Os preços internacionais dos principais derivados lácteos apresentaram novos avanços durante o 356º leilão de lácteos da plataforma GDT, realizado no dia 21/05. Com uma variação de 3,3% em relação ao evento anterior, o preço médio das negociações ficou em US$ 3.861/tonelada, como mostra o gráfico 1, sendo este o maior valor médio do leilão desde novembro/22.
Gráfico 1. Preço médio leilão GDT
Fonte: Elaborado pela equipe MilkPoint Mercado com dados do Global Dairy Trade, 2024.
Quase todas as categorias acompanhadas e negociadas durante o evento apresentaram variações positivas, com somente o queijo apresentando estabilidade em seu preço médio. Sendo assim, o destaque ficou para a categoria da manteiga, que obteve uma valorização de 5,1% e foi negociado na média de US$ 6.931/tonelada.
Os leites em pó também registraram altas. O leite em pó desnatado apresentou uma valorização de 3,5%, sendo negociado na média de US$ 2.629/tonelada, já o leite em pó integral apresentou uma alta de 2,9%, atingindo o preço médio de US$ 3.408/tonelada, o maior patamar desde outubro de 2022.
Confira na Tabela 1 o preço médio dos derivados após a finalização do evento e a variação em relação ao evento anterior.
Tabela 1. Preço e variação do índice dos produtos negociados no leilão GDT em 21/05/2024.
Fonte: Elaborado pela equipe MilkPoint Mercado com dados do Global Dairy Trade, 2024.
Após uma alta no volume negociado no primeiro leilão do mês, o segundo leilão de maio apresentou uma queda no volume. Com um total de 18.561 toneladas sendo negociadas, foi gerada uma diminuição de 3,5% em relação ao volume negociado no evento anterior, como mostra o gráfico 2.
Gráfico 2. Volumes negociados nos eventos do leilão GDT.
Fonte: Elaborado pela equipe MilkPoint Mercado com dados do Global Dairy Trade, 2024.
No mercado futuro da Bolsa de Valores da Nova Zelândia para o leite em pó integral, os contratos com vencimentos mais próximos apresentam um patamar de negociações mais alto do que o obtido no mês de abril, como pode ser observado no gráfico 3.
Gráfico 3. Contratos futuros de leite em pó integral (NZX Futures).
Fonte: NZX Futures, elaborado pelo MilkPoint Mercado, 2024.
A recuperação nos preços globais do leite, que começou com uma alta no final de 2023 e início de 2024, esfriou ligeiramente no segundo trimestre. Segundo o estudo do Rabobank, no primeiro trimestre, eram esperados aumentos de preços mais lentos, mas mais estáveis para 2024. No entanto, com a demanda global mais fraca e a maior produção chinesa de leite limitando as importações do país, as evidências até agora sugerem que a recuperação pode enfrentar algumas dificuldades adicionais.
Ainda segundo o Rabobank, na Argentina, é esperado que a produção sinta os efeitos do alto custo de produção combinado com a desvalorização do peso argentino no final de 2023, a disponibilidade limitada de alimento para os animais, a diminuição do rebanho e os impactos climáticos causados pelo El Niño. Em contrapartida, as condições financeiras têm melhorado para os produtores e agora a margem agora é positiva. Por outro lado, o consumo de leite tende a diminuir cerca de 10% em 2024, devido ao alto preço do produto e ao baixo salário nos últimos meses que tendem a afetar o consumo.
Na China, o aumento contínuo da produção nacional continua a pressionar os preços pelos lácteos. Os volumes líquidos de importações de produtos lácteos da China caíram 15% no primeiro trimestre de 2024, segundo dados do Rabobank. O banco ainda ajusta sua previsão de que as importações de lácteos irão declinar cerca de 8% em 2024.
E como os resultados do leilão GDT afetam o mercado brasileiro?
Vale destacar que o Brasil importa produtos lácteos principalmente da Argentina e Uruguai, que atualmente praticam preços acima do GDT. Isso se dá pela Tarifa Externa Comum (TEC), que chega a quase 30% para importações de fora do Mercosul.
Diante do recente cenário de especulações de preços e incertezas quanto a oferta brasileira de leite, os preços dos principais derivados lácteos no atacado apresentaram importantes avanços nas últimas semanas, fazendo com que para a muçarela, o produto importado voltasse a ganhar competitividade, apesar das medidas governamentais e elevação do valor do dólar. De forma geral, os decretos estaduais e a baixa disponibilidade de leite nos principais fornecedores do Brasil, principalmente a Argentina, tendem a limitar as importações, enquanto o aumento de preços no mercado interno pode fazer com que os produtos importados ganhem competitividade. Seguiremos acompanhando.