As empresas de lácteos russas enfrentam consequências da queda do poder de compra da população russa, descreveu Marina Petrova, vice-presidente do comitê de negócios da Câmara Comercial e Industrial de Moscou, durante a Conferência de Transformação da Indústria de Laticínios.
"Não podemos negar, a renda [da população russa] está caindo e as pessoas estão começando a prestar mais atenção à estrutura da cesta básica", disse Petrova, acrescentando que a luta pelos corações e pelas carteiras dos clientes russos está atualmente acirrada.
Petrova admitiu que, para alguns cidadãos russos, a comida se tornou uma forma de entretenimento, então eles estão dispostos a gastar mais dinheiro em produtos premium. No entanto, ela estimou que a participação desses clientes está limitada a cerca de 20%.
Marcas próprias ganham espaço
O mercado russo de lácteos viu as marcas próprias se tornarem mais populares, que já respondem por 25% do faturamento do setor, afirmou Petrova. Algumas empresas de laticínios estão em uma encruzilhada agora: ir para o segmento de marca própria e produzir produtos para outras marcas ou tentar desenvolver suas próprias marcas.
É cada vez mais complexo para o negócio de lácteos competir com marcas próprias. Por outro lado, entrar no segmento de marca própria geralmente significa que o fabricante de lácteos precisará aderir a uma economia rigorosa, já que a marginalidade desse negócio é relativamente baixa. Petrova disse ainda que, no final, empresas que atuam nesse ramo estão sendo adquiridas por players maiores.
Descontos determinam demanda
Nos últimos anos, a Rússia viu uma popularidade crescente de hard discounters, um tipo de loja de varejo que vende os produtos mais baratos, disse Ivan Fedyakov, chefe do Infoline, um think tank com sede em Moscou, durante a mesma conferência. Nos próximos 3 a 5 anos, os descontos terão quase 50% das marcas próprias em suas prateleiras, estimou.
Durante os últimos dois anos, supermercados e hipermercados russos viram suas vendas diminuírem ou permanecerem estáveis. Nesse cenário, alguns varejistas de alimentos russos veem seu desempenho financeiro piorar. Por exemplo, a Okay, uma das maiores redes de supermercados da Rússia, gerou um prejuízo líquido de 3 bilhões de rublos (US$ 30 milhões) no segundo trimestre de 2023. Os descontos e as vendas online, no entanto, experimentaram um crescimento no faturamento, acrescentou.
A dinâmica atual parece problemática e requer atenção especial da direção, afirmou Fedyakov. "Na minha opinião, só os descontos podem crescer porque apresentam um formato popular, principalmente para a população mais pobre, que infelizmente está aumentando", disse.
As informações são do Dairy Global, traduzidas e adaptadas pela equipe MilkPoint.