Pra driblar crise econômica, Betânia lança bebida láctea que não necessita de geladeira

Maior fabricante de produtos lácteos do Nordeste, a cearense Betânia iniciou as vendas de uma bebida láctea que não precisa ser conservada em geladeira. O produto é uma aposta da companhia para driblar a crise econômica e, principalmente, a ausência de refrigeração em mais de 60% dos pontos de venda no Nordeste, única região onde atua.

 

Bebida semelhante à que está sendo lançada pela Betânia já vende 1 bilhão de embalagens ao ano no sudeste asiático, onde já se firmou como uma categoria que vem crescendo, na média, 16% ao ano, disse Bruno Girão, presidente da Betânia. O empresário calcula vender 1,2 mil toneladas do novo produto neste ano.
 

 

A Betânia investiu R$ 8 milhões no lançamento da bebida, que vem com o rótulo Yogi&Leve. A bebida é fruto de uma parceria entre a Betânia, a Tetra Pak e a Chr. Hansen, multinacional que desenvolve soluções para indústria alimentícia. Segundo Girão, a bebida passa por dupla pasteurização, o que permite que seja conservada fora da geladeira. Embora sueca, a tecnologia requer pagamento de royalties.

 

Líder no segmento de leite longa-vida (também conhecido como UHT) no Nordeste, com cerca de 41% do mercado, a Betânia teve receita líquida de R$ 777 milhões no ano passado, uma alta de 10% em relação ao ano anterior.

 

Embora o longa-vida seja ainda 40% do seu negócio, a Betânia tem um portfólio de 140 produtos lácteos. Nos primeiros cinco meses deste ano, o mercado de leite longa-vida teve retração de 4% no Nordeste, já a Betânia cresceu 14,8% e deve manter esse ritmo até o fim do ano, prevê Girão.

 

Com o lançamento do Yogi&Leve, a Betânia pretende dar um impulso à categoria, com um produto que foi alinhado às tendências de alimentação saudável: não possui conservantes e tem baixo teor de açúcar. "Queremos trazer de volta consumidores perdidos para outras categorias", disse Girão. 

 

Segundo o empresário, o Yogi&Leve chega às prateleiras com preço acima de concorrentes como achocolatados, porém abaixo do iogurte tradicional (gelado). O preço da embalagem com 200 ml fica em torno de R$ 2,5. "Esse preço menor é possível devido aos menores custos com distribuição, que não precisa ser refrigerada", afirma Girão. "Para entrar na cesta nordestina, essa questão do preço é crítica". 

 

Em paralelo ao lançamento da Yogi&Leve, a Betânia relançou uma marca de uma bebida láctea em sachê de sucesso na região Nordeste nos anos 90 (a BatGut), com investimento de aproximadamente R$ 1 milhão.

 

O empresário diz que há certa frustração em relação à economia, mas que ainda há muito espaço para a Betânia crescer, independentemente do fôlego do PIB. Dos 170 mil pontos de vendas da região, a Betânia só está presente em 50 mil. "Obviamente, o mar não está para peixe e sabemos que o Nordeste sofre mais para sair da crise. Mas enquanto uns choram, outros vendem lenço. Estamos usando a inovação como forma de driblar a crise", diz.

 

Segundo Girão, a Betânia está aproveitando o momento ruim da economia para modernizar as suas cinco instalações industriais. Somente no ano passado, a empresa investiu R$ 30 milhões em atualizações tecnológicas e, em 2019, deve repetir o aporte.

 

Ao mesmo tempo, Girão diz que a empresa está bastante ativa na prospecção de oportunidades de aquisição. A Betânia, que tem o fundo Arlon como sócio, com 20% do capital desde 2015, lucrou R$ 47,7 milhões no ano passado, cinco vezes o ganho do ano anterior. 

 

 

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As informações são do jornal Valor Econômico.