A queda no número de raças de gado leiteiro na Rússia pode estar aumentando, disse Lyubov Kalashnikova, chefe do laboratório do All-Russian Research Institute of Breeding, durante uma conferência do setor em Ufa.
A raça Bestuzhev está entre as primeiras em termos de queda de números, disse Kalashnikova, calculando que atualmente existem apenas 5.000 exemplares da raça no país, incluindo 1.000 de raça pura. A raça Kholmogory está sob uma ameaça semelhante, já que a população russa total desta raça atualmente é de 54.000 cabeças, das quais apenas 1.000 podem ser consideradas de raça pura.
As raças nativas dominaram a indústria de lácteos russa durante a era soviética, mas foram gradualmente substituídas desde o início dos anos 1990. Nos últimos anos, um número crescente de fazendas tem mudado para a criação de vacas holandesas. As vacas holandesas continuam sendo a raça de vacas leiteiras mais difundida no país.
As raças russas são consideradas como tendo desempenho de produção inferior em comparação com as raças mais populares de vacas leiteiras.
Conservação do pool genético
De acordo com Kalashnikova, as autoridades russas devem montar uma estratégia para garantir que as raças russas não diminuam.
“É necessário aprovar uma lista de raças ameaçadas para reconhecer que todas as 13 raças de gado leiteiro estão na zona de perigo”, disse Kalashnikova, acrescentando que medidas semelhantes são necessárias na indústria de suínos e bovinos, onde as raças russas estão também sob ameaça de extinção.
A estratégia abrangente deve contemplar o estabelecimento de “pools genéticos” e fazendas especiais devem ser lançadas para preservá-los.
“Precisamos de uma abordagem sistemática. Para começar, descobrir o que já está disponível, multiplicar e depois pensar em melhorar o desempenho da produção”, disse ela, acrescentando que nas províncias russas é preciso criar uma comissão que “vai para as fazendas e selecionar animais para sua conservação e reprodução”.
Genética leiteira sob escrutínio
Durante o ano passado, vários participantes do mercado na Rússia pediram às autoridades que considerassem medidas para alcançar a autossuficiência em genética na indústria de lácteos, citando que a dependência de importações de países ocidentais deveria ser seriamente considerada no contexto da crescente pressão por sanções.
Em 2022, o Ministério da Agricultura da Rússia embarcou em um programa destinado a fortalecer o potencial genético do rebanho leiteiro russo. Ele deve “melhorar as raças existentes e encontrar marcadores genômicos associados à produtividade leiteira e ao estado de saúde”. O Ministério planeja gastar 181 milhões de rublos (US$ 2,5 milhões) por ano até 2030 nisso.
As informações são do Dairy Global, traduzidas e adaptadas pela equipe MilkPoint.