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Quanto mais jovens, mais eficiente o crescimento de bezerras e novilhas

POR JOSÉ ROBERTO PERES

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 19/04/2002

5 MIN DE LEITURA

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Qual a importância dos primeiros 6 meses de vida no desenvolvimento de bezerras de reposição? Vale a pena investir nesta fase inicial de criação que tem por característica o uso de alimentos mais nobres e caros? Estas foram as questões que um consultor americano especializado na criação de novilhas tentou responder ao analisar as curvas de crescimento resultantes de 10 anos de pesquisa. Os dados são bem interessantes.

Os animais analisados foram criados à base de colostro nos primeiros 3 dias; substituto de leite (R$ 0,34 - dólar a R$ 2,30) nas primeiras 4 semanas de vida; concentrado inicial (R$ 0,71/kg) nos primeiros 2 meses de vida; concentrado de crescimento (R$ 0,64/kg) e feno de alfafa (R$ 0,23/kg) do terceiro ao sexto mês de vida; concentrado de crescimento (R$ 0,55/kg), silagem de milho (R$ 0,06/kg) e feno de gramínea (R$ 0,15/kg) dos 7 aos 24 meses de idade. Estes custos podem não representar a nossa realidade, mas servem como parâmetro de estudo, já que a proporcionalidade dos preços é mais ou menos a mesma por aqui (alimentos iniciais mais caros, barateando conforme o animal fica mais velho). Em outras palavras, os custos por unidade de ganho em peso ou altura podem mudar, mas isto provavelmente não afeta a interpretação da eficiência relativa de crescimento que será discutida a seguir.

O objetivo deste esquema de alimentação era obter novilhas parindo aos 24 meses de idade com peso de 635 kg e altura na cernelha de 137 cm, antes do parto, o que corresponderia a animais adultos de 727 kg e 142 cm de altura na cernelha (valores semelhantes aos obtidos por muitas fazendas nacionais mas, via de regra, bem mais elevados que a maior parte de nosso rebanho). A tabela 1 apresenta os valores médios de peso e altura obtidos nas diversas fases de crescimento do banco de dados.

Tabela 1: Valores médios de peso e altura




Para demonstrar a eficiência relativa de ganho, os dados foram agrupados em intervalos de 2 meses. O aumento em peso e altura na cernelha a cada período de 2 meses foi expresso como uma porcentagem dos valores nos 2 meses anteriores, ou seja, cada barra nos gráficos, representa quantos porcento o animal cresceu em relação aos valores médios dos dois meses anteriores.

Como pode ser constatado na tabela 1, o ganho em peso vivo após a desmama foi linear, variando de 0,82 a 0,93 kg/dia. Portanto, o aumento em peso vivo foi uniformemente distribuído e equivalente a cerca de 25% a cada intervalo de 6 meses de idade, nos primeiros 24 meses de vida. Todavia, o ganho em peso relativo foi muito maior nos estágios iniciais (figura 1), provavelmente em função do menor requerimento de mantença dos animais com menor peso vivo. Como exemplo, um ganho em peso de 0,92 kg em um animal de 90 kg representa relativamente muito mais (5 vezes) que o mesmo ganho em um animal de 450 kg de peso vivo.

Fig. 1: Eficiência de ganho em peso e custos nos vários estágios de crescimento




O custo por quilo de ganho em peso foi numericamente menor por volta dos 6 meses de idade, em função do maior consumo de alfafa e menor consumo de concentrado nesta fase (o que demonstra a importância dos volumosos de qualidade), mas este custo não foi muito menor que nos segmentos anteriores (0 a 2 meses, com substituto de leite e concentrado; e 2 a 4 meses com concentrados inicial, de crescimento e feno de alfafa). Após os 6 meses de vida o custo por unidade de ganho progressivamente aumentou, quase que dobrando aos 22-24 meses, em comparação aos 6 meses. O autor argumenta que, apesar do baixo custo por quilo de ganho durante os primeiros 6 meses de vida, muitos criadores não reconhecem esta vantagem por avaliarem somente o custo por tonelada de alimento ao invés da eficiência de ganho. Os alimentos usados durante os primeiros 6 meses de vida geralmente custam mais por tonelada que os alimentos usados posteriormente, já que precisam ter maior densidade de nutrientes e palatabilidade, entre outros fatores.

Já o aumento relativo em altura na cernelha foi mais semelhante dentro dos períodos de 0 a 6 meses, 7 a 12 meses e 13 a 24 meses (figura 2). Esta semelhança reflete a quantidade de aumento na altura da cernelha dentro destes segmentos. De zero a 6 meses o aumento relativo na altura da cernelha foi da ordem de 10 a 12%; de 7 a 12 meses e de 13 a 24 meses estes valores giraram respectivamente em torno de 6% e 1 a 3%. Isto significa que aproximadamente 50% do aumento na altura do animal ocorreram durante os primeiros 6 meses de vida. Outros 25% ocorreram entre os 7 e 12 meses de vida e somente os 25% restantes ocorreram entre 13 e 24 meses de idade. Mais 4% de aumento na altura da cernelha ocorreram dos 24 meses até a idade adulta (3o parto). Isto demonstra que os primeiros 6 meses de vida são críticos no desenvolvimento das novilhas de reposição, já que 50% da estatura adulta são adquiridos nesta fase.

Fig. 2: Eficiência de ganho em altura na cernelha e custos nos vários estágios de crescimento




O autor também comparou os dados de crescimento dos animais criados nesta estação experimental com dados de fazendas comerciais nos EUA. O que se observou foi que até os 6 meses de idade o crescimento tanto em peso quanto em altura foram semelhantes, mas após este período os animais "comerciais" tiveram menor taxa de crescimento e atingiram menor peso (± 525 kg) e altura (± 132 cm) ao parto, que também ocorreu mais tardiamente (26 meses). Ele argumenta que é pouco provável que animais em crescimento possam compensar, nas fases posteriores de crescimento, um menor crescimento inicial em altura, já que o crescimento ósseo fica comprometido e é dependente da fisiologia e da idade do animal.

Comentário MilkPoint: estes dados compilados do estudo de crescimento de um grande número de animais, por vários anos, demonstram a importância da correta nutrição dos animais em todas as fases de crescimento. Inicialmente em função da grande taxa de crescimento em altura, que não pode ser recuperada posteriormente, e, numa fase mais adiantada, em função do correto ganho em peso, para que os animais tenham peso adequado para o primeiro parto. Interessante são as constatações relativas ao custo relativo por unidade de ganho. Muito embora seja sempre de grande importância a consideração do custo das dietas, estes dados demonstram que custos mais elevados nas fases iniciais de crescimento não representam necessariamente um problema, já que a eficiência de conversão dos alimentos em ganho deve ser considerada. O investimento na fase inicial de criação parece portanto economicamente interessante, embora não possa ser esquecido o segundo ano de crescimento.

Fonte: Kertz. A.F. et al., 1998. Relative Efficiencies of Wither Height and Body Weight Increase from Birth until First Calving in Holstein Cattle. J. D. Sci. 81(5): 1479-1482.

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