J. A.; DRUMOND, B.P.; LOBATO, Z.I.P.; TRINDADE, G.S.; FONSECA, F.G.; SANTOS, J.R.; MADUREIRA, M.C.; GUEDES, M.I.M.C.; FERREIRA, J.M.S.; BONJARDIM, C.A.; FERREIRA, P.C.P.; KROON, E.G. Passatempo vírus, a vaccinia vírus strain, Brazil. Emerging Infectious Diseases, v.11, n.12-december, p.1935-1938, 2005.
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