A capacidade de os produtores de leite neozelandeses de provar aos consumidores que seus animais estão felizes, saudáveis e bem cuidados será vital para os próximos dez anos na indústria, segundo um painel de discussão no “Dairy 2032”.
“Parte disso consiste em usar a ciência, informações e dados para poder dizer que é realmente uma vaca feliz e saudável”, disse o especialista em saúde animal, Scott McDougall. "Precisamos ser capazes, com a mão no coração, de mostrar informações que digam que é uma vaca feliz. Ela está comendo, bebendo, andando e se comportando como uma vaca.", complementou. "Se não temos licença social, não temos indústria."
Professor da Massey Veterinary School, McDougall disse que ter os dados para dizer quando uma vaca "não se encaixa no padrão" permitiu uma intervenção precoce nos problemas, o que foi bom para ela e para a fazenda. Também foi bom para o meio ambiente, porque uma vaca saudável não está queimando energia e proteína combatendo doenças ao invés de produzir produtos.
"Ser capaz de medir mais coisas sobre a vaca, [...] será muito importante para contar nossa história internacionalmente,” afirmou. "Podemos conversar com nossos consumidores e dizer, olha, nós analisamos isso, entendemos como são as vacas felizes e saudáveis e, a propósito, aqui está meu smartphone, e lá está a vaca Betsy e ela está muito feliz e saudável, muito obrigado."
McDougall foi um dos palestrantes do evento, organizado pelo fabricante de coleiras virtual e monitoramento de vacas Halter, e realizado no Ngai Tahu Farming Dairy Hub em Waimakariri.
Outros palestrantes foram a consultora ambiental de Canterbury, Charlotte Glass, o produtor de laticínios sustentável de Waikato, Pete Morgan, o professor de agronegócios da Lincoln University, Hamish Gow, e o fundador da Halter, Craig Piggott.
Morgan e sua esposa, que criam 630 vacas em 265 ha em Pokuru, Waikato, foram nomeados os vencedores de 2021 do Prêmio Fonterra Responsible Dairy (Prêmio Fonterra do Leite Responsável, em uma tradução livre). Ele disse que, quando eles começaram a produzir, era tudo sobre evidências empíricas e lucro operacional, mas depois perceberam haver muito mais no resultado final do que apenas lucratividade. Deixando de lado a crença de que cada metro quadrado de pastagem tinha que ser retido a todo custo, eles começaram a plantar mata nativa em suas terras mais marginais. Começaram com cerca de 10 plantas, e agora eles plantam de 2.000 a 3.000 por ano.
Foi uma percepção "bastante profunda" de que eles poderiam fazer isso mantendo a lucratividade, disse ele. Houve benefícios tangíveis em termos de qualidade da água e biodiversidade. Morgan disse que sua fazenda está agora em várias rotas de voo de pássaros nativos entre as montanhas circundantes e eles trazem suas próprias sementes.
Cliente da Halter, Morgan disse que nos próximos 10 anos os produtores usarão "alguns avanços tecnológicos incríveis" para se conectar melhor com suas pastagens, animais, e também com sua equipe como parte integrante do sistema de gestão. Mas também será fundamental que os produtores “mantenham o controle” contribuindo nas discussões com o governo e conselhos regionais e levando os consumidores a compreender as histórias dos produtores.
Glass disse que nos próximos 10 anos os produtores adotarão tecnologias voltadas para a agricultura baseada em evidências, “passando da conformidade para a estratégia”. A conformidade ambiental, ou seja, estar de acordo com as legislações e normas, foi um desafio para os produtores de Canterbury que enfrentam "cerca de quatro níveis diferentes de regras", então a chave era ir além dos regulamentos e personalizar uma estratégia para cada fazenda, disse ela. Ao entrar em conformidade com as normas com antecedência, Canterbury tem uma vantagem sobre o resto do país.
As informações são do Rural News, traduzidas e adaptadas MilkPoint.