Empresas de fertilizante serão investigadas por cartel

O Ministério da Justiça irá retomar as investigações de uma suposta formação de cartel coordenada pelas gigantes do setor de fertilizantes: Bunge, Yara e Mosaic. O pedido foi feito pela Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados à Secretaria de Direito Econômico (SDE) que, por sua vez, já instaurou processo administrativo para investigar os indícios da prática ilegal e deverá notificar as empresas nos próximos dias.

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O Ministério da Justiça irá retomar as investigações de uma suposta formação de cartel coordenada pelas gigantes do setor de fertilizantes: Bunge, Yara e Mosaic. O pedido foi feito pela Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados à Secretaria de Direito Econômico (SDE) que, por sua vez, já instaurou processo administrativo para investigar os indícios da prática ilegal e deverá notificar as empresas nos próximos dias.

No requerimento entregue à SDE relata-se que os preços dos fertilizantes aumentaram expressivamente nos últimos anos, onerando todos os elos da cadeia. Em nota, especialistas da SDE afirmam que as "preocupações de ordem concorrencial" são "válidas e passíveis" de enquadramento nas investigações de formação de um suposto cartel no segmento.

Procuradas, Bunge, Mosaic e Yara afirmaram que não se manifestariam sobre o caso antes de receberem a notificação da SDE. Entretanto, em sua defesa, as empresas devem insistir em velhos argumentos, tais como "os preços dos produtos vendidos seguem as oscilações do mercado internacional", uma vez que é grande a dependência brasileira das importações. Além disso, também devem apresentar estudos que mostram a atuação de empresas menores nas vendas de produtos finais, mas que demonstram que a concentração na exploração e produção de matérias-primas é necessária, sendo prática comum no mundo todo.

Segundo uma fonte que não quis ser identificada, a abertura da investigação atende à pressão específica do ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, que entrou em rota de colisão com as empresas de fertilizantes no fim de 2007, por causa da disparada dos preços do insumo no país. Entretanto, as empresas citadas já se defenderam anteriormente das mesmas acusações, o que, nas palavras do próprio ministro, contribui para que a presente investigação "não chegue a nenhum resultado final prático".

Na opinião de Stephanes, o Brasil precisa diversificar os atores da cadeia para criar concorrência. Ele citou o exemplo de cooperativas que estão se juntando para atuar no setor. "Temos que ir em outra direção, com aumento de produção e de número de empregos", afirmou.

Empresas anunciam prejuízo

A Bunge anunciou prejuízo líquido de US$ 176 milhões no primeiro trimestre de 2009, ante lucro de US$ 322 milhões em igual período de 2008. "O início de 2009 foi mais difícil do que o esperado", afirmou Alberto Weisser, presidente da companhia. As vendas de fertilizantes recuaram 41%.

A Fosfertil, maior fabricante de matérias-primas para adubos do Brasil, tendo a Bunge como seu principal acionista, reportou lucro de R$ 37,508 milhões no 1º trimestre, queda de 70,7% quando comparado ao mesmo período do ano anterior, conforme dados preliminares. Já a Fertilizantes Heringer, conseguiu reverter o prejuízo de R$ 277,8 milhões no 4º trimestre com saldo positivo de R$ 4,9 milhões no primeiro trimestre deste ano.

Segundo relatório da Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae) do Ministério da Fazenda, cinco grupos dominaram as vendas de fertilizantes no Brasil em 2008: Bunge (32,44%), Yara/Trevo (13,18%), Mosaic/Cargill (11,5%), Fertipar (8,18%) e Heringer (7,19%).

Com informações dos jornais Diário do Comércio e Indústria/SP e Valor Econômico, resumidas e adaptadas pela equipe AgriPoint.
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Otavio Nunes da Costa Filho
OTAVIO NUNES DA COSTA FILHO

CAMPINA VERDE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 05/05/2009

Infelizmente não vejo nenhuma solução para o produtor de leite brasileiro a não ser deixar de produzir leite. Inclusive gostaria de lembrar meu colega de profissão, Sr.Jan van den Broek, que a petrobras já utiliza de tecnologia para "explorar" o produtor rural brasileiro, vendendo-lhe um dos combustíveis mais caros do mundo.
Jan van den Broek
JAN VAN DEN BROEK

PARANAPANEMA - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 28/04/2009

Sugiro que a Petrobras amplie seu leque e que fique encarregada da extração dos minerais tão importantes para a nossa agricultura e pecuária. Com tecnologia para explorar, logística etc. e "subordinação" ao governo federal seria possivel implementar políticas agrícolas mais eficazes.
MARIA LUCIA ANDRADE GARCIA
MARIA LUCIA ANDRADE GARCIA

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 27/04/2009

O cartel deitou raizes profundas no agronegócio - infelizmente poucas e poderosas empresas controlam os insumos de produção e a compra dos produtos primários, reduzindo a margem de negociação dos produtores ao minimo, à nulidade. Li hoje que os produtores de laranja estão estrilando há anos e mesmo com associação forte e encaminhamento do problema aos orgãos do governo encarregados do abuso do poder econômico, não conseguem ver a legislação aplicada ao cartel das empresas processadoras(Folha de São Paulo de 27-04-09).

Da mesma maneira os produtores de leite são periodicamente expropriados em sua renda a pretexto de crises, em função dos interesses maiores não só dos fornecedores de insumos mas sobretudo das captadoras. Com uma diferença, os produtores de leite, devido a sua dispersão, não conseguem se organizar ou manter nenhuma representação forte que os levem a se contrapor aos possíveis carteis do setor. Todas iniciativas que tenho acompanhado, que ostentam o nome do "leite", dirigida por ou para os produtores, associações, cooperativas, comissões, comitês, congressos, convenções, acabam por anulá-lo enquanto agente economico de produção. Mais recentemente, a propósito de uma desejável integração da cadeia produtiva do leite, foi reduzido a consumidor e empregado sem carteira. Sobra para o infeliz a sedução da tecnologia e os misterios da economia, bateladas de "cursos", "palestras", "exposições", "convenções", onde não tem liberdade nem espaço para discutir suas condições reais de produção, o custo e o preço do seu produto, de como negociá-lo de maneira a preservar seu negócio e ganhar com ele, identificando seus "predadores", como estão fazendo os produtores de laranja.

As cadeias produtivas merecem esse nome quando funcionam com os interesses de todos os elos reconhecidos, e compartilhados. Quando isso não acontece e sempre sobra para o mais fraco sem condições de reação, o poder publico tem que intervir e oferecer denuncia ou regulamentar o setor. O Brasil não tem custo de leite mais barato do mundo, mas a maior "exploração" do produtor do mundo...
Orcelino
ORCELINO

ITAMARAJU - BAHIA - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 25/04/2009

Maior atenção aos adubos de fonte de K ( Potássio ) que subiram uns 200% em dois anos... O governo deve intensificar as pesquisas de extração no Brasil para não ficarmos tão dependentes do mercado internacional. Com certeza a médio longo prazo vamos ter um significativo aumento de preço dos alimentos, juntamente com uma queda da produção devido os agricultores diminuirem ou cancelarem adubações em suas lavouras.
Paulo Marcos Ribeiro da Veiga
PAULO MARCOS RIBEIRO DA VEIGA

PASSOS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 25/04/2009

Somente um cego não ve que há muito tempo o comércio de fertilizantes no Brasil é carterizado, apesar da Anda afirmar que existem mais de 100 empresas de fertilizantes, somente 3 ou 4 grandes multinacionais dominam a produção e importação da matéria prima, consequentemente ditando o preço final dos fertilizantes.
renato calixto saliba
RENATO CALIXTO SALIBA

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 24/04/2009

Já passou da hora do governo controlar essas empresas que há muito praticam o cartel. Os preços só caíram agora porque a queda nas compras foram muito grande. Chega de chupins na vida dos produtores rurais. Precisamos de parceiros e não de especuladores.
Qual a sua dúvida hoje?