Marcos Almeida Junqueira Reis, Advogado e Produtor de leite

Boa Tarde,

Prezado Marcos, somos vizinhos de propriedade e concordo com sua entrevista principalmente no setor cooperativista.

Concordo no momento de persistir e discordo do momento de insistir, pois temos que insistir principalmente nos nossos ideais , pois insistindo, conseguimos mostrar o tanto que somos fortes para sucumbir os nossos obstáculos.

Parabéns pela qualidade do seus animais conseguidos pela insistencia de selecionar os melhores touros, as melhores genéticas mesmo com a falta de ajuda do setor cooperativista.

ABRAÇO

CRISLEY

Bom Dia. Leite é coragem; é o gosto de chegar no curral e perceber a maravilha do nascimento do animal que você sempre desejou. Olhar para trás e naquele momento contemplar a paisagem ao seu redor e constatar que a beleza existe, apesar de tudo. E aí concluir que vale a pena recomeçar. Gastar o suficiente para manter o padrão. Observo que quando temos um bom touro a situação fica amenizada pela venda, no ano, dos animais de possível descarte e então, compensa, penso.

A relação que tenho com a produção leiteira, faz parte daquele órgão que mantenho no peito que não pode parar de respirar. Esta é a minha convicção: até o último respiro, por pior que seja o ar. Patrimonialmente falando é a manutenção da área que nos resta com todas as dificuldades. Digo isso porque nossos familiares (até meus bisavós) foram proprietários de glebas extensas e nada fizeram naquele período, exceto perder tudo praticamente por práticas sem técnica nenhuma e aí desfaziam de área a troco de banana. Que pena. Hoje o pedacinho que mantenho com todo sacrifício me causa uma sensação de prazer, que realmente não se compara em hipótese alguma com a minha urbana. É quase uma demonstração de mostrar ao mundo que ainda temos valores. Nós os produtores do interior de nosso Brasil Feliz!!!

Perdoem o desabafo, pode parecer sem próposito a quem não conhecer a nossa realidade rural. A culpa é do nosso MilkPoint, a nossa disposição sempre.

José Carlos Azevedo

Caro Richard:

O diabo dessa frase é saber exatamente o dia que saimos da persistência (vital) para a insistência (prejudicial). Também tenho insistido desde abril de 2008. E o grave é ver que não importa o sistema ou nível de investimento, a quase totalidade nào está ganhando dinheiro.

Tenho feito minhas contas e acho que mesmo com fluxo de caixa ligeiramente negativo em 2008, acho que patrimonialmente ainda cresci. Prevejo um 2009 melhor, a relação de troca melhorou sensivelmente nos últimos três meses, enfim: vou me abraçar a vc e apagarmos junto as luzes.

Prezado Marcos,
Me assustei com a frase "Persista, mas não insista".
2007 foi um ano muito bom para mim e o início de 2008 foi ainda melhor. Depois do avalanche de preços de junho de 2008 até hoje estou mesmo insistindo. Quase desisti da atividade, em função desta montanha russa que é o mercado do leite/insumos no Brasil. Na região que produzo, fica difícil saber qual sistema é o mais lucrativo. Com certeza os de maior escala, a custos mais baixos, mas ainda não consegui esta "façanha". Infelizmente, aqui no MS existe um cartel de laticínios muito sutil que muitas vezes empurra os preços prá baixo.

Enfim, sou mais um daqueles que "insistem" no leite, tentando melhorar a cada ano, acreditando sempre que dias melhores virão. Espero ter coragem para sair da atividade, se esta for mesmo a melhor solução. Como ainda acredito em minha capacidade administrativa, penso que vou ficar até o final para "apagar a luz". Conheci alguns por aqui que investiram muito em instalações e equipamentos, desistiram da atividade e hoje estão com tudo sucateado. Meus passos são bem curtos mas estou sobrevivendo como produtor. Bem, quem sou eu pra ter a chave do sucesso ou bola de cristal?

Um grande abraço.