CNA: alerta para as importações de leite da Argentina
As importações brasileiras de lácteos cresceram 39,5% em valores, no último ano, atingindo US$ 22,03 milhões em janeiro, o que representa mais de 10 mil toneladas de litros de leite. Deste total, 8.300 toneladas vieram da Argentina, o que representa um gasto de US$ 17,89 milhões somente em janeiro.
Publicado por: MilkPoint
Publicado em: - 4 minutos de leitura
Para fazer frente às práticas desleais de comércio, o Brasil adotou instrumentos como a alíquota antidumping, aplicada a partir de 2001 nas importações de leite da União Europeia e da Nova Zelândia, por ação na qual a CNA foi peticionária. Também foram adotados acordos de preços mínimos com a Argentina e o Uruguai, que venceram em 2008. Foi a partir da aplicação dos direitos antidumping que a produção brasileira de lácteos conseguiu alcançar uma taxa de crescimento de 5% ao ano. Em 1995, o Brasil importou 3,2 bilhões de litros de leite e produziu 16,5 bilhões de litros, enquanto em 2008 a produção chegou a 28 bilhões de litros e as importações caíram para 474 milhões de litros.
Para ser competitivo frente aos preços do leite importado via Argentina, o Brasil precisaria produzir a um custo de US$ 2.000 a tonelada, preço que o produto chega ao País. Transformados em reais, esses valores representariam um preço de R$ 0,41 por litro de leite pago ao produtor pela indústria de laticínios. No Brasil, o preço médio pago ao produtor de leite atualmente é de R$ 0,59, o que representaria um custo industrial de US$ 2.370 pela produção de uma tonelada de leite em pó. Para a presidente da CNA, uma das saídas seria "desonerar do PIS e Cofins as rações e o sal mineral, insumos básicos da pecuária de leite, o que reduziria em R$ 0,04 o custo de produção".
A balança comercial dos lácteos mostra claramente o aumento das importações de leite. Em janeiro do ano passado, o saldo comercial foi de US$ 25,5 milhões, enquanto em janeiro de 2009 a balança tornou-se deficitária, com um saldo negativo de US$ 8,32 milhões. Do total destas importações, 81,20% em valores e 82,47% em volume vieram da Argentina. A presidente da CNA chama a atenção para o fato de, durante todo o ano de 2008, 58% do total de leite importado pelo Brasil veio da Argentina, índice que subiu para mais de 82% somente no mês de janeiro deste ano.
A presidente da CNA, Kátia Abreu, cobrou ontem uma posição firme do Ministério das Relações Exteriores em relação a supostas irregularidades comerciais praticadas pelo governo argentino em detrimento dos produtores de leite brasileiros. A suspeita principal é de que a Argentina esteja importando leite da União Europeia e vendendo ao Brasil por preços inferiores aos valores pagos aos pecuaristas do País, instrumento conhecido como dumping, que ocasionou crescimento de mais de 100% das compras de produtos lácteos do país vizinho em janeiro, podendo inviabilizar a produção nacional.
"Se a Argentina atravessa hoje um período de seca e suas exportações são para pagar as contas, é preciso saber de onde está saindo tanto leite", completou o presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA, Rodrigo Alvim.
Para averiguar a possibilidade de práticas desleais de comércio, a CNA defendeu a adoção de quatro medidas de reação a este cenário desfavorável. A primeira delas é a licença não automática para importação, medida que deve ser tomada imediatamente, na avaliação da senadora. "É necessário verificar se o leite em pó argentino não está virando leite longa vida no Brasil, pois isso é proibido", explicou a presidente da entidade. Outra ação mencionada por Kátia Abreu foi a fixação da Tarifa Externa Comum (TEC) em 30% para países de fora do Mercosul. Hoje a Argentina paga uma taxa de 16% ao importar lácteos da União Europeia, enquanto o Brasil paga 41,9%.
A terceira medida é a volta da política de preços mínimos, que foi feita a partir de uma investigação de um processo antidumping da própria Argentina devido a mecanismos ilegais de comércio na década de 90. Contudo, este acordo venceu em fevereiro do ano passado, mas já houve contato com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior para retomar o assunto.
"Se esta suposta transferência de produto, que não sabemos se é argentino ou se é triangulado, não for suficiente para a nossa chancelaria compreender o risco que o País está correndo, não sei que motivos precisaremos para que sejam tomadas providências", acrescentou Rodrigo Alvim. A quarta medida defendida pela CNA é a fiscalização dos padrões de qualidade do leite argentino.
As informações são da Agência CNA, adaptadas e resumidas pela Equipe MilkPoint.
Para continuar lendo o conteúdo entre com sua conta ou cadastre-se no MilkPoint.
Tenha acesso a conteúdos exclusivos gratuitamente!
Publicado por:
MilkPoint
O MilkPoint é maior portal sobre mercado lácteo do Brasil. Especialista em informações do agronegócio, cadeia leiteira, indústria de laticínios e outros.
Deixe sua opinião!
CORNÉLIO PROCÓPIO - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
EM 13/03/2009

ITABUNA - BAHIA - PRODUÇÃO DE LEITE
EM 12/03/2009

ITAÍ - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE
EM 12/03/2009
Não era sem tempo que alguém ocupando altos postos tivessem o conhecimento do que vem ocorrendo já há muito tempo nesse caso de "importação de leite" da Argentina e do Uruguai.
Vez ou outra esse assunto vem à tona, grita-se muito, faz-se alguma coisa, passa algum tempo e pronto, lá vem o mesmo assunto.
Há coisa de 3 ou 4 anos, o preço do leite pago ao produtor em Janeiro, foi 50% (R$ 0,63) mais caro que em Junho do mesmo ano (R$ 0,41), isso mais a ameaça por parte de alguns laticínios de se voltar a famigerada extracota.
O por que disto?
Foi noticiado que uma grande empresa multinacional, importou uma grande quantidade de toneladas de leite em pó e com esse excedente fez com que, em plena entressafra, o preço caísse àqueles patamares.
Porque não se divulga o nome dessas empresas importadoras e com isso saberíamos qual o real objetivo dessa importação?
Não nos esqueçamos que é contra lei importar leite em pó e transformá-lo em "longa vida". Não sei se me fiz entender.
MURIAÉ - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
EM 07/03/2009
Instrumentos...? As Relações Exteriores sabem muito bem que documentos comprobatórios responderiam isso.
Algum tempo atrás, hoje nem tanto, nossa região amargava valores insignificantes pelo leite "extra cota" (excedente a média da produção da seca). Tínhamos que controlar nossa produção tendo em vista essa questão. Hoje entopem nosso mercado, o goveno não toma providência e recebemos valores baixos pelo leite do ano todo. O extra vem de lá, por estratégia empresarial, e nós somos ridicularizados.
Há poucos dias recebi um e-mail desses que circulam rapidamente pela rede aberta onde os consumidores eram convidados para, espontaneamente, ficar 2 a 3 meses sem abastecer veículos em postos de alguma bandeira. Cada bandeira um período. Isso tentaria a redução dos preços para manterem-se vivas.
Alguma idéia nesse sentido não deve demorar a surgir em relação a produção de leite e empesas processadoras e importadoras...
MURIAÉ - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
EM 07/03/2009
Lembro que vivemos tempos em que nunca se descobriu tanta coisa errada, corrupção, no Brasil! Mas também amargamos tempos em que pouca coisa ou nada tem sido feito para ajustar as descobertas. Essa semana mesmo tivemos o retorno de divesas pessoas que estavam afastadas de suas funções por investigações. Não houve justificativa plausível!
Será que o produtor, que já passa por uma crise extensa, vai amargar com essa descoberta sem providências? No pessimismo, alimentado pelo histórico da pecuária brasileira, já penso que sim!
Tomara que esteja errado... e o leite triangulado pela Argentina não tenha o mesmo desfecho que o petróleo e derivado com nossos outros vizinhos...

OUTRO - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS
EM 06/03/2009

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL - PRODUÇÃO DE LEITE
EM 20/02/2009

OLARIA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE
EM 20/02/2009
CAÇU - GOIÁS
EM 19/02/2009

PATOS DE MINAS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE
EM 19/02/2009