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Região lidera produção de leite em Minas Gerais

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 12/03/2001

5 MIN DE LEITURA

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O deslocamento do eixo de produção leiteira do Estado de Minas Gerais, tradicionalmente constituído pelas regiões da Zona da Mata e do Sul de Minas, para a região do Triângulo Mineiro e do Alto Paranaíba tem se intensificado, garantindo a essas regiões posição de liderança neste setor, segundo informa reportagem de Virna Campos, publicada hoje na Gazeta Mercantil. O que, entretanto, tem permitido a mudança da referência da cadeia produtiva de leite no Estado não é o aumento de produtividade, mas a redução nos custos de produção aliada ao desenvolvimento crescente da atividade tecnificada.

Em 2000, o Brasil produziu 20 bilhões de litros de leite. A produção de Minas corresponde a 30% deste volume. O Triângulo e Alto Paranaíba juntos representam hoje 23% da produção do Estado, seguidos das regiões Sul e Sudoeste que ocupam 18% e a Zona da Mata com 12%.

Deslocamento

Sebastião Teixeira Gomes, professor titular do Departamento de Economia Rural da Universidade Federal de Viçosa (UFV), observa porém que, antes mesmo de ter ocorrido a transferência do eixo leiteiro, deu-se o deslocamento na produção de grãos - como milho e soja - do Paraná e da região Sul do país, para estados próximos ao Triângulo Mineiro, como Goiás e Mato Grosso. Esse fato promoveu o barateamento de custos com ração e sistemas de forragem para alimentação de gado, o que, conseqüentemente, beneficiou e reforçou o desenvolvimento da pecuária leiteira.

O Sul de Minas ainda permanece como a região de maior produtividade do Estado, com ênfase no mercado de leite B, mas perdeu em produção, principalmente com a chegada do Leite Longa Vida aos mercados de São Paulo e norte do Paraná - principais escoadores da produção do sul mineiro. Segundo explica o especialista, o custo de produção do leite B - por apresentar-se como um leite de maior qualidade, com menor contagem bacteriana dentre outras características - é superior aos das demais classificações, o que inviabiliza também a retomada de posição do sul de Minas no cenário regional.

No que diz respeito à Zona da Mata, terceira região de maior produção no Estado, a cadeia do leite se fundamenta em cima de pequenas propriedades, mas a região é marcada por relevo muito acidentado e montanhoso, o que torna difícil aumentar o volume de produção. "O mercado exige maior volume e, além disso, nesta região o crescimento da cultura do café abriu forte concorrência com a pecuária de leite", conta o professor.

A situação favorável do Triângulo e Alto Paranaíba tende a se ampliar porque a otimização dos custos de produção e sistemas adotados nestas duas regiões estão se equiparando aos das atividades mais intensivas como as lavouras de milho e soja. Além disso, experiências em melhoramento genético de bovinos também repercutem no segmento do leite. "Por enquanto somos líder em produção, mas com a ampliação dessas tecnologias poderemos atingir melhores índices de produtividade também", avalia.

Mudanças sinalizam para um novo perfil da pecuária leiteira

Sebastião Teixeira Gomes situa que, cada vez mais, um seleto grupo de produtores está sobrevivendo no mercado do leite. As baixas margens de lucro não tem permitido a pequenos produtores investirem em tecnologias para melhoria de qualidade do produto, o que torna a produção brasileira concentrada nas mãos de grandes produtores que possuem condições de atividade em larga escala. Esses pecuaristas produzem em média, volumes superiores a 500 litros por dia, correspondentes a 60% da produção. Destes, 16% ainda são filiados à indústrias de laticínios.

Segundo Sebastião Teixeira, como a cada ano os preços do leite vêm caindo consideravelmente, a margem de ganho diminui e situações que eram comuns no passado não subsistem neste mercado. Um pequeno pecuarista que hoje perfaz uma média diária de 100 litros precisa, no mínimo, dobrar sua produção. "Supondo que ele se contente em ganhar quatro salários mínimos de lucro, se o preço pago pelo litro for de R$ 0,30 ele teria que tirar R$ 0,6 em cada litro para obter uma margem de 20% de lucro. Então, ele teria de produzir cerca de 10 mil litros por mês, ou seja, 330 litros por dia para tirar este percentual" exemplifica.
O professor enxerga como alternativa ao pequeno produtor que não está conseguindo se manter nesta cadeia a criação de políticas sociais compensatórias. "Cerca de 80% de nossa população é urbana. O governo deveria reduzir o preço dos alimentos e oferecer ao trabalhador rural uma aposentadoria ou benefícios indiretos, como bolsas de estudos para seus filhos. Ou seja, medidas essas que trazem efeitos diretos para o campo", conclui.

Alzemar José Delfino, professor do Centro Universitário do Triângulo (Unit) e pesquisador em pecuária leiteira do Mercosul, observa que não são, na verdade, os pequenos produtores que abandonam a cadeia e sim os médios e grandes que percebem cada vez mais sua inviabilidade econômica. Este fator, segundo situa, se deve ao cenário que se configurou para o setor nos últimos dez anos, após ter ocorrido a abertura comercial no inicio da década de 90. Esta abertura resultou na liberação dos preço do leite e no aumento do número de "tiradores de leite", ou seja, aqueles pecuaristas que têm o leite apenas como um subproduto de suas atividades.

Esses ruralistas acabam por concorrer com os "produtores de leite" na safra, ocasionando aumento de oferta e conseqüentemente a queda de preços. O que acontece porém é que na entressafra os "tiradores" diminuem sua produção, ou simplesmente saem da atividade, promovendo a venda de seus animais e desequilibrando o fluxo do fornecimento na cadeia produtiva de leite.

Alzemar Delfino conta que o Brasil registrou, no ano passado, deficiência de 2 bilhões de litros de leite. No mesmo ano, o país importou 1,25 bilhões de litros. O professor esclarece que a defasagem é crescente. Embora aumente-se o volume produzido de litros, observa-se que justamente aqueles produtores que têm uma estrutura já consolidada não conseguem sustentar a produção, uma vez que os preços não remuneram seus investimentos. "Hoje constatamos uma liquidação em média de dois grandes plantéis por mês, mas os pequenos não. Eles buscam formas alternativas, mesmo que mínimas de renda, porque dependem da atividade para sobreviver", finaliza.

(Por Virna Campos, para Gazeta Mercantil, 12/03/01)

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