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O aumento nos preços é real ou abuso?

POR MAURÍCIO PALMA NOGUEIRA

PANORAMA DE MERCADO

EM 14/11/2002

4 MIN DE LEITURA

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O mercado está extremamente bagunçado desde o produtor até o consumidor. Na televisão, e na mídia impressa, temos visto nos últimos dias várias análises e denúncias de preços abusivos por parte da indústria, conflitos entre indústrias e grandes redes varejistas, ameaça de boicotes a produtos, etc.

Em meio a tudo isso, somos forçados a ver economistas renomados aparecerem em entrevistas e dizerem, cheios de certeza, que a alta do dólar não influencia preços de produtos como verduras, frutas, leite, arroz, feijão e etc.

Este é o problema das "certezas" de grande parte dos economistas brasileiros: baseiam-se em análises parciais, oblíquas e míopes. Acreditam que apenas produtos importados, ou com preços balizados no mercado internacional, teriam suas cotações atreladas ao dólar. Nos demais casos, se há aumento, é porque há abuso na opinião dos analistas urbanos.

Desconhecem que para produzir são necessários fertilizantes, defensivos e outros insumos que possuem cotações atreladas ao dólar. No caso do leite, soma-se a estes insumos, a compra de concentrados, em que a maioria possui cotação no mercado internacional, e que perfaz quase metade dos custos diretos da produção de leite.

Por ignorância, irresponsabilidade ou má fé, estas análises jogam a opinião pública contra os produtores, que graças às excelentes novelas brasileiras, já sofrem de uma imagem extremamente distorcida por parte de quem mora nas cidades.

Nas fazendas de leite, comparando os preços atuais de insumos de hoje com o volume de compra médio dos últimos 12 meses, estima-se um aumento nos custos de produção em torno de 25% a 35% em relação ao último período de 12 meses. O impacto e o montante dos aumentos nos custos dependerá das particularidades de cada empresa.

Produção de leite baseada em maiores quantidades de concentrados, e com confinamento total, terá aumentos superiores nos custos de produção, mais próximos dos 30 a 35%. Empresas com produções baseadas a pastos intensificados sofrerão menos, porém ainda amargarão aumentos nos custos nas faixas de 20% a 25%.

Para o mercado, as condições atuais apontam uma tendência do produtor "tirar a mão dos bolsos" nos momentos de compra de insumos.

Se tecnicamente esta atitude está certa ou errada, não vem ao caso nesta argumentação; o fato é que há esta tendência. Fabricantes de ração têm relatado dificuldades em acertar a dieta das vacas dos seus clientes sem comprometer a produção.

Na compra de fertilizantes, a mesma coisa. Se o produtor não comprar, vai faltar alimento na próxima entressafra e, conseqüentemente, faltará leite.

Antevendo-se aos fatos, a indústria está correndo atrás dos produtores regionais mais eficientes, portanto têm sido relatadas propostas de preços elevadas para produtores de leite com maiores volumes. Se tiverem preços, estes produtores mais tecnificados poderão responder em produção, além de possibilitarem um custo mais baixo de coleta.

A diferença entre a média de preços dos produtores com maiores bonificações, e os valores médios regionais (mix) é maior hoje do que há 3 anos, em 1999, conforme pode ser comprovado no gráfico (figura 1).
 

 


Atualmente, produtores com volumes mais altos em relação à média (cerca de mil litros diários), recebem preços até 20% superiores ao valor mix do leite, dependendo da região. O valor de 20% representa cerca de R$0,07/litro a mais.

O valor pago a estes produtores, com maiores volumes, aumentou consideravelmente neste mês. Há relatos, ainda não confirmados, de aumentos de até 11%, levando os preços dos maiores produtores para patamares próximos ao do mercado "spot" em plena safra.

Fatalmente, o reajuste no pagamento dos preços do leite dos maiores produtores elevará os preços médios deste mês.

Todos estes movimentos ocorrem na entrada da safra. Sendo assim, antes que estas chuvas dos últimos dias possibilitem respostas em produção de pastagem, é bem provável que se inicie um movimento de especulação em torno do aumento do volume de produção. Qualquer informação neste final de ano deverá ser avaliada com cautela, tanto quanto à sua veracidade como às conseqüências que poderão trazer para o próximo ano.

Outro risco para o produtor, e também para a indústria, é de que ocorram aumentos nos preços acima das possibilidades de aceitação do mercado. Este aumento tende a gerar um aumento na oferta de leite e, posteriormente, derrubar os preços do mercado. Com exceção de 2002, o fato foi observado nos últimos anos.

Evidente que o provável aumento nos preços de atacado acabará gerando grandes pressões alarmistas por parte do varejo (como ocorre hoje com o açúcar), nada que já não seja de costume para o setor. É um problema a ser enfrentado em conjunto, pois o setor não pode ficar arcando com todos os custos sem nunca repassar preços, enquanto o varejo não aceita mexer em suas grossas margens.

Para o produtor, um reajuste, para ser considerado bom, teria que ser em torno de 25% nos valores médios, pois o setor já carrega defasagem de preços há alguns anos. Nas indústrias, as condições não são tão diferentes, embora os preços deste ano tenham possibilitado maior tomada de fôlego a eles.

O aumento nos preços ao consumidor não seria abuso, mas sim reajuste.

 

MAURÍCIO PALMA NOGUEIRA

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