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Doce, gelado e perfeito para o Instagram

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 22/08/2017

7 MIN DE LEITURA

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A preparação dos frapês caprichados do Okamoto Kitchen, um food truck de Los Angeles, começam com gelo – não a versão pura, mas o enriquecido com creme de leite integral, leite em pó e calda de açúcar. Em lascas bem brancas, ele se alterna com caramelo, chantilly e pedacinhos derretidos de gelatina perfumada de café, chá Earl Grey ou matcha, em uma variação para lá de exuberante do antigo kakigori (raspadinha) e os parfaits modernos japoneses.



No Taiyaki NYC, na Chinatown de Nova York, "redemoinhos" altos de sorvete verde-claro, de matcha e gergelim preto, são dispostos em casquinhas macias, ainda quentes, em forma de peixe, a boca aberta o suficiente para ainda caber morangos frescos e um espetinho de minimochi multicolorido.



A Blossom, uma loja do outro lado do rio, no Brooklyn, mistura rolos de sorvete tailandês de Oreo e banana em uma travessa de metal gelada, cobrindo tudo com um fio de leite condensado, minicopinhos de pasta de amendoim e chocolate, morangos, Kit Kat de chá verde e marshmallow tostado no maçarico.

E essa foi a receita que Rachel Lee, aluna do Instituto Pratt, tentava recriar há pouco tempo, em uma noite de verão. "Só torço para não derreter antes de eu conseguir comer, mas postar faz parte do ritual", disse, virando a taça de um lado para o outro para achar o melhor ângulo para o Snapchat, e outro, diferente, para o Facebook.

As guloseimas geladas e bonitas vindas da Ásia – rolos de sorvete tailandês, sorvete de massa de mel coreano, sundae de waffle de ovos de Hong Kong, parfait japonês, bolinho chinês recheado de sorvete, sorvete com chá de bolhas taiwanês, raspadinha filipina e indonésia – estão cada vez mais populares nos EUA, onde colocam no chinelo as casquinhas mais simples.

Entretanto, a espera na fila por uma iguaria em edição limitada como o float (sorvete com refrigerante) multicolorido de inhame da Taiyaki tem mais a ver com o número de seguidores do que com os sabores. Algumas dessas invenções são deliciosas, outras bem agradáveis, mas muitas são tão doces que nem dá para pensar em comer; mesmo assim, no mundo dominado pelas redes sociais, a foto pode satisfazer mais que a própria sobremesa.

Nas noites de verão, a fila sai pela porta do Bingbox, em East Village, onde o "creme de neve" fofinho leva cobertura de pipoca caramelada, e do Wowfulls, no Lower East Side, que oferece sundaes envoltos por waffle em formato de bolha. As casas mais inovadoras descobriram como fazer um tutu de algodão doce ao redor da casquinha, moldar o gelo a ponto de esculpi-lo e transformar uma minimelancia em cumbuca para a raspadinha combinada com bolinhas da fruta e merengue.



Para Cathy Erway, especialista na culinária taiwanesa-americana, com os estudantes asiáticos chegando aos EUA aos milhares, as marcas de suas comidas favoritas resolveram segui-los.

"Muitas dessas lojinhas novas que vendem pãezinhos, frango frito, chá de bolha e raspadinha estão nas cidades universitárias, além dos redutos asiáticos já tradicionais, como o Vale San Gabriel, no sul da Califórnia, a região metropolitana de San Francisco e as três Chinatowns de Nova York", explica. Algumas são franquias de cadeias já estabelecidas, mas muitas pertencem a jovens empreendedores de olho nas oportunidades representadas pelas guloseimas.

"A maioria das novidades é baseada em iguarias norte-americanas, como bebidas com café, sorvete de massa e bolo red velvet, mas acrescentamos a criatividade e os ingredientes asiáticos", diz Woojae Lee, um dos donos e principal barista da Sweet Moment, no SoHo.



Usando lápis minúsculos com creme de chocolate, Lee pinta a cara de um cachorrinho em cada um dos lattes gelados da loja, oferecido nos sabores red velvet, chocolate ou chá verde, tingidos com as cores correspondentes. Essa "arte no creme", variação da arte no latte, surgiu em Seul, na Coreia do Sul, pelas mãos do barista Lee Kang-bin, que pinta as obras-primas de van Gogh e os personagens Disney, em cores, nas bebidas. 

Ele conta que na capital sul-coreana, onde viveu até 2009, a disputa para ver quem cria a nova modinha é acirrada: "Todo verão o pessoal fica ligado para saber qual vai ser a novidade."

Seja admirando um parfait de gelato de chá verde com pedaços de manga e borboletas comestíveis de papel açúcar da Oddies Foodies, em Hong Kong, ou uma torre majestosa de torradas com mel no melhor estilo Jenga na SnoCrave, uma cadeia de inspiração taiwanesa da Califórnia, é difícil acreditar que o sorvete chegou à Ásia há menos de um século.



A dieta do continente nunca foi completamente livre de laticínios; nos tempos antigos, a casa real coreana criava vacas para fornecer leite para a corte. Tanto a bebida como a carne eram raros no Japão e na China (e, às vezes, proibidos por decretos budistas), mas sempre acessíveis para os pratos especiais e os remédios dos ricos.

O leite para consumo em massa chegou com os colonizadores britânicos, que levaram seu vício do chá com leite e doces recheados de creme para Hong Kong, Malásia e Singapura. Em 1885, um médico escocês para lá de determinado levou o gado de sua terra natal para Hong Kong, onde estabeleceu um laticínio e de onde saía o leite para abastecer a ilha toda (e continua ativo). 



Logo depois veio o leite condensado, como substituto para os expatriados das colônias, mas os asiáticos começaram a usá-lo das formas mais criativas, como cobertura para a raspadinha, por exemplo. O bolo lunar, docinho comum ao festival que acontece em meados do outono, foi um que recebeu as primeiras adaptações do sorvete no estilo ocidental, substituindo a semente de lótus e o feijão vermelho.

A verdade, porém, é que as sobremesas geladas elaboradas não são novidade na Ásia: as raspas macias de gelo já eram mencionadas na literatura japonesa há mais de mil anos. Mesmo na época, era uma iguaria de verão, cujo sabor era reforçado por várias caldas e seivas; mais tarde, recebeu coberturas como a de feijão azuki, frutas maduras e gelatinas doces feitas a partir de ágar, o gel natural retirado das algas. Essas versões originais ainda são populares, tanto quanto o cendol servido nas barraquinhas de acostamento na Indonésia, perfumado com pandã e açúcar de palma.

De lá para cá, a raspadinha vem sendo transformada continuamente, com novos ingredientes, e se estabelecendo em novos lugares: chá com leite na Malásia, banana no Havaí, inhame da Índia ralado nas Filipinas (e no Brooklyn, onde a Ube Kitchen prepara sundaes em cumbucas de pitaia nas duas feiras livres de Smorgasburg). Há pouco tempo passou a absorver sabores como Oreo e Nutella, ganhou formato de torres e montanhas, é chamada de "monstro de gelo" no Japão e acompanhada de massa de cookie e cheesecake.


Segundo Daniel Gray, consultor de marketing alimentício coreano-americano que mora em Seul, essas sobremesas complexas combinam com as tradições culinárias asiáticas, para as quais a textura e o visual podem ser tão importantes quanto o sabor, ou mais até (o chá de bolhas, com as bolinhas de tapioca, gostosas de mastigar, é um bom exemplo.) Coberturas como o mochi rico em amido, a lichia escorregadia e as balinhas de goma em formato de urso não são só gostosas e chamativas, mas também ajudam a montar o arsenal necessário de efeitos especiais. "Nunca servimos uma bolinha simples de sorvete. É sem graça demais", afirma.

A estética também é uma verdadeira obsessão: "O fator 'fofice', a apresentação e a aparência são muito importantes", afirma Gray (além das sobremesas, o cuidado com a pele e a maquiagem são preocupações comuns aos jovens coreanos de ambos os sexos.)

A Bistopping, uma das sorveterias de Seul mais populares no Instagram, decora suas casquinhas com o cereal colorido Froot Loops, granulado e bolinhas de açúcar multicoloridas, e gruda cookies cor-de-rosa gigantes em forma de flamingos, rabos de sereia e lábios carnudos no sorvete.

Essa versão artística também explodiu nos EUA: na sorveteria de última geração de Nova York, a Ice & Vice, os donos Paul Kim e Ken Lo, produzem "sabores" em tons pastel como Azul, Amarelo e Verde, e acabaram de criar um sundae de sorvete de creme servido em uma casquinha pink com um fio de geleia de framboesa, polvilhado com granulado de lavanda e cerejas Luxardo, em tom vermelho bem escuro.

Sorvetes incrementados como esses se tornaram parte da culinária e da cultura visual asiáticas. "O que eu vejo o tempo todo é a garotada segurando a casquinha com uma mão e o telefone com a outra. E as meninas fazem questão de também mostrar as unhas feitas", conta Roxanne Dowell, editora da Sassy Hong Kong, um guia on-line em inglês para a cidade, famosa por sua obsessão por comida e tendências.

As informações são do The New York Times, publicada no Zero Hora. 

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