O tempo seco em setembro dificultou o início do plantio da atual safra de grãos de verão e chegou a gerar preocupação aos produtores sobre a janela ideal de trabalho para o cultivo de milho de inverno do ano que vem. Mas 'São Pedro ajudou' e, após um período chuvoso no Centro-Sul na semana passada, a semeadura de soja evoluiu e chegou à média histórica no Brasil.
Conforme a AgRural, 21% da área plantada de soja estimada para este ciclo 2019/20 (36,5 milhões de hectares) foi semeada até o dia 17 de outubro, em linha com a média dos últimos cinco anos. Uma semana antes, eram 11%, o que significava que os trabalhos estavam atrasados. Nos cálculos da consultoria Safras & Mercado, o ritmo já superou à média para o período, de 18,2%, e o percentual atingiu 19,5% da área total projetada (36,9 milhões de hectares).
Apesar de as estimativas de área das duas consultorias serem levemente diferentes, ambas preveem aumento de 1,5% em relação à temporada 2018/19. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a semeadura de soja se espalhará por 36,6 milhões de hectares em 2019/20, 1,9% mais que em 2018/19, e a colheita somará 120,4 milhões de toneladas, um aumento de 4,7% ante ao ciclo anterior.
Embora tenha chegado à média dos últimos cinco anos, o ritmo na safra atual permanece abaixo do observado na temporada passada, o mais acelerado já registrado. Segundo a AgRural, nesta época de 2018 a semeadura já havia alcançado 34% da área prevista, e de acordo com a Safras o percentual estava em 27,5%.
As duas consultorias apontaram que a evolução observada foi puxada por Mato Grosso, que lidera a produção de grãos do país e onde metade da área de soja em 2019/20 foi semeada até quinta-feira. “Embora as chuvas ainda estejam irregulares em alguns pontos do Estado, volumes e cobertura melhoraram na primeira quinzena de outubro, permitindo que os produtores superassem o atraso inicial observado em setembro”, diz nota da AgRural.
Na última sexta-feira, o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea/Famato) informou que o plantio de soja no Estado havia alcançado 41,8% da área esperada - avanço de 23 pontos percentuais em uma semana, mas ainda um atraso de 9,2 pontos ante o mesmo período do ciclo passado. Também houve avanço no Paraná, segundo maior Estado produtor de grãos, mas o plantio segue atrasado porque o clima permanece seco. Até quinta-feira passada (17/10), 33% da área paranaense de soja foi semeada, o índice mais baixo para esta época desde o ciclo 2011/12, segundo a AgRural.
“Não bastasse o atraso, parte dos produtores do oeste do Estado vai precisar replantar”, informa a consultoria. “Se as chuvas não melhorarem na segunda quinzena de outubro, o plantio da segunda safra de milho deverá enfrentar problemas em 2020, já que a janela ideal no oeste paranaense se fecha em meados do mês de fevereiro”.
Dos EUA à China
A China ofereceu para empresas locais e multinacionais cotas livres de tarifa para a importação de 10 milhões de toneladas de soja dos EUA, disseram duas fontes à agência Reuters. A informação confirma o que disse ao Valor o consultor Steve Cachia. A cota foi definida em um encontro promovido pela agência chinesa de planejamento, que veio após o presidente americano, Donald Trump ter afirmado que a China concordou em comprar até US$ 50 bilhões em produtos agrícolas dos EUA.
As informações são do jornal Valor Econômico.