O anúncio da oferta de dinheiro foi do presidente francês, Emmanuel Macron , com quem Bolsonaro vem 'trocando farpas' desde a semana passada.
Ao longo do dia, interlocutores do presidente já tinham afirmado que se a oferta feita pelos países ricos fosse condicionada a alguma contrapartida ou exigisse um monitoramento na aplicação de recursos a tendência era pela recusa. No anúncio feito por Macron, parte dos recursos, destinados ao reflorestamento, estava vinculada a um trabalho com ONGs.
No final da tarde desta segunda-feira, após uma reunião no Ministério da Defesa entre Bolsonaro e alguns de seus ministros, o porta-voz Otávio do Rêgo Barros disse que decisão caberia ao Ministério das Relações Exteriores. Pouco depois, em publicação nas redes sociais, o chanceler Ernesto Araújo — que também participou da reunião — sinalizou que o governo poderia não aceitar a oferta anunciada pelo presidente francês.
Segundo o ministro, "está muito evidente o esforço, por parte de algumas correntes políticas, de extrapolar questões ambientais reais transformando-as numa 'crise' fabricada, como pretexto para introduzir mecanismos de controle externo da Amazônia".
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No entanto, nesta terça-feira (27), o presidente Jair Bolsonaro recuou e disse que ainda pode discutir o recebimento pelo governo brasileiro de US$ 20 milhões (cerca de R$ 83 milhões) oferecidos pelo G7 para a Amazônia.
Em entrevista, na entrada do Palácio da Alvorada, Bolsonaro ressaltou, no entanto, que só aceita negociar o aporte se Macron pedir desculpas a ele, por tê-lo chamado de “mentiroso”, e retirar declaração sobre a internacionalização da floresta amazônica.
“Eu falei isso [não aceitar os recursos]?”, questionou. “Primeiramente, o senhor Macron deve retirar os insultos que fez à minha pessoa. Primeiro, me chamou de mentiroso. Depois, as informações que eu tive, é que a nossa soberania está em aberto na Amazônia”, acrescentou.
A maior parte do dinheiro oferecido pelas nações europeias é para ser utilizado no combate à série de incêndios. Em entrevista, concedida no fórum mundial, Macron disse que está em aberto o debate sobre a internacionalização jurídica, mas a questão não constou no na declaração final do G7. “Então, para conversar ou aceitar qualquer coisa da França, que seja das melhores intenções possíveis, ele [Macron] vai ter retirar essas palavras e, daí, a gente pode conversar”, disse. “Primeiro, ele retira, depois ele oferece e daí eu respondo”, ressaltou.
Perguntado se pediria desculpas a Brigitte, após zombaria com a aparência da primeira-dama, Bolsonaro disse que não a ofendeu e, irritado com a insistência dos repórteres, encerrou a entrevista, acrescentando que os jornalistas “não merecem a consideração”.
“Não queiram levar para esse lado, que a questão pessoal e familiar eu não me meto. Eu sei porque falei para o cara não entrar nessa área. Se continuar peguntas nesse padrão, vai acabar a entrevista, vai acabar a entrevista”, repetiu. “Realmente o jornalismo, vocês não merecem a consideração”, disse Bolsonaro, abandonando a entrevista.
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Entenda o caso > G7 libera R$ 91 milhões para Amazônia e anuncia apoio a plano de reflorestamento
As informações são dos jornal O Globo e Folha de S. Paulo, resumidas pela Equipe MilkPoint.