Cenário de grãos: avanço nos preços do milho?

2024 iniciou e o viés de alta que era observado no final de 2023 se manteve para os preços do milho no mercado físico e no mercado futuro brasileiros durante as duas primeiras semanas do ano, diante das adversidades climáticas geradas pelo El Niño e queda nas previsões de produção dos grãos para a safra 2023/24.

No entanto, nos últimos dias foi possível observar um viés de queda para os preços físicos do milho, por conta de um menor interesse de compra nas negociações. Apesar da recente desvalorização, no gráfico 1 é possível observar o movimento de alta esperado para o milho através dos contratos futuros da B3 (Bolsa de Valores brasileira) para este ano, gerando uma inflação projetada de cerca de 4,2%.

Gráfico 1. Preços do milho no mercado físico em Campinas/SP e no mercado futuro

Fonte: Cepea; B3; elaborado por MilkPoint Mercado.

Para a soja, a demanda interna também se mostra mais retraída e os preços em tendência de queda, como mostra o gráfico 2. No entanto, diferentemente do milho, a tendência da soja para este ano é de uma deflação de cerca de 13,4% em seu preço médio.

Gráfico 2. Preços da soja no mercado físico e no mercado futuro em Paranaguá/PR

Fonte: Cepea; CBOT; B3; elaborado por MilkPoint Mercado.

Produção na safra 2023/24

Sobre o andamento da safra 2023/24, novos recuos foram apontados nas últimas projeções de produção de milho e soja da CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento), como mostram os gráficos 3 e 4. Apesar de ainda ser esperado um novo recorde para a soja na produção da safra atual, o crescimento para a safra 2023/24 vem diminuindo a cada nova projeção. Neste momento, o crescimento projetado é de 0,4%, abaixo do avanço de 3,6% projetado no mês anterior. Enquanto para o milho, que já estava sendo projetada uma queda na produção da safra 2023/24 em relação à safra 2022/23, este recuo foi acentuado, com uma expectativa de queda de 10,8% nesta safra, acima dos 10,1% projetados no levantamento de dezembro/23.

Gráfico 3. Série histórica da produção de milho total no Brasil

Gráfico 4. Série histórica da produção de soja no Brasil

*projeções

Fonte: CONAB; elaborado por MilkPoint Mercado.

Sobre o andamento do plantio e da colheita, também divulgado pela CONAB, até a 2ª semana de janeiro o plantio do milho 1ª safra ainda apresentava um atraso em relação ao mesmo período do ano anterior, com um recuo de 4,2 p.p., com os estados da região Nordeste apresentando os maiores atrasos, como mostra a figura 1.

Figura 1. Acompanhamento da semeadura de milho 1ª safra no Brasil

No entanto, em relação a colheita do milho 1ª safra, o estado do Rio Grande do Sul lidera, apontando um forte avanço na colheita do milho em relação ao mesmo período de 2023 no estado, que já se encontra em 24% em relação ao semeado acumulado na semana, como mostra a figura 2.

Figura 2. Acompanhamento da colheita de milho 1ª safra no Brasil

Em relação ao plantio da soja, até a segunda semana deste ano o plantio se encontrou praticamente em linha com o mesmo período de 2023, com os estados de Maranhão e Santa Catarina liderando os atrasos no período, como é possível observar na figura 3.

Figura 3. Acompanhamento da semeadura de soja no Brasil

Enquanto a colheita da soja se encontra em estágio inicial, apresentando um avanço somente nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, São Paulo e Paraná, como mostra a figura 4 abaixo.

Figura 4. Acompanhamento da colheita de soja no Brasil

Fonte: CONAB.

De forma geral, pode-se dizer que os resultados observados agora para as culturas de milho e soja são resultados dos desafios enfrentados no início da semeadura das lavouras, que passaram por grandes atrasos e necessidade de replantio, principalmente para a soja, em diferentes regiões, por conta das adversidades climáticas geradas pelo El Nino.

Assim como pontuado no cenário de grãos anterior, a expectativa de menor área destinada a produção de milho nesta safra está levando a uma menor projeção de oferta para o grão neste ano, e que, até a primeira quinzena do ano, estava gerando valorizações nos preços das negociações. Sendo que a demanda interna inverteu esta movimentação de preços mais recentemente.

Para o produtor de leite, é esperado um possível aumento nos custos de alimentação dos animais neste ano por conta da inflação projetada para o milho.