Combinando as necessidades da indústria com as demandas do consumidor e as capacidades de suas equipes de pesquisa, o FHI conduz extensa pesquisa in vitro e in vivo em animais e seres humanos para determinar em que processo biológico são eficazes e até que ponto. As áreas-alvo, identificadas pelos parceiros da indústria no consórcio FHI são: idosos, atletas, obesos, diabéticos, lactentes (incluindo bebês afetados pela alergia à proteína do leite de vaca).
Nos últimos 40 anos têm ocorrido um aumento dramático em doenças alérgicas como asma, eczema e febre do feno, particularmente no mundo ocidental. Junto com estas alergias veio um aumento de alergias alimentares. Hoje, quase todas as salas de aula na Irlanda e no mundo têm uma criança com necessidade de evitar leite, ovos ou nozes. As alergias alimentares ocorrem quando o sistema imunológico fica "confuso". Em vez de ignorar proteínas inofensivas dos alimentos, desencadeia uma reação que leva à liberação da histamina química, que provoca os sintomas clássicos de alergia; urticária e inchaço, que são gerenciáveis em um contexto rotineiro. Entretanto, uma reação mais grave, anafilaxia, pode ser fatal. Aproximadamente 90% das reações alérgicas alimentares vêm de oito alimentos: leite, ovos, amendoim, nozes, soja, trigo, peixe e marisco.
Na Irlanda, as alergias ao leite são duas vezes mais comuns que as alergias aos ovos e três vezes mais comuns que as alergias ao amendoim. A principal estratégia de tratamento para a maioria das alergias alimentares baseia-se em evitar os alergênicos, o que é particularmente desafiador para o leite, à medida que esse constitui a base para muitos produtos da nutrição infantil. O leite de vaca é uma fonte de proteína ideal, pois tem nove aminoácidos e, portanto, o FHI diz que é importante permitir que mais crianças o consumam, no momento adequado de suas vidas, sem desenvolver uma alergia a ele.
O fato de as crianças não nascerem com alergia ao leite é muito encorajador e sugere que pode haver maneiras de prevenir isso. Os pesquisadores sabem há muito tempo que as crianças não nascem alérgicas a coisas; as crianças não herdam uma alergia específica, mas sim há uma tendência genética para desenvolver uma doença alérgica. O leite materno é o padrão-ouro para o bebê em crescimento, mas ainda 0,5-1% dos bebês amamentados desenvolvem alergia ao leite de vaca. Assim, tem havido um impulso na indústria para produzir novos produtos alimentares ou ingredientes que são capazes de melhorar a saúde infantil no contexto da alergia alimentar. Estes ingredientes são chamados de "bioativos" já que são conhecidos por ser ativos dentro do corpo.
O FHI está estudando bioativos em produtos lácteos capazes de melhorar ou prevenir a alergia ao leite de vaca em bebês. O FHI observa que os bioativos derivados de leite mostraram possuir uma variedade de atividades biológicas, incluindo antioxidante, anti-inflamatórios, anti-hipertensivos e anticâncer. Em muitos casos, estes bioativos derivados do leite são incorporados como ingredientes em alimentos funcionais, nutracêuticos e farmacêuticos.
Este progresso atual na identificação de peptídeos de leite bioativos (em particular peptídeos bioativos com atividade anti-inflamatória) é um campo de pesquisa crescente. Embora o tratamento mais comum de alergia alimentar é evitar completamente o alimento, existem alguns tratamentos farmacológicos disponíveis. Os tratamentos farmacológicos atuais da inflamação de doenças inflamatórias, no entanto, são dispendiosos e podem também estar associados a efeitos colaterais adversos. Portanto, os peptídeos do leite derivados de alimentos com atividade anti-inflamatória poderiam ser usados como uma nova alternativa para o tratamento e controle de doenças inflamatórias.
O FHI está desenvolvendo novas ferramentas para avaliar peptídeos bioativos. Pesquisadores do FHI dizem que é possível avaliar diretamente como esses alimentos funcionais anti-inflamatórios agem em células humanas sem ter que fazer testes em voluntários humanos.
Esta abordagem é mais fácil e mais barata do que fazer uma fase I ou uma fase II de um ensaio clínico, e espera-se que isso será de verdadeiro valor para as empresas de nutrição, incluindo fabricantes de fórmulas infantis, à medida que estas novas ferramentas aumentariam fortemente a previsibilidade do sucesso antes do investimento em ensaios de intervenção dispendiosos. O uso de peptídeos derivados do leite com atividades de promoção da saúde pode pavimentar o caminho focado no melhor resultado para os indivíduos alérgicos a alimentos, disseram os pesquisadores do FHI.
O FHI é um consórcio de pesquisa criado em 2006, quando representantes da indústria de lácteos irlandesa juntaram-se à Enterprise Ireland, a agência governamental na Irlanda responsável pelo apoio aos negócios irlandeses. A ideia é explorar a possibilidade de colaborar no estudo do papel do leite na melhoria da saúde pública.
As informações são do Dairy Reporter, traduzidas pela Equipe MilkPoint.