MG: Senar lança programa de superação para famílias rurais de Brumadinho

O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural lançou no último domingo (28), em Brumadinho (MG), o Senar SuperAção, programa que vai atender  famílias rurais impactadas pelo rompimento da barragem na região.

O evento, na Estação Cidadania, marcou as comemorações do Dia do Produtor Rural com uma série de serviços de saúde preventiva, atividades de lazer e atrações culturais para a população local.

Na cerimônia de lançamento, o diretor-geral do Senar, Daniel Carrara, ressaltou a importância do acompanhamento técnico para a recuperação e melhoria da produção agropecuária local. Por outro lado, o Senar também vai atuar para mostrar como os produtores rurais continuam produzindo alimentos seguros para o consumidor.

“Nós já diagnosticamos que os produtores rurais não estão conseguindo vender seus produtos em função do preconceito relacionado à produção dos alimentos. O Senar está comprometido para garantir que a realidade do meio rural de Brumadinho seja transformada e que os produtores rurais voltem a ter renda e dignidade”, declarou Carrara.

Durante dois anos, o programa Senar SuperAção Brumadinho vai prestar, gratuitamente, Assistência Técnica e Gerencial, Formação Profissional Rural e Promoção Social às famílias impactadas. A iniciativa envolve o Sistema CNA/Senar, a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg) e o Senar/MG, com a parceria do Ministério da Cidadania, por meio da Aliança Brumadinho.

Em seu pronunciamento, o presidente do Sistema Faemg/Senar, Roberto Simões, lembrou que esteve em Brumadinho dez dias após o rompimento da barragem e anunciou aos produtores rurais na época que a instituição voltaria com ações definidas para ajudar a levantar a produção agrícola local.

“Teremos técnicos lutando por vocês e tratando de todas as questões necessárias para restabelecer a comercialização dos produtos agrícolas. Além da assistência técnica na produção, nós vamos auxiliar os produtores rurais na gestão dos negócios. Esse trabalho será uma força na recuperação da economia local para que os produtores rurais voltem a comercializar seus produtos”, enfatizou.

Durante a cerimônia, foi assinado um termo de cooperação entre o Senar/MG e o Ministério da Cidadania para a implantação de projetos produtivos no meio rural com o auxílio técnico do Senar. A parceria vai possibilitar que os agricultores inseridos no cadastro único de programas sociais recebam recurso de R$ 2.400,00 (divididos em duas parcelas) para projetos produtivos de fomento rural.

O secretário nacional de Inclusão Social e Produtiva Rural do Ministério da Cidadania, José Roberto Cavalcante, representou o ministro Osmar Terra na cerimônia. “Instituímos a Aliança por Brumadinho, que está empenhada em recuperar os danos sociais e econômicos em decorrência do rompimento da barragem, para que a população atingida não entre em um colapso social e financeiro. Essa responsabilidade social é de todos”, observou o secretário.

Momento de superação

O agricultor Márcio José de da Silva fez questão de ir ao evento de lançamento com a esposa Selma da Silva. O casal produz hortaliças e ovos no assentamento Pastorinhas, a 9 quilômetros do centro de Brumadinho. A captação de água é feita de um local que não teve nenhum impacto, mas desde o dia 25 de janeiro o casal e outros agricultores do local sofrem para conseguir vender os produtos.

“A partir daquele momento, nós não conseguimos colocar nossos produtos no mercado. As pessoas não querem comprar por causa de falta de informação correta. Já que o momento é de superação, temos que mostrar para o público consumidor que nem todo município está contaminado, nem toda fonte de água foi afetada”, revelou Márcio.

O casal Ivan Fernandes de Queiroz e Eliselma Campos Amorim produz mandioca e tangerina na comunidade rural Toca de Cima, bem distante do local do rompimento, mas as consequências são sentidas todos os dias.

 “O preconceito me atrapalhou demais. Eu estou longe de onde aconteceu o acidente, mas ninguém quis comprar os meus produtos porque sou de Brumadinho. Parece que tudo aqui está contaminado, quando dizíamos que o produto é de Brumadinho ninguém queria comprar. É claro que foi uma tragédia terrível, mas não acabou com Brumadinho. Tem muitos produtos bons aqui”, desabafa Eliselma.

Ela calcula o prejuízo em mais de R$ 50 mil. “Semana passada tive que passar o trator por cima da produção de mandioca pronta para colheita, pois não adiantava colher porque as pessoas não estavam comprando. Além disso, vai comprometer a produção da próxima cultura agrícola”.

As informações são da Assessoria de Imprensa do Senar/MG.