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Dairy Vision: lácteos, a evolução de consumo e as disrupturas do mercado

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 29/11/2018

9 MIN DE LEITURA

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Cerca de 350 líderes estão reunidos em Campinas/SP desde ontem (28) até hoje para discutir tendências, inovação, consumo, mercados, investimentos e o futuro do setor lácteo. A partir desta agenda de futuro e com a presença de especialistas e empresários do Brasil e de fora, a 4ª edição do Dairy Vision, uma parceria da Zenith Global com a AgriPoint, discute os principais gargalos, disrupturas, oportunidades e insights do setor no continente latino-americano e no mundo.

Richard Hall, presidente da Zenith Global fez a abertura do evento, agradeceu a oportunidade de estar mais uma vez no Brasil para a realização do Dairy Vision e disse que se sente honrado em participar desse importante encontro de lideranças. Marcelo Pereira de Carvalho, Diretor Executivo da AgriPoint, também agradeceu a presença de todos, que, na rotina corrida, encontraram um tempo para participar do Dairy Vision 2018. “Queremos falar sobre as expectativas para o ano que vem e as mudanças que estão ocorrendo, em todos os âmbitos: consumidores, varejo, indústrias, entre outros. Hoje em dia é muito importante participar de locais com bons fluxos de discussão, pois nosso conhecimento passado definitivamente não nos leva pra frente”, destacou.

Para estrear o primeiro painel “Panorama do Mercado Global”, Andrés Padilla, Analista Sênior do Rabobank, falou sobre “O mercado global em 2020 e oportunidades na América Latina”. Segundo ele, os compradores de lácteos vêm aumentando a demanda e os exportadores estão enxergando essas oportunidades no mercado. “A correlação dos preços ao produtor é forte nas diferentes regiões produtoras e a divergência nos custos de produção vem diminuindo. Em 2007, por exemplo, a amplitude dos custos era bem menor e agora, as curvas estão se aproximando cada vez mais. E por quê? Temos produtores maiores, com ganhos de escala e profissionalização do setor. Isso significa que os pecuaristas têm que ser cada vez mais competitivos com a ajuda das tecnologias”, disse.

Andrés destacou que o Brasil continua sendo um mercado bastante protegido, o que faz com que o impacto de preços seja menor quando comparado ao Chile, este, que tem um mercado bastante aberto. “Em 2018, vemos uma diminuição do déficit comercial lácteo e quedas expressivas no mercado internacional. São vários os motivos para essas quedas, como a produção elevada da Nova Zelândia, mudanças relevantes para os grandes exportadores, guerra comercial com a China, Brexit e a vida depois de perder o mercado da Rússia, entre outros. Assim, continua a pressão para uma diminuição da produção de leite em várias regiões onde a atividade cresceu muito nas últimas décadas, sem contar a pressão da sociedade, onde há críticos da produção animal por conta da sustentabilidade e meio ambiente”.

O analista também falou sobre as margens do produtor, que estão sob pressão e com isso, a oferta deve crescer mais devagar nos próximos trimestres. “Os estoques de leite em pó desnatado na Europa também devem pressionar os preços e a grande pergunta é: quando os compradores chineses vão voltar com força no mercado? Também, é interessante lembrar que a demanda por queijo continua liderando as compras no mercado dos EUA e é a salvação do país no momento, acredito que essa tendência ocorrerá ainda em 2019. Há alguns desafios para a economia global em 2019-2010, e para resumir, não esperamos uma recuperação no curto prazo com a demanda e a produção crescendo menos”.

No encerramento da sua palestra, Padilla reforçou que o consumo de bebidas vegetais continua aumentando bastante nos EUA e é um tema que precisa ser monitorado. “É interessante que as indústrias lácteas estão investindo bastante nisso. Com certeza esse segmento vai crescer nos próximos anos e no longo prazo. Há inclusive algumas tendências que apontam que em 2050 o consumo de leite de vaca será igual ao consumo de bebidas vegetais”.

Em seguida, Daniel Souza, Líder de Desenvolvimento de Negócios da Nielsen Brasil, falou sobre “Brasil: oportunidades em uma economia em recuperação”.

“A previsão que tínhamos de 2018 não aconteceu. Sabíamos que ia ser bastante desafiador, mas, ao mesmo tempo, coisas ocorreram no meio do caminho e o cenário acabou não se concretizando. Tivemos, por exemplo, um grande impacto na confiança do consumidor, que acabou não se recuperando. Algumas coisas foram acontecendo, o que também provocou uma série de revisões. Algumas circunstâncias importantes: aumento expressivo da cotação do dólar e altas no risco Brasil, greve dos caminhoneiros, a recuperação da massa salarial não aconteceu, sem contar as instabilidades políticas que vivemos na pré-eleição. Essa retração se manterá em um patamar negativo até o final de 2018”.  

Daniel comentou que o desemprego está tendo uma leve recuperação, mas o menor poder de compra aumenta a inadimplência. “O orçamento das famílias volta a ficar mais comprometido com gastos básicos. A fim de estudar o que está acontecendo, dividimos os lares brasileiros em quatro grupos: imune à crise, saiu da crise, entrou na crise e sempre esteve na crise. Há um pessoal que entra e sai, uma parcela que vive a crise em ‘looping'. Estando em crise ou não, há alguns comportamentos unânimes, como: a troca de marcas (é a principal adaptação feita pelas famílias), renda alternativa, crédito no mercado e a busca por multicanais”.

Segundo ele, o ambiente digital cresce na estratégia multicanal e o e-commerce ganhou penetração nos lares, com conveniência mais acessível (10% dos pedidos foram retirados na loja ou em pontos de acesso). "A internet e os smartphones estão entrando cada vez mais na vida das pessoas. Com isso, o varejo ressignifica funções, com o hiper perdendo a identidade e mercado, por exemplo. O cash and carry (atacarejo) está sendo visto como um canal mais competitivo. A indústria em 2017/2018 se mostrou mais ativa, mantendo as táticas de preço e promoção, com destaque para valor agregado acessível. Estamos percebendo um consumidor mais organizado e fazendo economias inteligentes”.

Especificamente sobre lácteos, Daniel aponta que eles estão performando acima das cestas Nielsen, tendo contração de preço e o cash and carry como principal driver. “Alguns itens impulsionaram mais, como o leite fermentado, leite em pó, requeijão, leite condensado, entre outros. E o que esperar para o futuro? Em 2019, acreditamos que um novo padrão de consumo do brasileiro se consolidará embasado pelo planejamento (pagando as contas em dia e fazendo lista de compras). A sugestão é o desenho de uma estratégia mais cirúrgica, com execuções assertivas, precificação inteligente e lançamentos relevantes”, concluiu.

Na sequência, Luis Madi, Diretor Geral do Ital, abordou o tema “Alimentos industrializados: a importância dos produtos lácteos para o consumo brasileiro”.  “O maior gerador de emprego no Brasil é a indústria, não podemos nos esquecer disso. E onde está o leite entre os principais produtos exportados do Brasil? Ainda não aparece, mas, vai aparecer em breve no meu ponto de vista”, comentou.  

Madi fez questão de ressaltar a presença das bebidas substitutas às lácteas, como as vegetais, que antes, pareciam ser apenas um modismo. “Na minha percepção, isso já é uma realidade. O número de vegetarianos e veganos cresce acima do que imaginávamos antes”, destacou.

Ele pincelou sobre os hábitos dos novos consumidores, que hoje, são divididos por gerações. Ele citou os baby boomers (consumidores fiéis e que acreditam nos seus produtos e marcas), geração X, geração Y (não tem grande preferência por marcas) e a geração Z (era digital).

“É notável a evolução do consumo ao longo das gerações. Atualmente, as pessoas querem entender o produto que estão optando e elas não acreditam mais na indústria, houve uma disrupção. E o que nós queremos no ITAL? Ser um meio de comunicação confiável em benefício da sociedade e do consumidor. Alguns novos desejos dos consumidores estão relacionados à responsabilidade social e ambiental, alegações mais críveis, com transparência e autenticidade. Eles querem também interagir com as suas marcas de preferência”.

Para Luis, com o aumento no fluxo de informações, o processo de comunicação precisa ser muito bem trabalhado. “As pessoas estão confusas, elas recebem informações de todos os lados. Nesse sentindo, lançamos um documento com fatos que desmentem informações erradas sobre os alimentos processados e ultraprocessados, pois os consumidores precisam entender a importância dos mesmos para a sociedade. A nossa ideia é propor um novo esquema de comunicação sobre essa importante categoria para a população”.

Artur Yabe Milanez, Gerente Setorial do BNDES, abordou a visão do banco para o setor lácteo brasileiro e e de acordo com ele, em dezembro de 2017, no BNDES, houve uma reunião com setor leiteiro e participaram representantes de produtores, da indústria e do banco. O objetivo do encontro foi discutir os desafios e oportunidades para a cadeia produtiva da agroindústria do leite.

“Na reunião, o BNDES propôs a realização de um estudo para mapear as barreiras na exportação do leite, bem como os modelos produtivos mais recomendados para atingir esse objetivo. Os parceiros do BNDES foram a Embrapa Gado de Leite e a equipe do consultor Christiano Nascif”.

A pesquisa ainda não está 100% finalizada, mas ele citou alguns principais desafios: o setor ainda é muito variado em termo de eficiências (baixa produtividade, escala de produção e ineficiência na produção e no processamento), qualidade da matéria-prima, carência de políticas públicas de longo prazo focadas na competitividade e baixa coordenação da cadeia produtiva.

“Avaliamos dados provenientes de 618 propriedades distribuídas nos estados de MG, PR, RS, GO, SP, SC e RJ. A produção variava de 110 litros/dia a 13.500 litros/dia em variados sistemas de produção. A eficiência técnica médias das propriedades leiteiras foi de 76,5% e apresenta bom potencial para crescimento, sem a necessidade de aumento de uso de insumos. A conclusão prévia é que – por meio dos resultados alcançados – nota-se que as fazendas eficientes estão situadas na mesma faixa de custo dos países mais eficientes e é possível produzir um leite competitivo internacionalmente no Brasil”.

No final da sua apresentação, Milanez frisou que o banco apoia o setor através de suas linhas de financiamento tradicionais e está fomentando a estruturação de ‘projetos-âncora’, incluindo projetos relacionados ao biogás e à internet das coisas (IoT).

“Para que o leite brasileiro possa abrir novos mercados, as medidas imprescindíveis são: adequação da qualidade do leite aos padrões internacionais, através do monitoramento e fiscalização de sua qualidade. Também, substituição gradativa das políticas de proteção do mercado doméstico por outras que estimulem a competitividade do setor”.

Fechando as palestras do período da manhã, Miguel Paulón, Presidente do Centro da Indústria Leiteira da Argentina, destacou a “Situação atual e perspectivas de mercado da Argentina e Uruguai”. Ele iniciou a palestra explanando sobre a o cenário da Argentina. “Estamos passando por um ano de grande instabilidade financeira e cambial, o que afeta os custos primários de produção, com forte diferença entre os custos e preços da matéria-prima. Não podemos esquecer do alto custo financeiro e a grande tensão devido às condições de pagamento e frequência entre produção e indústria”.

De acordo com Paulón, a competitividade transitória gerada pela desvalorização da taxa de câmbio contrastou com a queda dos preços internacionais. “Há uma maior pressão tributária local e provincial e aumento na marginalidade comercial devido ao deslocamento do comércio para os varejistas locais. Nos últimos meses, houve queda acentuada nas vendas domésticas entre 10 e 15%. O acumulado de janeiro a setembro é semelhante a 2017 e o aumento da produção da ordem de 6% em relação a 2017”, explicou.

Sobre 2019, Miguel acredita que a o Uruguai terá condições estáveis para manter seu saldo exportável. “Já na Argentina, enxergo uma menor produção. E, já que será um ano eleitoral, o consumo será menor do que a oferta exportável. No Brasil, com o novo governo, acredito que veremos um enfoque diferente sobre o Mercosul e assim, precisamos ficar preparados”.

Confira em breve outros releases sobre o evento! 

Por Raquel Maria Cury Rodrigues, coordenadora de conteúdo do MilkPoint

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