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O que mudou foi a logística

POR PAULO DO CARMO MARTINS

PANORAMA DE MERCADO

EM 17/03/2004

2 MIN DE LEITURA

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Não há nenhuma novidade. Todos sabemos que os preços recebidos pelos produtores caíram nos últimos anos e a produção de leite se elevou. Um contra-senso aparente, pois uma das poucas leis que existe na ciência econômica afirma que a oferta é irmã xifópaga dos preços, ou seja, se os preços recebidos caem, cai a quantidade ofertada. Por que o inverso aconteceu?

Um dos motivos foi a queda da inflação após 1994, com o Plano Real. A inflação sempre retira renda dos assalariados e dos setores da economia que não tem poder de mercado a ponto de fazer com que seus preços corram na frente da Inflação. No caso do leite, a brutal redução das taxas inflacionárias permitiu que os consumidores continuassem a consumir os cerca de 10% do que em média gastam de sua renda com alimentos. Só que com mais renda. Com o aumento do poder aquisitivo inversamente proporcional à queda da inflação, as famílias passaram a ter mais renda para consumir produtos lácteos. Isso explica o aumento de demanda desses produtos nos primeiros anos de estabilização monetária.

O produtor de leite, que recebe o valor de sua produção uma vez por mês, agiu como qualquer empresário. A retirada da inflação foi captada como um aumento de receita real. Logo, investiu em aumento da produção. E a lei da oferta, descrita no primeiro parágrafo, se manteve válida.

Mas isso tudo teria se dissipado com a perda de poder aquisitivo do consumidor e do produtor, que começou em 1997 e não se recuperou até os dias atuais. Então, o que efetivamente impulsionou o aumento da competitividade dos produtos lácteos nacionais, a ponto de a Serlac estar em vertiginoso crescimento no mercado mundial, por exemplo? Foi a adoção de conceitos de logística integrada!

Antes de continuarmos, logística não é sinônimo perfeito de transporte, como muitos imaginam. Para ficarmos em somente uma definição, logística "é o processo de planejar, implementar e controlar, de maneira eficiente o fluxo e a armazenagem de produtos, bem como os serviços e informações associados, cobrindo desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o objetivo de atender aos requisitos do consumidor". Veja quantas palavras importantes tem nesta definição: planejar e controlar, fluxo, informações, ponto de origem e consumidor, com seus requisitos. Curioso: não apareceu a palavra transporte.

A figura 1 retrata muito bem essa definição. A concepção de logística começa lá nos fornecedores (produtores de leite incluídos), e vai até ao consumidor. Agora veja as tabelas 1 e 2. A primeira retrata os custos de uma empresa industrial típica americana. Veja que o item custos logísticos não chega a onerar em 20% o custo total. A seguir, veja a decomposição dos custos logísticos na tabela 2. Transporte não chega a 1/3 dos custos logísticos, ou pouco mais de 6% do custo total de uma empresa fabril.

A transformação na cadeia produtiva do leite deve ser creditada aos laticínios, que felizmente perceberam a necessidade de se redesenhar todo o processo de organização dos lácteos, ainda nos meados da década de noventa. E esteja certo: a granelização é apenas o item mais visível da adoção dos conceitos de logística, embora de extrema importância e de efeitos concretos na redução do custo dos derivados para o consumidor. Esse é um assunto de extrema importância e complexo. Por isso, voltarei a abordá-lo no artigo da próxima quinzena.
 

 

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MÔNICA RÉGIA RODRIGUES LIMA

CONCEIÇÃO DO ARAGUAIA - PARÁ - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 02/04/2004

De acordo com o que foi exposto neste artigo, verifica-se também o problema da falta de infra-estrutura por parte do governo, em melhorar as rodovias e dar condições de acesso. Nós aqui na região Norte estamos sendo prejudicados justamente na epóca de maior produção que é o das chuvas e onde eramos para liderar no mercado , pois temos uma fábrica com capacidade para captar 200.000 litros de leite/dia e não estão chegando 50.000 litros/dia. Aqui no Pará há um potencial gigantesco de produção só que infelizmente o Brazil ainda não chegou até o Pará. É lamentável tanta terra, tanto gado, tanta água e pouco trabalho, pouco incentivo, e nenhuma motivação dessa gente em crescer.

Aterra os pés minha gente!

Mônica Régia Rodrigues Lima
Estágiaria da Leitbom Conceição do Araguaia PA
Discente do 5º ano do curso de Engenharia de Produção (Universidade do Estado do Pará).
PAULO CÉSAR

CURITIBA - PARANÁ - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 24/03/2004

Alguns dados não são técnicos mas tão reais quanto. Na década de 90 tivemos um ganho genético fantástico motivado pelas grandes importações e milhares de acasalamentos melhoradores que foram feitos por uma casta de Produtores que infelizmente sairam do mercado, isto motivou um crescimento por animal bem razoável. Agora entramos na compramão da produtividade, pegamos estes mesmos animais e inseminamos com animais de corte etc etc
DANIEL DE OLIVEIRA PINTO

GOIÂNIA - GOIÁS

EM 23/03/2004

Aos redatores do MilkPoint, Tive o primeiro contato com o site hoje e encontrei uma matéria muito interessante sobre logística neste segmento. Estou em fase final do MBA EM LOGÍSTICA EMPRESARIAL, E TENHO GRANDE INTERESSE EM FAZER UM MESTRADO NESTE SEGMENTO, pesquisando em que nível está sendo usado a Logística neste segmento. Caso tenha algum material, ou até mesmo Teses sobre a Logística na Cadeia leiteira, ficaria muito grato se pudesse me enviar.

Desde já agradeço.

Daniel de Oliveira Pinto.
KELLY CRISTINA DA GLÓRIA

CURVELO - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 21/03/2004

Estou fazendo MBA em Gestão Estratégica e por acaso, o módulo atual é logística. Acredito que o termo logística seja uma palvavra estranha para alguns produtores, mas com certeza, os que obtém sucesso em sua atividade, devem utilizar seus conceitos mesmo sem saber. Gerenciar, comprar, movimentar e armazenar materiais, peças e a sua produção, é estratégico para qualquer produtor que deseja o sucesso (lucro). Somente esse controle pode levar o produtor a obter produtividade e redução dos custos, que é o maior desejo de todos. Entender e utilizar esse conceito fará muito bem à atividade rural, que hoje precisa estar antenada de todas as formas para absorver o que inova, tomando o cuidado em estabelecer o aplicável em sua propriedade.

Kelly C. Glória, Adm de empresas, pós graduada em adm rural e produtora rural
HELENO CARDOSO

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 17/03/2004

Caro Prof. Paulo,

Não sou da área econômica mas acredito que o pensamento inverso é mais plausível do que este apresentado pelo senhor ou seja, quando a oferta é grande há uma tendência natural de queda dos preços, principalmente se não houver um aumento da demanda pelo produto. Não é só o preço que determina a oferta de um produto, a oferta também determina o preço, sem deixar de mencionar a demanda, que em um país de miseráveis como o nosso, passando por uma grave recessão e desemprego, não deve ser das maiores; as famílias ricas não consomem mais leite por ganharem mais dinheiro, mas as famílias pobres deixam de consumir por não terem mais dinheiro. Portanto se a produção aumentou e a demanda não, é natural que os preços caiam, se a produção diminuir os preços fatalmente aumentarão ou ainda se o consumo aumentar bastante e faltar produto no mercado consequentemente os preços também aumentarão mesmo com o aumento da produção e só se consegue isto quando houver disponibilidade de emprego e distribuição de renda, sem falar é claro na maior participação dos produtores nas decisões das cooperativas.

Saudações.

<b>Resposta do autor</b>:

Caro Heleno,

Sua análise está correta. O preco é resultante da oferta e demanda. Mas com precos baixos, há uma reação natural do ofertador no momento seguinte, reduzindo a oferta.

Saudações,

Paulo


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