Sinal vermelho para o produtor de leite em outubro!! O mês que poderia ter representado um princípio de "guinada" no mercado, reduzindo o ritmo de queda nos preços, chegou com péssimas notícias ao setor. Um mês, infelizmente, inesquecível para muitos.
Em setembro, já havia cerca de 6% dos entrevistados em todo país acreditando que o mercado reagiria, porém em outubro este número se reduziu para 3,5% do total entrevistado. O mercado sinaliza ainda novas quedas nos preços.
Até o presente, os preços nacionais recuaram cerca de R$0,11/litro, na média. A maior retração foi no Estado do Rio Grande do Sul, onde os preços atuais são R$0,16/litro inferiores aos praticados em junho, pagamento da produção de maio de 2005.
Para o pagamento de outubro, o recuo nos preços atingiu 3,12%, o que representa a média de R$0,016/litro. Observe, na tabela 1, os preços e variações em todos os Estados pesquisados pela Scot Consultoria.
Tabela 1: Variações em porcentagem e em R$/litro e preço bruto médio pago em outubro, pela produção de setembro, em todo o país.
A queda nos preços perdeu intensidade em outubro; caiu apenas metade da queda que foi observada em setembro. No entanto, com os focos de febre aftosa confirmados no Mato Grosso do Sul, e suspeitos no Paraná, a queda nos preços, mesmo sendo menos intensa, deve se prolongar por um período superior ao que era esperado. As regiões atingidas pela febre aftosa, tenha sido confirmada ou não, deverão sofrer mais.
Mesmo que a produção de outubro, quando apareceu o foco, ainda não tenha sido paga, a simples especulação em torno do assunto já foi suficiente para derrubar o mercado. No Mato Grosso do Sul, os produtores tiveram seus preços reduzidos em 9% já para o pagamento de outubro (a aftosa apareceu na primeira quinzena do mês). No Paraná, quarto maior Estado produtor do país, os preços recuaram 6,6% e é, atualmente, um dos preços mais baixos do Brasil. O preço do Paraná só é mais alto que o de Santa Catarina e do Pará.
O paranaense, além de assistir ao recuo nos preços de maneira drástica, teve que jogar leite fora pelo fechamento de São Paulo aos produtos oriundos do Estado. No princípio São Paulo proibira a entrada de todo produto de origem animal. Posteriormente, passou a proibir apenas carne e leite "in natura".
Até o fechamento deste artigo, não havia confirmação de aftosa no Paraná. Os laudos eram inconclusivos e estimava-se que o laudo final sairia antes do dia 10 de novembro. É provável que nem tenha a doença no Estado.
Porém, mesmo que não se confirme, o produtor paranaense já colherá tais prejuízos. Não se precisa de fatos para derrubar um mercado. Bastam boatos.
Enfim, outubro passa e os acontecimentos ficam. O mês que poderia trazer ventos de boa esperança para o mercado, chega com novas tendências ruins e negativas para a produção leiteira.
Os preços do ano, em geral, já representarão prejuízos para o produtor. A crise que, até pouco tempo atrás, não era tão severa, já é real e vem para deixar sua marca num setor tão calejado por períodos ruins, de difícil obtenção de lucros.
É realmente preciso trabalhar para sanar a cadeia leiteira. Espera-se que a iniciativa paulista, de financiar um estudo estratégico para todo o setor lácteo, frutifique e permita a colheita de bons frutos no futuro. Resolver os problemas da cadeia é obrigação do setor privado, dos produtores às indústrias. É obrigação e interesse de todos.