Série 'Plano ABC': por que o efeito estufa é tão preocupante?

Com o incremento das emissões dos GEE à atmosfera, detectou-se aumento do aprisionamento do calor no planeta Terra durante um longo período de tempo. Desta forma, ocorre o que se convencionou chamar de aquecimento global, o qual por sua vez pode gerar alterações e mudanças nos padrões do clima da Terra, com consequências imprevisíveis.

Publicado por: MilkPoint

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Visto que assuntos relacionados à sustentabilidade e meio ambiente estão em alta, o MilkPoint disponibilizará algumas perguntas e respostas sobre o Plano ABC extraídas de um material da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária)

Entenda o contexto

O fenômeno conhecido como "efeito estufa" ocorre quando a radiação solar, na forma de ondas curtas, que chega ao Planeta Terra, passa pela atmosfera, aquece a superfície terrestre e parte desta radiação é refletida novamente na forma de calor. Neste momento, este calor é bloqueado por alguns gases, e desta forma, intensifica a sua retenção nas camadas mais baixas da atmosfera.

Entretanto, aumentos recentes nas concentrações de gases com capacidade de retenção de calor, também chamados de Gases de Efeito Estufa (GEE), na atmosfera têm causado impacto no balanço de radiação solar do planeta, tendendo ao aquecimento da superfície da Terra. Os principais GEE contemplados pelo Protocolo de Quioto são: Dióxido de Carbono (CO2), Metano (CH4), Óxido Nitroso (N2O), Clorofluorcarbonos (CFCs), Hidrofluorcarbonos (HFCs), Perfluorcarbonos (PFCs), Hexafluoreto de enxofre (SF6).

Por sua vez, o termo "aquecimento global" significa que todo o planeta Terra está aquecendo, ou seja, a sua temperatura atmosférica média de superfície está aumentando ao longo dos anos como consequência do aumento do efeito estufa, o qual é devido ao incremento na concentração atmosférica de alguns GEE, em especial, o CO2, CH4 e N2O. Esse fato pode gerar alterações ou mudanças do clima.

O Brasil foi um dos países que sempre se mostrou sensível a esta questão, valorizando ações no âmbito nacional e internacional que propiciassem a mitigação das negativas consequências, pois, entende que existem elementos suficientes para concretização de mudanças do clima oriunda das atividades humanas, o que leva a preocupações em torno da qualidade de vida de toda a população.

Em 2009, o Brasil apresentou um compromisso internacional de redução de GEE. Essa redução envolve diversos setores da economia, visando, num primeiro momento, a redução do desmatamento, adoção de práticas sustentáveis na agricultura e aumento da eficiência energética.

No caso específico da agricultura, o Brasil estruturou o Plano ABC, oficialmente denominado "Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura", que é um dos planos setoriais estabelecidos em conformidade com a Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC) como parte da estratégia do Estado Brasileiro na mitigação da emissão de GEE e no combate ao aquecimento global. Então, vamos a segunda pergunta: 

Por que é tão preocupante o efeito estufa?

"O fenômeno conhecido como 'efeito estufa' ocorre quando a radiação solar, na forma de ondas curtas, que chega ao planeta Terra, passa pela atmosfera, aquece a superfície terrestre e parte desta radiação é refletida novamente na forma de calor, em comprimentos de onda na região do infravermelho, de volta para a atmosfera.

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Neste momento, este calor é bloqueado por alguns constituintes químicos gasosos da atmosfera, e desta forma, intensifica a sua retenção nas camadas mais baixas da atmosfera. Esse fenômeno natural é importante para manutenção da temperatura, considerada dentro dos limites aceitáveis à vida no planeta Terra.

Entretanto, aumentos recentes nas concentrações de gases com capacidade de retenção de calor, também chamados de Gases de Efeito Estufa (GEE), têm causado na atmosfera impacto no balanço de radiação solar do planeta, tendendo ao aquecimento da superfície da Terra. 

Os principais GEE contemplados pelo Protocolo de Quioto são: Dióxido de Carbono (CO2), Metano (CH4), Óxido Nitroso (N2O), Clorofluorcarbonos (CFCs), Hidrofluorcarbonos (HFCs), Perfluorcarbonos (PFCs), Hexafluoreto de enxofre (SF6).

Atividades humanas, intensificadas a partir da Revolução Industrial (final dos anos 1700 e início dos anos 1800) e que se prolongam até a atualidade, geram inúmeras fontes de emissão desses GEE decorrentes como: a queima de combustíveis fósseis, o desmatamento, drenagem de pântanos, fertilizações nitrogenadas ineficientes, queimadas, preparo intensivo do solo, entre outros.

Com a intensificação destas atividades e, consequentemente, com o incremento das emissões dos GEE à atmosfera (principalmente o CO2), detectou-se aumento do aprisionamento do calor no planeta Terra durante um longo período de tempo. Desta forma, ocorre o que se convencionou chamar de aquecimento global, o qual por sua vez pode gerar alterações e mudanças nos padrões do clima da Terra, com consequências imprevisíveis".

O que o aquecimento global significa?

"O termo "aquecimento global" significa que toda a Terra está aquecendo, ou seja, a sua temperatura atmosférica média de superfície está aumentando ao longo dos anos como consequência do aumento do efeito estufa, o qual é devido ao incremento na concentração atmosférica de alguns GEE, em especial, o CO2, CH4 e N2O.

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Entretanto, existem diferenças entre estes gases no que diz respeito à sua capacidade de reter calor. Por exemplo, o padrão GWP1 adotado pelo IPCC2 indica que o metano e o óxido nitroso são 21 e 310 vezes mais potentes, respectivamente, em reter radiação solar do que o CO2 para um período de 100 anos.

Porém, no Brasil, devido a maior acurácia científica na representação do potencial de aumento de temperatura de cada gás de efeito estufa, existe a preferência pelo uso de outra métrica para medir estes efeitos dos GEE, que é o GTP3, o qual detém importante diferença com o padrão GWP.

O CO2 é o mais importante GEE com emissões intensificadas por atividades humanas.  A concentração atmosférica global de CO2 aumentou de um valor pré-industrial (por volta do ano de 1750) de cerca de 280 ppm para 394 ppm em 2010. A concentração atmosférica de CO2 em 2005 ultrapassa em muito a faixa natural ao longo dos últimos 650.000 anos (entre 180 a 300 ppm), como determinado a partir de núcleos de gelo.

As concentrações anuais de CO2 tiveram uma taxa de crescimento maior durante os últimos anos (média entre os anos 1995-2010 = 1,94 ppm por ano), do que tem sido desde o início das contínuas medições atmosféricas (média entre os anos 1960-2005 = 1,46 ppm por ano).

Outros aspectos também podem contribuir para o efeito estufa e para o aquecimento global: a atividade solar cíclica que gera períodos de aquecimento, os quais parecem ser acompanhados de maior concentração de CO2, por causa da decomposição mais rápida e mais intensa de materiais orgânicos; a redução das áreas verdes cobertas por vegetação permanente; o aumento das superfícies irradiantes e produtoras de calor em excesso; e a redução de água residente, iniciando processos de aridização e de desertificação.

Nos últimos séculos, a temperatura média da superfície da Terra já aumentou em cerca de 0,8ºC, e a projeção era de um aumento entre 1,4ºC a 5,8ºC nos próximos 100 anos, conforme foi descrito no "Quarto Relatório de Avaliação do IPCC", em 2007. E de acordo com o último relatório do IPCC, em 2013, aumentou a certeza da participação humana nas causas do aquecimento global e a registrou-se que a temperatura já aumentou 0,89ºC desde 1905, embora ela esteja mais ou menos estável nos últimos 15 anos. Ainda neste relatório consta que há 66% de probabilidade da temperatura aumentar 2ºC até 2100, e que isto poderá gerar mudanças climáticas".

Leia também > 

Acompanhe e confira em breve a quarta pergunta-resposta disponibilizada pelo MilkPoint!

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