CE: Danone negocia reabertura de fábrica

O governo do Ceará aprovou lei que poderá permitir a reabertura da fábrica da Danone no estado. De acordo com conversas mantidas com a Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece) e a empresa francesa, dona de uma unidade desativada há anos em Maracanaú, região metropolitana de Fortaleza, o investimento seria de R$ 60 milhões na reativação da fábrica, informou o gerente responsável pela área de atração de investimentos da Adece, Eduardo Neves.

A empresa reabriria a unidade fechada em 1998 para produzir o Danoninho e a marca de produtos funcionais Activia, sua linha que mais cresce. A expectativa em torno da reativação é grande. Caso efetivada a decisão de reabertura, a captação de leite pela nova indústria seria de 100 mil litros ao dia, ou 37 milhões de litros no ano, quando estiver em seu pleno funcionamento, previsto para o terceiro ano de operação, segundo Neves. Este volume, sozinho, representa 10% de toda a produção atual de leite do Ceará, e tem potencial para criar mil empregos no campo, ligados à produção de leite - além dos 300 que já serão gerados diretamente na fábrica. "Para cada 100 litros de leite produzidos ao dia, tem-se um emprego", afirmou o diretor de agronegócios da Adece, Francisco Zuza de Oliveira.

A reativação da antiga fábrica seria parte do plano que a Danone já vem desenvolvendo desde 2007 de aumentar a participação no Nordeste, principalmente com a linha de funcionais. Com um avanço de 40% nas vendas do ano passado no País, a linha Activia chegou a um crescimento de 66% no Nordeste, segundo dados da Nielsen. Segundo o gerente de marketing da Danone para a Activia, Leonardo Lima, os produtos funcionais fazem parte de uma das cestas monitoradas pela Nielsen que mais ganham consumidores entre a população adulta. Além disso, há ainda muitos lares a serem conquistados - os iogurtes funcionais possuem uma penetração de 30% no mercado brasileiro, ante 87,9% de toda a categoria de lácteos frescos.

A retomada da fábrica de Maracanaú depende da assinatura do protocolo de intenções entre a Danone e o Conselho de Desenvolvimento Industrial do Ceará, que deverá ser discutido ainda esta semana entre ambas as partes. Até que o negócio esteja formalizado, a Danone não se manifesta sobre o assunto. A formalização da reabertura da fábrica deve por fim a uma novela de mais de um ano em que a Danone pleiteou junto ao governo cearense incentivos fiscais para sua instalação - investimento também disputado por Pernambuco, que chegou a fazer propostas de redução de impostos mais atraentes para ganhar a nova unidade da maior fabricante de iogurtes do mundo.

A nova lei elaborada pelo Ceará para desenvolver o mercado local concede isenção de 90% de ICMS por dez anos à "industrialização de alimentos lácteos com propriedades funcionais, nutricionais e de saúde" no estado - texto aprovado pela Assembleia Legislativa no último dia 7. De acordo com a Adece, o governo também concederá à Danone isenção de ICMS na aquisição de máquinas e equipamentos importados para as instalações. Em contrapartida, a empresa deve comprar de produtores familiares pelo menos 50% do leite in natura que consumir.

A matéria é de Juliana Elias e Rita Karam, publicada na Gazeta Mercantil, adaptada e resumida pela Equipe MilkPoint.