Nem só más notícias produz este tempo de pandemia do novo coronavírus, e aqui está um exemplo. Por causa dela, os médios e grandes produtores da bacia leiteira de Quixeramobim — a maior do Ceará — estão agora obrigados a permanecer dentro de suas fazendas, vendo com os próprios olhos o que seus vaqueiros fazem no curral, na sua ausência.
"Resultado: a produção do leite aumentou mais ainda", como testemunha o agrônomo José Maria Pimenta, um médio produtor de leite do Sertão Central. "A pandemia deu-me a oportunidade de seguir os conselhos do meu pai, que me ensinou o seguinte: o dono da fazenda vê com os dois olhos, seu filho vê com um só olho e o empregado é quase um cego".
Pimenta revela que, não por acaso, a melhor produção de leite do País está na região Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul), onde 95% dos produtores residem e trabalham com a família na sua própria fazenda.
José Maria Pimenta afirma que "a vaca responde, na ordenha de cada dia, aos erros cometidos contra ela no pré-parto, no pós-parto e no manejo diário".
É por esta e outras razões que, no Ceará, ao longo dos últimos 10 anos, a produção leiteira, mesmo naqueles de pouca chuva, aumentou. E segue aumentando, mesmo nesta trágica pandemia.
Surpresa
Como a indústria – por causa da pandemia – está paralisada, a agropecuária cearense continua gerando riqueza e boas notícias, a última das quais é a seguinte:
Na Fazenda Terra Nova, do grupo Betânia Lácteos, na Chapada do Apodi, foi plantado numa área de 600 hectares, em parceria com a Agrícola Famosa, sorgo da melhor qualidade.
A colheita, que começou há uma semana, surpreendeu: 32 toneladas por hectare.
Toda essa produção – cultivada em sequeiro, ou seja, só irrigada pela água da chuva – está sendo ensilada para ser vendida, no segundo semestre – época de estio – aos pequenos produtores de leite.
Agora, vem o pulo do gato:
No fim deste mês, nessa mesma área, com o solo revolvido e turbinado por fertilizantes, a Agrícola Famosa começará o plantio de sua safra de melão (a empresa é a maior produtora e exportadora de melão do País).
"Esta é a melhor e mais eficiente maneira de aproveitar o potencial do solo, preservando-o e enriquecendo-o", comenta o agrônomo Zuza de Oliveira, consultor em agropecuária.
Zuza não esconde seu entusiasmo com a disposição dos agropecuaristas do Ceará de investirem na melhor tecnologia para aproveitar as poucas mas muito boas áreas agricultáveis existentes, principalmente, no Leste do Estado e na região do Baixo Acaraú, no Norte.
As informações são do Diário do Nordeste.