As cadeias de produção animal são uma importante fonte de emissões de nitrogênio e um grupo de pesquisadores exige uma iniciativa global para combater a poluição, de acordo com um novo estudo.
O artigo, publicado na revista de pesquisa Nature Food, avalia os impactos do setor pecuário nos fluxos e emissões globais de nitrogênio, incluindo o comércio internacional.
A aplicação de fertilizantes e adubos sintéticos de nitrogênio e o transporte de produtos ricos no componente, como alimentos para animais, contribuem para o fluxo global, de acordo com a pesquisa.
O estudo foi realizado por Aimable Uwizeye, oficial de política pecuária da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação e colaboradores. Uwizeye disse que a poluição por nitrogênio emitida pela pecuária global está ameaçando a saúde ambiental e humana, com impactos significativos nas mudanças climáticas e nas perdas de biodiversidade.
Em resposta, o grupo exorta o setor pecuário a implementar uma iniciativa global para combater a poluição por nitrogênio, ao mesmo tempo em que apoia a segurança alimentar. O estudo ajuda a identificar oportunidades para melhorar o gerenciamento sustentável de nitrogênio, aumentando a eficiência dos sistemas de pecuária e reduzindo os impactos ambientais.
O estudo abrange 275 países e territórios agrupados em 10 regiões diferentes e a análise foi baseada no Modelo Global de Avaliação Ambiental da Pecuária (GLEAM) atualizado, desenvolvido pela FAO.
A análise mostra que o setor pecuário emite cerca de 65 teragramas por ano, o que equivale a um terço das atuais emissões de nitrogênio induzidas pelo homem. Desse montante, 66% são alocados para a Ásia.
Os sistemas de ruminantes (bovinos, búfalos, cabras e ovelhas) liberam globalmente 71% das emissões totais de nitrogênio da pecuária, com a produção de ovos e carne de frango e porco contribuindo para os 29% restantes.
O estudo sugere que incentivar os produtores a coletar, transportar e reciclar esterco para as áreas de cultivo disponíveis poderia ajudar a reduzir as emissões, além de projetar um sistema de produção espacialmente menos concentrado.
Matthew Knight, executivo-chefe da RABDF (Associação de Produtores de Leite Britânicos), acredita que muitas das informações atualmente divulgadas na mídia exageram o impacto do gado leiteiro no meio ambiente.
“A pecuária, principalmente a produção de gado, vem enfrentando uma pressão crescente pelo impacto que as vacas têm sobre o meio ambiente. A realidade é que a produção de laticínios é responsável por apenas 3% do total de emissões de gases do efeito estufa (GEE). Embora sempre haja espaço para melhorias no que diz respeito à pegada ambiental da agricultura, muitas das críticas feitas aos produtores de leite e ao setor têm sido incrivelmente injustas."
"Não apenas as estatísticas sobre pegadas de carbono e emissões de gases de efeito estufa podem ser incrivelmente complicadas, mas muitas das informações atualmente divulgadas na mídia exageram o impacto do gado leiteiro no meio ambiente."
As informações são do FoodBev.com, traduzidas pela Equipe MilkPoint.