Já no pagamento de fevereiro os preços do leite foram reajustados. Em média, ficaram 1,44% mais altos. Atualmente, o preço médio do leite brasileiro é R$0,529/litro, o que equivale a US$0,203/litro. Observe, na figura 1, os preços do leite em todo o país.
No atacado, os preços do longa vida ao final de fevereiro foram 1% superiores aos preços de janeiro. No varejo, preços de gôndola, o longa vida teve um reajuste de 1,44% em suas cotações. Atualmente, os preços de varejo estão 13,3% superiores aos do atacado. No último ano, a diferença foi de 15,6%, em média.
Para o pagamento de março, a realizar-se a partir das próximas duas semanas, os agentes de mercado acreditam em novos reajustes nos preços. Cerca de 40% dos entrevistados anunciam aumentos nos preços, enquanto apenas 3,5% relatam possibilidade de recuos nos valores pagos aos produtores. Desde julho de 2004 o número de entrevistados que acreditava em alta nos preços não passava de 40%.
O comportamento no mercado "spot" confirma a tendência. Observe na figura 2.
A alta de 1,62% no mercado "spot", considerando a média entre São Paulo, Minas Gerais e Goiás, indica a perspectiva para o pagamento de março: os preços subirão.
Sendo assim, em termos de preços, fevereiro confirma a expectativa de que 2005 começara de maneira mais favorável. Em 2004, os preços médios reais, deflacionados pelo IGP-DI, foram 2% inferiores aos valores de 2003. A situação só não se agravou aos produtores por causa da queda nos preços dos concentrados, embora os custos de produção de volumosos tenham aumentado.
Pois bem, os preços de fevereiro, pagamento do primeiro mês de produção de 2005, já apontam avanços nos valores, tanto nominais como reais. Observe, na tabela 1, a comparação dos preços nominais e reais pagos pela produção dos meses de janeiro de 2004 e de 2005.
Tabela 1: Preços médios nacionais pagos pelo leite de janeiro de 2004 e 2005 em valores nominais e valores reais.
Fonte: Scot Consultoria
Os preços atuais, portanto, estão 13,6% acima dos preços de janeiro de 2004, mesmo quando se considera a inflação. Incontestavelmente, um cenário bem mais favorável.
Mesmo assim, é bom o setor ir municiando a "metralhadora" de argumentos contra as reportagens que certamente estão por vir. Entre a primeira e a segunda semana de março, a divulgação de preços dos produtos agrícolas, pesquisadas por institutos oficiais, deve trazer tais números.
Como sempre ocorre, serão rapidamente divulgados pela mídia não especializada de maneira a induzir que os "fazendeiros" estejam aumentando os seus lucros às custas do aumento do custo de vida.
Por isso vale lembrar que em janeiro de 2004 o setor leiteiro vivia uma grave crise de preços e especulações no mercado, gerados pela italiana Parmalat.
Comparações mensais, apesar de serem bons indicadores, também não são conclusivas em termos de resultados aos pecuaristas. Há de se analisar custos e preços mensais ao longo de todo o ano de produção.
Ainda com relação aos preços do longa vida, tanto no atacado, como no varejo, os valores atuais estão cerca de 12% abaixo da média de 2002 a 2003. Observe as comparações na tabela 2.
Tabela 2: Preços médios do longa vida no atacado e no varejo em 2002, 2003, 2004 e atuais em reais deflacionados pelo IGP-DI
Além de menores em relação à média, os preços atuais estão cerca 16,5% abaixo dos de 2002, em valores atualizados. Os preços vêm se reduzindo ano a ano.
Definitivamente, não é o leite que aumenta a inflação no longo prazo. Embora isso aconteça entre um mês e outro, a informação deve ser analisada de maneira completa, considerando todo o ano.
O que fica na cabeça das pessoas são os aumentos nos preços, nunca as quedas, muito menos os períodos em que os valores nominais não acompanham a inflação. Mostrar esta realidade é obrigação da indústria e dos produtores de leite. Trata-se de um ponto de interesse convergente.