ESQUECI MINHA SENHA CONTINUAR COM O FACEBOOK SOU UM NOVO USUÁRIO
FAÇA SEU LOGIN E ACESSE CONTEÚDOS EXCLUSIVOS

Acesso a matérias, novidades por newsletter, interação com as notícias e muito mais.

ENTRAR SOU UM NOVO USUÁRIO
Buscar

Eficiência na criação de fêmeas de reposição

POR CARLA MARIS MACHADO BITTAR

CARLA BITTAR

EM 29/04/2016

7 MIN DE LEITURA

2
0
A produção de animais de reposição tem por objetivos finais o melhoramento genético e o aumento na produção de leite do rebanho. Para isso, é necessário se obter animais de alto potencial de produção de leite, considerando-se não somente a genética, mas também suas taxas de ganho e nutrição durante o período de crescimento, assim como seu manejo sanitário. O problema é que a obtenção destes animais requer grande alocação de recursos, e muito embora devesse ser entendido como um investimento de longo prazo tem sido considerado por muitos produtores como gasto sem retorno imediato.

Assim, o produtor muitas vezes acaba por reduzir ao máximo os gastos com animais em crescimento, principalmente em nutrição, reduzindo seu potencial de produção. No entanto, estes animais podem ser obtidos utilizando-se dietas de custo mínimo, para crescimentos adequados, principalmente com a substituição econômica de ingredientes da dieta. A eficiência técnica desta estratégia deve ser avaliada por índices zootécnicos como as taxas de morbidade e mortalidade, taxas de crescimento, idade a puberdade e ao primeiro parto, além do potencial de produção destes animais.

Os custos de produção de uma novilha pronta para parir podem ser calculados de formas variadas, considerando-se desde o custo da terra e o custo oportunidade, até os custos com a mão de obra, alimentação e até a água utilizada no sistema de criação. Com isso, embora diferentes valores possam ser obtidos, de maneira geral os custos com alimentação perfazem 70-80% do custo total. Assim, parece razoável que estratégias para redução do custo com alimentação possam ser eficientes em reduzir o custo de produção destas novilhas.

A primeira estratégia é a de se adotar práticas de aleitamento convencional associada ao desaleitamento precoce. Neste sistema de aleitamento os animais recebem 4L/d de dieta líquida, o que estimula o consumo de concentrado em idades mais jovens, permitindo seu desaleitamento. Muito embora a literatura venha mostrando que o aleitamento intensivo pode resultar em aumentos no potencial de produção deste animal na sua primeira lactação, o fornecimento de grandes volumes de dieta líquida (>8L) ainda não é uma realidade para o produtor brasileiro. Isso por que durante o período de aleitamento, o custo com a dieta líquida é o que mais onera o custo final da bezerra desaleitada. Planilhas de custo do Depto. de Zootecnia da ESALQ mostram que em um sistema convencional (4L/d) a dieta líquida representa 70% do custo final, enquanto que a mão de obra representa somente 4%.

Outras duas estratégias que podem ser utilizadas para a redução no custo de produção se referem a alimentação na fase pós-desaleitamento. Uma vez que a dieta representa entre 70-80% do custo do animal, a adoção de dietas de custo mínimo e a eficiência em manejar estes animais pode reduzir o custo final. Mas, é importante que estas dietas de custo mínimo resultem em ganhos de peso adequados pensando em eficiência técnica, principalmente no que se refere a idade ao primeiro parto. Assim, pensando em curvas de crescimento bastante factíveis para os sistemas de produção nacionais, na sua maioria baseados em pastagens com suplementação concentrada, é possível obter animais com idade ao primeiro parto de 24 meses, conforme mostra a Figura 1.

Figura 1. Exemplo de curva de crescimento de fêmeas de reposição.


Do lado oposto, a outra estratégia que pode ser adotada está baseada em máximo desempenho e não mais em dietas de custo mínimo. A alimentação de novilhas para máximo desempenho pode resultar na redução da idade a puberdade, e consequentemente ao primeiro parto; na redução do número de animais em crescimento na propriedade, os quais oneram o custo total do sistema, já que não trazem retorno financeiro imediato; além de alterações no potencial de produção destes animais, normalmente de forma negativa.

A nutrição destes animais pode, em diferentes fases do crescimento, afetar seu potencial de produção. Enquanto no período de colostragem e no período de aleitamento a superalimentação aumenta o potencial de produção dos animais, a fase pré-púbere tem efeito contrário. Sabe-se que as taxas de crescimento durante a fase pré-púbere são determinantes para o adequado desenvolvimento da glândula mamária, sendo recomendadas taxas de ganho de peso diário em torno de 800g/d para animais da raça Holandesa. Embora esta seja uma preocupação, já que altas taxas de crescimento nesta fase podem reduzir o potencial de produção de leite destes animais, esta é uma realidade ainda distante da maior parte dos produtores brasileiros.

Os nossos sistemas têm como índices recorrentes as baixas taxas de crescimento e alta idade a puberdade e ao primeiro parto, muitas vezes por que estes animais são mantidos em pastagens de baixa qualidade e/ou baixa produtividade. Esta “economia” com a criação de animais, pelo simples fato de que não trazem retorno financeiro imediato, acaba por aumentar o número de animais em crescimento, porque levam mais tempo para iniciar sua primeira lactação, aumentando consequentemente o custo de produção total do sistema de produção.

Investimentos na nutrição de novilhas devem ser considerados de forma a manter adequados índices de eficiência de produção. Quando animais são alimentados para baixas taxas de crescimento, têm sua idade a puberdade aumentada, aumentando também sua idade ao primeiro parto. Por outro lado, investindo em nutrição durante a fase pré-púbere pode-se reduzir a idade a puberdade e assim a idade ao primeiro parto, de forma que o investimento traga retorno financeiro em um prazo mais curto. É importante o produtor entender que a criação de novilhas é um investimento que pode ter retorno em prazo mais longo ou mais curto de acordo com o nível de investimento. Lembrando também os efeitos no potencial de produção além da vida útil deste animal no rebanho.

A Figura 2 mostra que animais na fase pré-púbere alimentados para ganhos de 450 g/d entram em puberdade por volta dos 16,5 meses, quando alcançam o peso determinante de puberdade (250-280 kg). Já animais alimentados para ganhos em torno de 830 g/d alcançam esse peso mais cedo, entrando em puberdade aos 9 meses. Mantendo-se estas taxas de crescimento estes animais estariam com peso para inseminação (350 kg) aos 21,5 ou aos 11 meses, resultando em idades ao primeiro parto de 29,5 e 20 meses, respectivamente. No entanto, 20 meses é uma idade bastante precoce de idade para o primeiro parto, exigindo grande investimento em nutrição. Taxas mais moderadas de 700 g/d, como o exemplo do gráfico na Figura 1, são mais adequadas para os nossos sistemas de produção e garantem idade ao primeiro parto de 24 meses.

Figura 2.
Efeito de diferentes taxas de crescimento na idade a puberdade de novilhas da raça Holandesa (adaptado de Foldager, apud Sejrsen & Purup, 1997).

Outros aspectos também devem ser considerados quando avaliamos a criação de fêmeas de reposição em uma abordagem de inserção no sistema de produção. Estes animais devem chegar ao primeiro parto com peso e condição corporal adequados para que tenham adequado desempenho na primeira lactação. Uma vez que as novilhas iniciam sua primeira lactação com aproximadamente 85% do seu peso adulto, é ainda mais importante que tenham reservas para mobilização, como ocorre no início da lactação de vacas. Novilhas de primeira cria são talvez os animais mais exigentes do rebanho, por que além de estarem produzindo leite devem terminar seu crescimento durante a primeira lactação. E é por este motivo que se observam aumentos na produção de leite quando se compara 1ª e 2ª lactação.

Na segunda lactação os animais terminaram seu crescimento, alcançando seu peso adulto, de forma que podem utilizar todos os nutrientes para sua mantença e produção de leite. Para animais da raça Holandesa são sugeridos peso ao parto em torno de 550 kg e escore de condição corporal de 3,75. Outras recomendações de acordo com o porte da raça podem ser observadas na Tabela 1.

Tabela 1.
Recomendação de peso a inseminação e ao parto de acordo com o porte da raça leiteira (adaptado de Bittar, 2005).


O crescimento dos animais e a dinâmica relacionada a sua inserção no sistema produtivo mostram que embora sejam feitas diversas recomendações, não existem receitas. A identificação e o ajuste dos principais pontos críticos devem ser realizados dentro de cada sistema de produção, considerando características como clima, tipo de animal explorado, proximidade a produção de insumos, sistema de alimentação, entre outros. A rentabilidade destes sistemas, e da criação de novilhas de reposição propriamente, depende não só de eficiência produtiva, mas também de eficiência técnica e boa gestão. Estas eficiências devem sempre permear as práticas para adequado manejo de fêmeas de reposição, considerando técnicas para redução de mortalidade, adequados desempenhos e maximização da produção de leite.

Referências bibliográficas

BITTAR, C.M.M. Crescimento. In: Criação de bezerras em rebanhos leiteiros. 1 ed. Juiz de Fora: Embrapa Gado de Leite, 2005, p. 33-51.

SEJRSEN, K.; PURUP, S. Influence of prepubertal feeding level on milk yield potential of dairy heifers: a Review. Journal Anim. Sci., Champaign, v.75, n.3, p.828-835, 1997.
 

CARLA MARIS MACHADO BITTAR

Prof. Do Depto. de Zootecnia, ESALQ/USP

2

DEIXE SUA OPINIÃO SOBRE ESSE ARTIGO! SEGUIR COMENTÁRIOS

5000 caracteres restantes
ANEXAR IMAGEM
ANEXAR IMAGEM

Selecione a imagem

INSERIR VÍDEO
INSERIR VÍDEO

Copie o endereço (URL) do vídeo, direto da barra de endereços de seu navegador, e cole-a abaixo:

Todos os comentários são moderados pela equipe MilkPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração. Obrigado.

SEU COMENTÁRIO FOI ENVIADO COM SUCESSO!

Você pode fazer mais comentários se desejar. Eles serão publicados após a analise da nossa equipe.

JOSÉ EDIRARDO QUEIROZ FREIRE

FORTALEZA - CEARÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 17/07/2016

no Nordeste para que  tenhamos novilhas para reposição em vinte e quatro meses, é preciso que se produza um grande estoque de forragem (silagem e feno de boa qualidade como reserva estratégica para o período seco.)
JOSE RIBEIRO DE CARVALHO

MANHUAÇU - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 03/05/2016

Parabems  Carla Maria Machado por este maravilhoso artigo que tanto nus ajuda em nossa luta. Muito obrigado. Jose Ribeiro de Carvalho


Assine nossa newsletter

E fique por dentro de todas as novidades do MilkPoint diretamente no seu e-mail

Obrigado! agora só falta confirmar seu e-mail.
Você receberá uma mensagem no e-mail indicado, com as instruções a serem seguidas.

Você já está logado com o e-mail informado.
Caso deseje alterar as opções de recebimento das newsletter, acesse o seu painel de controle.

MilkPoint Logo MilkPoint Ventures