Conduzida pela Biomin, empresa do grupo austríaco Erber que desenvolve aditivos para rações para melhorar o desempenho dos animais, a pesquisa coletou e analisou ao longo do primeiro trimestre 4,8 mil amostras de grãos e rações, a maioria em países das Américas do Norte e do Sul, que lideram a colheita global de grãos como soja e milho.
Os índices de contaminação por fumonisina ficaram, na média global, acima do patamar considerado seguro, que é de 500 partes por bilhão. Em níveis elevados, a fumonisina pode enfraquecer os sistemas imunológicos humano e animal. No caso dos animais, isso pode comprometer crescimento e desempenho.
Na média mundial, a contaminação por fumonisina do tipo B1, a mais tóxica, ficou em 627 partes por bilhão. A América do Sul foi a região onde as amostras coletadas tiveram maior índice de contaminação com fumonisinas: na média, a micotoxina foi encontrada em 2.129 partes por bilhão. Na Ásia, o ficou em 1.947 partes por bilhão.
Também ficou acima do nível considerado seguro o índice de contaminação global por vomitoxina (conhecida pela sigla DON). Na média das amostras analisadas, foram encontradas 541 partes por bilhão dessa micotoxina, enquanto o limite de risco é de 150 partes. Em níveis elevados, o DON pode provocar vômitos e espasmos musculares.
A contaminação por vomitoxina é maior na América do Norte, presente em 82% das amostras. Na América do Sul, o percentual foi de 61%.
A maior parte das amostras analisadas nas Américas foi de milho, que é o grão mais cultivado nas regiões e o principal componente das rações para animais. Na Europa, por sua vez, o trigo foi o grão mais presente nas amostras, por ser mais relevante na produção agrícola do continente.
Nas amostras coletadas no sul da Europa, o nível de risco ficou em 49%, e na Europa central, em 44%. Porém, algumas micotoxinas se destacaram: a contaminação por fumonisina ficou em 84% no sul europeu, e a por DON alcançou 59% no centro do continente.
Segundo Ricardo Pereira, diretor geral da Biomin para a América Latina, a contaminação com micotoxinas, especialmente no caso da fumonisina, está associado a ocorrência de temperaturas elevadas e de chuvas próximas ao período da colheita - como, de fato, aconteceu no último verão no Brasil.
Apesar da pressão das chuvas, ele ressaltou que o aumento progressivo das temperaturas médias globais tem favorecido o aumento da contaminação com micotoxinas. "E o que temos percebido é que, quanto mais áreas com menos floresta natural, pior o problema. Porque agora, quando o tempo fica mais quente, as temperaturas ficam mais altas por mais tempo. Isso gera pressão em época de chuva", disse.
As informações são do jornal Valor Econômico.