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Nossa Comunidade - Paulo Mühlbach, Faculdade de Agronomia da UFRGS e consultor

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 06/09/2011

13 MIN DE LEITURA

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Esse espaço é destinado a conhecer melhor os usuários do MilkPoint que mais participam com artigos, comentários e análises. É com muita satisfação que, ao retomar essa coluna, que estava meio parada, apresentamos o Prof. Paulo Mühlbach, profundo conhecedor da atividade leiteira no Rio Grande do Sul. Com opiniões bem embasadas e muita clareza, ele expõe sua visão sobre o leite no país, com ênfase no Rio Grande do Sul.



1 - Nome e breve descrição profissional/pessoal:

Paulo Roberto Frenzel Mühlbach, Engº Agrº, Mestre em Zootecnia pela UFRGS, Dr. sc. agr. pela Universidade Christian Albrecht de Kiel, Alemanha, Professor Associado, aposentado, Departamento de Zootecnia da Faculdade de Agronomia, UFRGS.

Atualmente presto consultoria eventual na forma de palestras e treinamentos em Produção Leiteira, especialmente no que se refere à nutrição e alimentação do gado leiteiro.

2 - O Rio Grande do Sul vem sendo palco de investimentos de empresas do setor lácteo, com grandes expectativas de aumento da produção. Por enquanto, há capacidade ociosa. Em sua opinião, o que falta para o RS deslanchar?

Os investimentos surgidos nos últimos anos no Noroeste do RS e também no Oeste de Santa Catarina, são conseqüência, aparentemente, de uma espécie de "efeito manada" por parte dos laticínios, criando, temporariamente, esta capacidade ociosa. Bastou uma empresa líder "descobrir" a vocação e os incentivos para a produção leiteira na região, para outras decidirem pelo mesmo.

As expectativas são grandes em razão do potencial de produção nestas regiões, em termos de clima, solo, integração com a lavoura, mão-de-obra familiar, etc. sendo a renda mensal propiciada pelo leite um importante atrativo, principalmente para as propriedades menores, que predominam em número.

Com a tecnologia disponível, um pequeno rebanho de umas 40 vacas em lactação, numa área de 15 a 20 hectares (com produtividade anual acima de 20.000 litros/ha) pode produzir, com a mão-de-obra familiar, seus 1.000 a 1.500 litros diários de leite, o que a torna muito interessante para a indústria. Pela ótica do laticínio, esse tipo de produtor não seria suficientemente grande e unido a ponto de "incomodar" e pressionar por remuneração e, por outro lado, poderia ser mais facilmente "fidelizável".

Esse rápido crescimento, mas geograficamente desordenado, na instalação das novas plantas, com muita superposição nas linhas de coleta, está propiciando maiores opções de comercialização ao produtor, porém, às vezes, onerando desnecessariamente o frete.

Também os médios e alguns grandes granjeiros de soja (áreas acima de 200 ha) estão buscando no leite uma alternativa de renda mensal programável.

"Os investimentos surgidos nos últimos anos no Noroeste do RS e também no Oeste de Santa Catarina, são conseqüência, aparentemente, de uma espécie de "efeito manada" por parte dos laticínios, criando, temporariamente, esta capacidade ociosa".

A atividade leiteira é muito complexa, ainda mais quando produzida de modo mais intensificado, como demanda a escala de produção em áreas pequenas. Esse tipo de produtor idealiza uma vaca de mérito genético o maior possível, mas sem conhecer detalhadamente suas exigências e carências e, portanto, não a maneja a contento. De modo geral, a imensa maioria dos pecuaristas de leite é muito despreparada. Faço uma comparação com o meu caso, pois estudo o assunto permanentemente há mais de 40 anos e sempre há coisa nova a aprender. E isto, que meu foco principal é a alimentação e nutrição da vaca em lactação.

A "receita" de produção leiteira não é tão simples quanto um programa de integração de aves ou de suínos, atividades que estão passando a ser complementares ao leite entre muitos dos produtores principiantes na região. Portanto, há muita tecnologia a repassar a esse produtor "eclético".

Para exemplificar, tenho observado aqui no RS rebanhos com médias de lactação de 5.000 litros, quando o mérito genético dos animais chega ao dobro, ou seja, o produtor está sendo onerado com um custo fixo maior do que o necessário, subutilizando o potencial do animal, "manejando" uma vaca mal alimentada e com maior propensão às doenças e problemas reprodutivos, o que se torna insustentável ao longo do tempo. A relativamente grande incidência de leite instável (à dose maior de alizarol) e a maior proporção do leite captado que não atende à composição mínima exigida pela IN 51, corroboram com isso.

Então, para esta região deslanchar é preciso mais assistência técnica, mas também mais coerência por parte dos laticínios, em termos de política de preços, pois o bolso é sempre o "órgão" mais sensível do produtor.

3 - O Sr. tem se envolvido em debates técnicos sobre sistemas de produção. É possível ter um modelo definido para seu Estado, ou em sua opinião vários sistemas podem co-existir?

Meu envolvimento com esta temática, que é muito ampla, tem se limitado a tentar esclarecer certos conceitos. Por exemplo, a designação "produção de leite a pasto" vem sendo usada erroneamente, pois uma verdadeira produção tipicamente a pasto praticamente não existe aqui na Região Sul, embora, muitas vezes, se queira transmitir essa idéia.

Acho até uma irresponsabilidade induzir a um produtor de área muito limitada a "investir todas as suas fichas" - com a pretensão de baixar custo operacional de produção, calculado de modo simplório - num sistema preponderantemente a pasto, com vulnerabilidades como sazonalidade, variabilidade diária de produção, vazio forrageiro, desperdício de alimento suplementar, estresse ambiental, desgastes por locomoção, desperdício de forrageira por pisoteio, perda excessiva de condição corporal, problemas reprodutivos, etc.

Costumo dizer que produção leiteira não permite o chamado "ganho compensatório", como se poderia realizar com gado de corte. Ou seja, a incerteza climática, que, lamentavelmente, a cada ano apresenta-se cada vez com mais certeza (seja na forma de estiagem, seca, chuva, inundação, frio, geada, granizo ou canícula) pode arruinar lactações ou comprometer a reprodução ou até a sobrevivência de um rebanho, pelo simples fato de que a pastagem "já era", num desses períodos críticos, cada vez mais freqüentes. E o cidadão não armazenou silagem suficiente, não sabe como fazer e não dispõe de estoque de ingredientes para uma suplementação balanceada, não pode oferecer um abrigo coberto com cochos e com bebedouros aos seus animais e nem dispõe de reserva suficiente de água potável.

Contudo, isto também não significa dizer que, num sistema com confinamento, não se deva permitir um acesso controlado ao potreiro, havendo proximidade, conforto animal, disponibilidade e qualidade de forrageiras apropriadas para o nível de produção das vacas em lactação ou das demais categorias do rebanho.

"Acho até uma irresponsabilidade induzir a um produtor de área muito limitada a "investir todas as suas fichas" - com a pretensão de baixar custo operacional de produção, calculado de modo simplório - num sistema preponderantemente a pasto"

Portanto, dada a heterogeneidade de situações possíveis, torna-se difícil recomendar um modelo específico, e continua valendo o dito que "cada caso é um caso". Até uma preferência pessoal pode ser cogitada na adoção de um sistema de produção, desde que a decisão seja tomada com plena consciência de todos os "prós e contras" possíveis.

O que sempre deve ser considerado na Região Sul, seja qual for o sistema de produção escolhido, é o privilégio de se poder cultivar forrageiras com teores de FDN abaixo de 55% (alfafa, aveias, azevém, planta inteira de milho, sorgo, milheto, etc.) que possibilitam compor dietas com concentrações de FDN na MS inferiores a 30%, próprias para altas produções, com o mínimo possível de alimento concentrado, de modo sustentável e adequado à saúde do rúmen.

Nesta questão dos sistemas de produção é preciso ter em mente que nem sempre o menor custo de alimentação por litro de leite, exeqüível na alimentação preponderantemente a pasto, é necessariamente, ao mesmo tempo, o melhor custo de produção, ou seja, aquele que permite a maior margem e a maior rentabilidade da atividade como um todo.

Enfim, na produção racional de leite não há espaço para dogmas, o sistema deve ser flexível, com alta capacidade de responder rapidamente a preços.

4 - Como o Sr. acha que estará a pecuária leiteira do Sul do país e do Brasil em 10 anos? Haverá uma grande mudança, ou as mudanças serão graduais (ou não mudarão)?

Parece um fato anedótico, mas quando comecei na assistência técnica a produtores de leite de um laticínio no Vale do Taquari, RS, há mais de 40 anos, a média por fornecedor era de 25 litros diários! Era o garimpo de leite num minifúndio carente. Já hoje, uma produção diária inferior a 1.000 litros não remunera adequadamente uma família, envolvendo a mão-de-obra de quatro pessoas adultas.

Como tudo é dinâmico, as mudanças continuarão, e as grandes, necessariamente, deverão acontecer na cabeça dos produtores. Acho que a profissionalização total e contínua de todos os elos da cadeia do setor é inevitável, pois produção rentável de leite não é para amadores nem aventureiros. Certas mudanças pela adoção de novas técnicas, só nos últimos 10 anos, foram expressivas, dando-se sempre em etapas (sumiço do produtor "safrista", coleta a granel, tanque de resfriamento, "free-stall", dieta total misturada, somatotropina, sêmen sexado, etc.).

Na minha opinião, a "seleção natural" na estrutura de produção do Sul se processará de modo ainda mais acelerado, na medida em que um volume mínimo de produção (numa primeira etapa, talvez, ao redor de uns 300 l/dia) e as exigências mínimas de qualidade (IN 51) forem, efetivamente, implementados pelos laticínios. Isto não significa que a pequena propriedade familiar seja, necessariamente, atingida, pois temos aqui no Sul muitos exemplos de "pequenos" em área, que são "gigantes" em volume e produtividade, e cujas práticas de produção não são um "bicho de sete cabeças".

Outra mudança inevitável, mas que no Brasil provavelmente ainda demore mais do que 10 anos, trata da efetiva conscientização do produtor com o bem-estar do animal que explora. Isto não somente pelo fato de um animal bem manejado ser mais produtivo e rentável, mas principalmente pela exigência que haverá por parte do mercado, de consumir produtos originários de um estabelecimento cujos fornecedores da matéria prima respeitem e se comprometam com tal prática.

"Hoje, uma produção diária inferior a 1.000 litros não remunera adequadamente uma família, envolvendo a mão-de-obra de quatro pessoas adultas."


5 - Qual é o papel da pesquisa e da extensão nesse processo?

O periódico mensal dos EUA "Journal of Dairy Science" (Ciência Leiteira) existe desde 1917, há 94 anos informando pesquisa aplicada, ininterruptamente. Então, comparativamente, a pesquisa aplicada nacional em produção leiteira ainda é incipiente, embora já tenha prestado contribuições significativas, todavia, com um volume expressivo de conhecimento ainda não repassado totalmente ao público-alvo. Quer dizer, falta aplicar mais a pesquisa, estendê-la ao produtor de leite.

Quando de minha atividade na universidade pública tentei fazer extensão na minha especialidade, mas isso além de não ser reconhecido, era também dificultado pela burocracia. Falta-nos a figura do "Extension Professor".

Creio que também falta uma ligação mais efetiva da pesquisa universitária, talvez até da própria Embrapa e instituições de pesquisa estaduais, com as entidades oficiais de assistência técnica e extensão rural.

"Quando de minha atividade na universidade pública tentei fazer extensão na minha especialidade, mas isso além de não ser reconhecido, era também dificultado pela burocracia. Falta-nos a figura do "Extension Professor". "


6 - Quais são os principais desafios que temos no setor?

a) Sem dúvida, a nível nacional, a questão sanitária é um dos, ou "o" desafio principal, objetivando-se um rebanho livre de aftosa e a erradicação da tuberculose e brucelose. Só para comparar: nos EUA, o programa de erradicação da tuberculose iniciou-se em 1897, e atualmente, com exceção de Michigan e do Texas, os demais estados são considerados livres da doença. O programa estadunidense de erradicação da brucelose teve início em 1934, sendo que, presentemente, a doença é prevalente em, apenas, 0,4% do rebanho bovino. Como se vê, inicia-se no Brasil, com grande atraso, uma longa jornada.

b) Se a luta pelo associativismo de classe não partir dos próprios produtores, não serão os laticínios, nem as entidades governamentais que irão promovê-lo. As entidades existentes, de caráter apenas político, não saem dos gabinetes e apenas agem quando há reivindicação por preços e proximidade de eleições. É incrível, mas não existe classe mais individualista e desunida do que a dos produtores de leite. Creio que, aqui no Sul, isto se deva às características étnico-sociais do homem rural de origem alemã e italiana, ainda muito arredio ao associativismo que se faz necessário. Neste sentido, o cooperativismo local também falhou na criação dessa mentalidade; exceção e exemplo é o cooperativismo desenvolvido na colônia holandesa da região de Castro, PR.

c) Outra questão: quem dará toda a assistência técnica necessária? Muitos produtores ainda estão acostumados a um assistencialismo gratuito, de pessoal não especializado. Os treinamentos do Senar/Sebrae ajudam, mas de modo ainda muito restrito. Os laticínios, salvo raras exceções, limitam-se a contratar "compradores" de leite.

Houve um período em que as cooperativas mantinham um quadro técnico próprio, que, posteriormente foi terceirizado, e do qual também se afastaram por excessivo número de reclamatórias trabalhistas. O problema vai ter que ser solucionado, pois, cada vez mais, há a necessidade de muito conhecimento para exercer uma exploração leiteira sustentável.

d) Outra inquietude advém da proximidade e competitividade do leite produzido pelos "hermanos", principalmente da Argentina. Os cerca de 7 milhões de ha de alfafa lá cultivados destinam-se exclusivamente para o gado leiteiro e são decisivos para um reduzido custo de alimentação daquele rebanho.

e) A eliminação total do chamado "leite clandestino", mácula anacrônica do período em que vivemos.

"Não existe classe mais individualista e desunida do que a dos produtores de leite".


7 - O que tem de positivo acontecendo?

As redes de socialização e comunicação, como é o próprio MilkPoint, é algo muito positivo. Entre o meio técnico, estamos nos comunicando melhor, conhecendo-nos e integrando-nos mais, graças a Internet, a qual, todavia, necessitaria ainda, ser amplamente disponibilizada entre os produtores.

A terceirização de práticas agrícolas (ensilagem, por exemplo), embora ainda incipiente, é de grande vantagem econômica, principalmente entre os produtores ditos familiares, com rebanhos reduzidos.

Vem surgindo um quadro de profissionais liberais prestando consultoria competente, diretamente ao produtor, e podendo sobreviver disso. Na minha juventude a visita de um Engº Agrº, às vezes, era remunerada com um "churrasquinho e uns tapinhas nas costas"...

8 - E de negativo?

Mesmo que o consumidor brasileiro ainda não se importe com isto, um aspecto de impacto muito negativo num mercado potencial de exportação seria um produto originário de áreas de pastagens degradadas e de desmatamento da floresta amazônica, à semelhança do que já vem ocorrendo com a exportação da carne bovina.

9 - Quais serviços do MilkPoint o Sr. utiliza e como poderíamos melhorar o site?

O MilkPoint é a minha janela para o dinâmico mundo da produção leiteira, nos seus mais variados aspectos, pois reúne entre colaboradores e visitantes grande parte da "intelligentsia" nacional do setor.

No nosso "Brasil Continente" a diversidade de situações exige a devida atenção para as particularidades regionais. Talvez a instituição de foros regionalizados de discussão no MilkPoint propicie maior eficácia e participação por parte dos produtores. Por exemplo, dentro de determinada temática, um "tambeiro" de propriedade familiar do RS, com um plantel Holandês PPC, poderá ter necessidades muito distintas daquelas de um administrador de "retireiros" em Minas, produzindo com gado azebuado. Aliás, considero ainda muito tímida a participação de técnicos e produtores do RS e SC no MilkPoint.

Entre os articulistas de assuntos técnicos falta a empatia para esta questão das diversidades regionais. Falar em estação "das águas", por exemplo, não diz muito para um produtor sulino.

10 - Alguma mensagem final para o setor?

Explorar a vaca leiteira, no bom sentido, é quase que um sacerdócio e o leite é o alimento mais nobre que existe, mas também o mais exigente em cuidados, por ser tão perecível a partir do momento em que deixa a glândula mamária.

Mesmo que uma legislação considere adequada a matéria-prima leite com CBT de até 1.000.000 UFC/ml e uma CCS de até 1.000.000/ml e o processamento no laticínio garantir a sua segurança e inocuidade para o consumidor, apesar disso, a qualidade organoléptica desse leite e seu potencial de industrialização sempre serão inferiores a de um leite com menos de 50.000 UFC e com CCS inferior a 100.000. É isto o que demonstram produção leiteira e respectiva indústria daqueles países com mais tradição no setor. E não tardará a hora em que o mercado interno e o de exportação estarão cobrando isso.

A correção desta distorção somente se dará pelo estímulo pecuniário, ou seja, o justo pagamento por qualidade.

"Talvez a instituição de foros regionalizados de discussão no MilkPoint propicie maior eficácia e participação por parte dos produtores".

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