A característica principal da atividade agropecuária em Pernambuco é a agricultura familiar, no qual se enquadram 60% das propriedades rurais do estado. Isto representa mais de 70% da produção estadual de alimentos e que está presente em todas as cadeiras produtivas, a exemplo da cana-de-açúcar e fruticultura. Diante da pandemia da Covid-19 e das medidas de distanciamento social, os impactos variam de acordo com os segmentos. Alguns como sucroenergético e fruticultura irrigada não têm relatos de muitas dificuldades. Outros, como o avícola, já acumulam perdas enquanto outros caminham para uma recuperação após o susto inicial da pandemia.
A bacia leiteira de Pernambuco sofreu impactos no início, motivados principalmente pelo receio quanto à incerteza do cenário. A média de produção é de dois milhões de litro de leite ao dia. Um total de 60% deste quantitativo é destinado as cerca de 80 queijarias artesanais com registro definitivo ou provisório. Diante do fechamento de hotéis, pousadas e restaurantes, muitas delas diminuíram a ração do gado e até reduziram sua produção. Algumas chegaram mesmo a suspender atividades, por falta de demanda. Como efeito direto, o preço do litro do leite, que estava se recuperando em 2019 voltou a recuar.
Com a constatação posterior de que supermercados, mercearias e estabelecimentos voltados à alimentação continuariam abertos, a situação retornou ao status de normalidade. Hoje, o valor do litro varia entre R$ 1,20 e R$ 1,50. “No início, o pessoal ficou com receio de produzir e não ter para quem vender e também de viajar. Quem vende para grandes indústrias não teve problemas e o preço se manteve porque a procura está grande”, explica Saulo Malta, presidente do Sindicato dos Produtores de leite de Pernambuco complementando que as três grandes feiras de queijo do estado – em Venturosa, Cachoeirinha e Capoeira – continuam ativas. Os problemas agora são as viagens dos informais à capital e a alta do dólar. “Os insumos estão muito caros. O saco de soja, por exemplo, está custando R$ 92 reais”, explica.
Medidas adotadas pelo governo quanto à agricultura
• Programa Compra Local
Trata-se de um investimento inicial de R$ 1 milhão voltado à aquisição de gêneros alimentícios produzidos pelos produtores rurais do estado, incluindo mercadorias como queijo coalho, leite de cabra, ovos de galinha, ovos de codorna e mel de abelha, além de outros itens hortifrutigranjeiros. Ao todo, serão mais de 200 mil toneladas de alimentos in natura e processados, separados em 20 mil kits com 13 produtos cada, destinados a famílias carentes.
• PEAAF
O Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar (PEAAF) regulamenta a compra institucional de alimentos e assegura que, pelo menos, 30% das compras governamentais de alimentos tenham como origem a produção da agricultura familiar. O Projeto de lei instituindo o programa foi aprovado na Assembleia Legislativa de Pernambuco e seguiu para a sanção do governo.
• PAA Nacional
Foi encaminhada, ainda, ao Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), desde o último dia 3, uma nota conjunta assinada por todos os secretários de Agricultura do País, requerendo a criação de um fundo de microcrédito voltado aos produtores familiares, além da ampliação do Programa Nacional de Aquisição de Alimentos (PAA) e do Programa do Leite (PAA Leite). No caso do Programa do Leite, a solicitação visa garantir o fornecimento diário de 100 litros por produtor de base familiar, ampliando a cota individual de R$ 9.500 para R$ 18.000.
As informações são do Diário de Pernambuco, adaptadas pela Equipe MilkPoint.