Leitor comenta a situação de mercado do longa vida

O leitor do MilkPoint Laércio Barbosa, Diretor Comercial da Usina de Laticínios Jussara S.A., enviou um comentário ao artigo "<a href="http://www.milkpoint.com.br/?noticiaID=52226&actA=7&areaID=50&secaoID=153"><U>Longa vida pode puxar recuperação do mercado</U></A>". Acesse e leia a carta na íntegra.

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O leitor do MilkPoint Laércio Barbosa, Diretor Comercial da Usina de Laticínios Jussara S.A., enviou um comentário ao artigo "Longa vida pode puxar recuperação do mercado". Abaixo leia a carta na íntegra.

"O artigo é bem objetivo ao analisar o momento do mercado. De fato, dos 3 principais produtos lácteos do país, leite em pó, queijos e leite longa vida, o único que se encontra com mercado e preços firmes é o longa vida.

Concordo plenamente que o produto pode sim sustentar o início da recuperação de mercado, principalmente com o início da entressafra e com a crescente demanda por alimentos básicos, categoria onde o leite longa vida é um dos principais expoentes.

Mas, lendo algumas manifestações de leitores, não concordo e também não consigo entender o injusto preconceito que existe no país contra o leite longa vida. O produto é muitas vezes visto como o grande vilão da cadeia láctea. Como na música de Chico Buarque, o leite longa vida é a "Geni" dos produtos lácteos:

-Problemas de qualidade no setor?... joga pedra no longa vida;
-Queda nos preços ao produtor?... joga pedra no longa vida;
-Importações excessivas?... joga pedra no longa vida;
-Desequilíbrio de mercado?... joga pedra no longa vida.

Fazendo ainda uma comparação com o futebol, como gosta o nosso presidente, enquanto as torcidas ficam brigando entre si, quem perde é o esporte como um todo, que acaba perdendo público e audiencia.

O leite longa vida somente atingiu o grande espaço de mercado que ocupa não por imposição da indústria ou do fabricante de embalagens, mas pela preferencia do consumidor, que vê no produto qualidade e praticidade. Esse é o fato.

Não podemos pensar em um mercado lácteo forte dividido em produtos de primeira classe e produtos de segunda classe. O ataque ou a crítica a qualquer produto lácteo, vindo do próprio setor, é um verdadeiro "tiro pela culatra", pois provoca desconfiança no consumidor, que acaba em queda de consumo ou mudança de categoria.

Assim, haja dinheiro pra campanha de marketing!

Laércio Barbosa
Industria de Laticínios - Patrocínio Paulista - SP
(produtor de leite longa vida, leite pasteurizado, queijos, manteiga, etc...)"

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André Gama Ramalho
ANDRÉ GAMA RAMALHO

BATALHA - ALAGOAS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 04/04/2009

Senhores,

O leite longa vida é uma realidade que estamos vivendo, em consequência das transformações da sociedade. As famílias que vivem nos grandes centros, na maioria dos casos, fazem compras mensais. O varejo esta concentrado em 3 ou 4 grandes redes, que impõem os preços e sempre quem paga a conta é o produtor.

A operação ouro branco, foi um divisor em nossa atividade. Mas, os laticínios precisam de uma vez por todas estabelecer uma política de preços por qualidade, valorizando o produtor profissional. Aqui em Alagoas ainda não temos esta prática. Outra necessidade imediata é adequar (ou unificar) a legislação e fiscalização estadual à federal, pois não existe leite estadual e federal, nem consumidor estadual e federal.

O que precisamos é estreitar o relacionamento do produtor e da indústria, como vimos nesta matéria com o Sr. José Maurício Gomes e o Sr. Laércio Barbosa do laticínio Jussara, a quem aproveito a oportunidade para cumprimentar.
José Maurício Gomes
JOSÉ MAURÍCIO GOMES

CAMPINAS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 31/03/2009

Senhor Laercio:

1) Vender abaixo do custo para ganhar market share é uma ação pontual, e desde que me conheço por gente tem empresas vendendo a um preço ridículo, por exemplo, a Nilza que acabou de pedir falência.

2) Uma das cooperativas, de acordo com notícias da imprensa entregava leite para um fabricante de longa vida. Por favor, note bem meu raciocinio, o leite longa vida de alguns fabricantes tem qualidade duvidosa porque estes fabricantes compram qualquer leite crú baseado em preço baixo, não exigindo qualidade e tampouco pagando por ela. Se uma empresa não usa matéria prima de primeira qualidade, não terá produto acabado de primeira qualidade, óbvio.

O consumo do leite longa vida é grande, nem se compara com a muzarela, que diga-se de passagem, vendida a R$ 6,00 deve ser da mesma qualidade leite longa vida vendido a R$ 1,30. Portanto, quanto maior sua visibilidade, maior seu espelho, é regra e não dá para mudar.

Vou acreditar no leite longa vida no dia em que seus fabricantes forem criteriosos na compra de leite, pagando bônus pela qualidade e mantendo um preço estável o ano inteiro, a exemplo da Danone. Se sua empresa pratica uma política de qualidade, remunerando seus fornecedores com um valor justo e pagando bônus por cada ítem de qualidade (CTM, CCS, proteina, etc) obtido na busca da qualidade, meus parabéns, vocês não estão na vala comum, pelo contrário, irão se tornar líderes do mercado e passarão como tratores por cima destas empresas que vendem seu produto de qualidade inferior abaixo do custo.

O mercado do leite deve ser justo para todos, tanto o produto na prateleira, quanto o produto na fazenda devem ser remunerados adequadamente, o lucro é a meta de todo o negócio, estamos no mesmo barco.

Um grande abraço e sucesso

Atenciosamente
Laércio Barbosa
LAÉRCIO BARBOSA

PATROCÍNIO PAULISTA - SÃO PAULO - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 31/03/2009

Prezado Sr. José Maurício Gomes,

Vamos aos fatos:

1. Quando se questiona o preço de venda do leite longa vida, deve-se ter em conta que o produto algumas vezes é vendido com prejuízo tanto por fabricantes (por necessidade de caixa ou intenção de aumento de market share no mercado) ou por varejistas (que buscam atrair clientes justamente por ser o longa vida um chamariz de vendas). Isso faz parte do jogo de mercado. Por outro lado, quando também se observa outros derivados com preços de venda abaixo do custo, como leite em pó (vários negócios recentes a R$ 5,50/kg) e mussarela (R$ 6,00/kg) ninguem levanta suspeitas de qualidade em relação a esses produtos. Assim eu pergunto: existe ou não o preconceito neste caso com relação ao longa vida?

2. Com relação à qualidade e ao famoso caso da operação Ouro Branco, talvez o sr. não saiba, mas das 2 cooperativas apontadas naquela ocasião, uma delas sequer fabricava leite longa vida, sendo que a irregularidade encontrada foi em leite cru a granel, que estava em um caminhão cujo destino era uma empresa que também não fabricava leite longa vida. Lembro ainda que depois disso também tivemos vários casos de outros produtos lácteos com problemas, como queijos fora do padrão ou leite em pó adulterado. Enquanto esse últimos foram tratados como exceção, como de fato o são, no caso do longa vida tenta se colocar o caso como regra, o que é uma injustiça. Mesmo assim, toda a mídia foi taxativa em acusar apenas o leite longa vida, causando prejuízos para toda a cadeia láctea. Novamente pergunto: esse não é outro caso de preconceito contra o longa vida?

Longe de querer criar polêmica, meu argumento é que não existe um produto lácteo melhor ou pior que outro, todos são importantes para o desenvolvimento do mercado.
Roberto Jank Jr.
ROBERTO JANK JR.

DESCALVADO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 30/03/2009

Concordo com o Laércio. O longa vida tem relevância no mercado e pode puxar a recuperação de preços; além disso, no passado recente foi o grande responsável pela formalização do leite fluído nos mercados do interior do Brasil, é o produto lácteo de maior penetração no mercado doméstico e inseriu o leite da fronteira nos principais mercados consumidores. É vendido, transportado e distribuido com facilidade e baixo custo, além de ser prático ao consumidor.

Os problemas são conhecidos: por não ser perecível, ser de fácil fabricação e colocação é o produto de eleição dos agentes do mercado quando existe excesso de oferta de matéria prima; por isso é o primeiro produto a subir o preço na escassez e o primeiro a cair com o aumento de oferta. Seu maior volume de vendas está em supermercados e o consumidor, estimulado pelo comportamento draconiano deste tipo de varejo ao fornecedor, habituou-se a comprar longa vida em promoções nos corredores das lojas das grandes redes.

Não é o padrão de leite do consumidor americano e europeu, habituado a consumir leite fresco comprado em geladeiras de supermercados, mas certamente podemos evoluir com o longa vida. Se os fabricantes impuserem uma sinalização mercadológica para a qualidade da matéria prima, um dia poderemos excluir o citrato de sódio do produto e, como em outro países, reduzir o binômio tempo e temperatura do processo, com evidente ganho de qualidade e sabor.

A melhor organização dos fabricantes poderia enfrentar de forma mais eficiente o tratamento populista dado ao produto pelos supermercados e consequentemente os abismos e escarpas de preços que estamos habituados a observar. A embalagem, excepcional em termos de qualidade e processo, é cara para um produto commodity, vendido pelas redes em grande volume para a população de baixa renda com essa característica de moeda de troca. É um produto que pode e deve agregar mais valor por sua característica própria de oferecer maior segmentação ao consumidor e certamente isso beneficiaria a evolução da cadeia láctea como um todo.

A chegada da Nestlé neste mercado, com uma marca forte como o Ninho, poderá iniciar um processo de ganho de valor neste elo da cadeia e significar um divisor de águas. Se isso vier acompanhado por um crescimento da demanda de matéria prima com um grau de diferenciação sinalizado financeiramente ao produtor, estaremos de fato evoluindo.
José Maurício Gomes
JOSÉ MAURÍCIO GOMES

CAMPINAS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 30/03/2009

Senhor:
O leite longa vida é taxado como inimigo número 1 do mercado lácteo muito em função de sua péssima qualidade e falta de honestidade por parte de alguns industrializadores deste produto. Recentemente vimos boquiabertos as falcatruas que ocorriam em algumas cooperativas de Minas, e fica a pergunta: onde mais estão misturando soda caústica e soro no leite? Como é que algumas empresas conseguem comercializar o leite longa vida a R$ 1,30 o litro na prateleira de grandes redes de mercado? Será que o custo de produção é próximo de zero? Será que a Tetrapak que navega sozinha e sem competição neste mercado de processamento e embalagem é boazinha e trabalha com margem próxima de zero?

Estas questões é que nos deixam sempre com um pé atrás com relação ao leite longa vida, já que matematicamente a conta não fecha.
Kleber José Cabrini
KLEBER JOSÉ CABRINI

MARÍLIA - SÃO PAULO - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 30/03/2009

Laércio!
Mais uma vez parabéns por sua manifestação. Alguém do setor tem que se manifestar, as indústrias durante os anos simplesmente aprenderam a apanhar e ficar quietas. Ótimo. Precisamos parar de marcar gol´s contra nosso setor.

Bruno Soares
BRUNO SOARES

POMPÉU - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 30/03/2009

Por incrível que pareça, na situação difícil em que eu e centenas de produtores de leite nos encontramos, assistimos ainda a pessoas falando para elogiarmos o negócio, como se ele estivesse às mil maravilhas. O consumidor precisa saber a verdade: o leite em pó, o queijo e o longa vida, antes de chegar na prateleira, é tirado da vaca. E quem faz isso é o produtor rural, que há anos não é tratado com o devido respeito que merece.

Concordo que devemos motivar o consumidor a consumir. Mas também temos que ter nossos motivos para fazer isso. Tiro meu leite todo dia e torço para que no final do mês sobre algum dinheirinho para pagar minhas contas e tem gente que acha que estou reclamando de barriga cheia, como se estivesse com altos lucros. Se estamos reivindicando, deve ser porque a coisa realmente não está boa.

E quem tem que incentivar o consumo não somos nós, são as empresas de laticínio que possuem suas marcas estampadas nos produtos que vão para as prateleiras. Procurem se informar sobre a nossa situação e vejam se realmente não estamos reivindicando por uma causa justa.
Qual a sua dúvida hoje?