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Proteína da dieta, produção e qualidade do leite

POR ALEXANDRE M. PEDROSO

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 06/01/2006

6 MIN DE LEITURA

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Pra começar, desejo de coração um 2006 muito feliz para todos, que as "agruras leiteiras" de 2005 sejam substituídas por ondas de prosperidade. No artigo que escrevi no final do ano passado para o Radar de Sistemas de Produção (clique aqui para ler), comecei dizendo que quando o leite pago ao produtor está com preço lá embaixo, as margens de lucro dos sistemas de produção de leite tendem a desaparecer, lembrando que a alimentação é o fator de maior importância na planilha de custos. E nesse contexto a produção de sólidos do leite passa a ser importante, pois quem recebe por qualidade pode ter uma receita adicional se fizer bem a lição de casa.

Para "ilustrar" nossa conversa neste artigo, vou citar um trabalho que acabou de sair do forno, publicado na edição de Janeiro/2006 do Journal of Dairy Science. Os autores testaram diferentes teores de proteína degradável no rúmen (PDR) e de proteína bruta (PB) na dieta de vacas leiteiras, e avaliaram os efeitos sobre a produção e composição do leite.

Os resultados são bem interessantes, e dão uma boa base para discutirmos o que normalmente recomendamos a técnicos e produtores. Foram utilizados 4 tratamentos em que o que variava eram os teores de PDR e PB em relação à MS total, sendo que o teor de proteína não degradável no rúmen (PNDR) era mantido constante. Os tratamentos eram: 1) 6.8% PDR, 12.3% PB; 2) 8.2% PDR, 13.9% PB); 3) 9.6% PDR, 15.5% PB; 4) 11.0% PDR, 17.1% PB. Em todos os tratamentos o teor de PNDR foi mantido em 5,8% da MS. A ração das vacas do estudo era composta por 50% de silagem de milho e 50% de concentrado. Os dados de produção e composição do leite estão na tabela 1.

Tabela 1. Consumo de matéria seca, proteína e energia, e produção e composição do leite.
 


Os resultados mostram claramente que o aumento no fornecimento de PB e PDR elevou a produção de leite, e também de sólidos do leite. Para todos os parâmetros apresentados houve efeito linear dos tratamentos. É importante destacar que as dietas foram formuladas de acordo com o NRC (2001), e que os tratamentos 1 a 4 atendiam, respectivamente, 68.4, 82.5, 96.7, e 110.9% das necessidades de PDR para vacas desse nível de produção.

Essa questão merece uma discussão um pouco mais extensa. Não podemos nos esquecer de que esse trabalho foi realizado com vacas americanas, recebendo silagem de milho americana, que é diferente da nossa. Mas o conceito é válido para qualquer situação. E qual a real necessidade de proteína para vacas em lactação? Segundo o NRC (2001), a necessidade de proteína para atender à demanda lactacional é calculada a partir da quantidade de proteína secretada no leite e numa eficiência de 67% do uso da proteína metabolizável (PM) disponível, para síntese de leite. Trocando em miúdos, a quantidade de PM necessária para atender às necessidades de uma vaca é igual à quantidade de proteína que essa vaca secreta no leite, dividida por 0,67.

E como maximizar a disponibilidade de PM? Sabe-se que o principal componente da PM é a proteína de origem microbiana (PMic), de forma que a síntese de PMic é o ponto chave para maximizar a PM. E a produção de PMic, que ocorre no rúmen, depende diretamente do suprimento de PDR. Novamente segundo o NRC (2001), tanto a produção de leite, como a produção de proteína do leite serão maximizadas se a quantidade de PDR na ração ficar em torno de 12% da MS total, valor considerado ótimo para a síntese de PMic, desde que o suprimento energético também seja adequado. Aos interessados, esse assunto será discutido com mais detalhes no treinamento online promovido pelo MilkPoint a partir do dia 17/01, do qual este que vos escreve será o instrutor (para saber mais sobre este curso, clique aqui).

Os tratamentos 3 e 4 do trabalho analisado neste artigo são os que mais se aproximam desse valor proposto pelo NRC (2001), e foram os que deram os melhores resultados em termos de produção de leite e de proteína do leite, mas notem que, estatisticamente, os resultados do tratamento 3 não são diferentes dos do tratamento 2. Notem que o consumo de PDR no tratamento 4 é 15,5% maior que no tratamento 3, que por sua vez é 18,4% maior que no 2, mas o consumo de ELl muda muito pouco entre eles. Isso pode caracterizar um desbalanço entre as quantidades de proteína e energia disponíveis no rúmen para a síntese de PMic. Se a ração fornecer quantidade maior de proteína do que a vaca necessita, ou consegue utilizar, vai haver sobra de proteína no rúmen, e esse nitrogênio extra será desperdiçado. E se não houver energia suficiente no rúmen, para que os microrganismos possam metabolizar a PDR, parte dessa proteína será perdida, gerando um custo metabólico adicional. Esse assunto foi abordado com competência pelo Prof. Marcos N. Pereira em artigo anterior publicado no Milkpoint (clique aqui para ler).

Ao analisarmos os dados de NUL, vemos um aumento crescente nesse parâmetro à medida que se aumenta os teores de PB e PDR nas dietas. Isso pode ser um problema, pois a vaca tem que gastar energia para eliminar essa uréia. Além disso existe a questão ambiental, que não é muito lembrada por aqui, mas que pode ser um ponto de preocupação em sistemas de grande porte, baseados em confinamento.

Mas e para as nossas condições, principalmente para quem trabalha com rebanhos mantidos em pastagens, que lições podemos tirar desse trabalho? Em primeiro lugar, a necessidade de balancear corretamente as rações, principalmente no que se refere às disponibilidades de energia e proteína no rúmen, para maximizar a síntese de PMic. Nessa época, em que as pastagens estão "estourando" de tanto crescer, é preciso ficar atento à suplementação energética das vacas. As gramíneas forrageiras têm elevado teor de proteína solúvel, totalmente degradável no rúmen, e para que essa fração seja aproveitada com eficiência e convertida em PMic, é preciso haver energia prontamente disponível no meio, e só a energia contida nos carboidratos das forragens não é suficiente para maximizar a síntese de PMic. Para tal, é fundamental suplementar com fontes de energia na forma de concentrados.

Mas isso vale a pena? Depende. Volto a recomendar a leitura do artigo citado por mim no início deste (clique aqui), onde discorro sobre a viabilidade do fornecimento de concentrados para vacas mantidas em pastagens nas condições atuais. Isso deve ser muito bem avaliado pelo produtor, pois além do preço do leite e do concentrado, é preciso avaliar a possível bonificação recebida pelo teor de sólidos. Uma coisa é certa, para maximizar a síntese de proteína no leite, é imperativo maximizar a produção de PMic no rúmen. Para isso, é necessário garantir suprimentos adequados de proteína e energia, disponíveis ao mesmo tempo, e com a mesma velocidade de degradação. E quando se trabalha com forrageiras de bom valor nutritivo, com teores de PB acima dos 14-15%, isso só se consegue dando energia extra para as vacas.

Literatura citada

KALSCHEUR, K. F.; BALDWIN VI, R. L.; GLENN, B. P.; KOHN, R. A. Milk Production of Dairy Cows Fed Differing Concentrations of Rumen-Degraded Protein. Journal of Dairy Science. Champaign, v. 89, n. 1, p. 249-259. Jan, 2006.
NATIONAL RESEARCH COUNCIL.. Nutrient Requirements of Dairy Cattle. Washington, D.C.: National Academy Press, 2001, 381p.

ALEXANDRE M. PEDROSO

Engenheiro Agrônomo, Doutor em Ciência Animal e Pastagens, especialista em nutrição de precisão e manejo de bovinos leiteiros

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