RS: volta das chuvas favorece trigo e pecuária leiteira

A chuva registrada desde terça-feira (12) amenizou a estiagem que há dois meses castigava principalmente o norte e o noroeste do Rio Grande do Sul e trouxe novo alento para os produtores. As maiores beneficiadas serão as lavouras de trigo, que começam a ser plantadas na segunda quinzena deste mês, e a pecuária leiteira, a partir da recuperação das pastagens, afirmou a diretor técnica da Emater-RS, Águeda Mezomo.

Em Erechim e São Valentim, a recomposição dos níveis das barragens das cidades permitiu à Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) suspender o racionamento imposto desde o dia 4 deste mês e o início de março, respectivamente.

No acumulado da semana até ontem (14), o volume das precipitações no norte e noroeste do Estado variou de 120 a 150 milímetros, muito próximo da média histórica de 150 a 170 milímetros para o mês de maio, informou a meteorologista Olívia Nunes, da Somar Meteorologia. Segundo ela, as perspectivas de chuva são boas até junho ou julho porque o enfraquecimento do fenômeno La Niña vai facilitar a entrada de frentes frias no Rio Grande do Sul combinadas com o movimento, para o Sul, de umidade da região amazônica que estava retida no Norte e Nordeste do país.

Conforme Olívia, a chuva dos últimos dias foi um "passo importante" para a recuperação da umidade do solo no Estado e também do oeste de Santa Catarina e do Paraná. Para a diretora técnica da Emater-RS, as pastagens ainda levarão dois meses para voltar à normalidade.

Mesmo com o retorno da chuva, o primeiro levantamento da Emater-RS para as lavouras de trigo, a principal cultura de inverno do Estado, aponta para uma área plantada de 864,5 mil hectares, com queda de 10,9% em relação a 2008, com produção de 1,7 milhão de toneladas, 22% a menos do que no ano passado. Segundo Águeda, a causa para o recuo não é o clima, mas os baixos preços recebidos pelo produtor, que estão na faixa de R$ 24,50 a saca de 60 quilos, quase 29% inferiores aos valores registrados há um ano. A chuva não terá efeito sobre lavouras de milho e soja, que já estão com a colheita quase concluída.

A matéria é de Sérgio Bueno, publicada no jornal Valor Econômico, adaptada pela Equipe MilkPoint.