O déficit comercial apresentado pelo setor de lácteos mostra queda de 234% em relação ao mês de fevereiro, no qual a balança comercial de leite e derivados apresentou resultado positivo de US$ 7,62 milhões. Quando comparado a março de 2008 - quando o saldo foi de US$ 18,9 milhões - a queda é de 154%. Em volume, a queda nas exportações em comparação a março de 2008 foi de 23,6%, ficando em 7,1 mil toneladas.
Em relação a fevereiro/09, as exportações de leite em pó foram 49% menores em volume, o que significa 1,7 mil toneladas. As vendas de leite condensado cresceram 25%, alcançando 3,2 mil toneladas. O preço médio do leite condensado manteve-se estável, com leve alta de 0,84%, negociado a US$ 1.568/t.
O preço médio de exportação do leite em pó integral teve queda de 13,7% em relação a fevereiro passado, apresentando valores próximos a US$ 3.793/t. Vale destacar que a maior parte dessa venda foi destinada à Venezuela e, pelo fato do Brasil ter condições de oferecer produto fracionado - que é melhor cotado no mercado -, os valores negociados são acima dos praticados no mercado internacional.
Foram exportadas 535 toneladas de queijos, alcançando o valor de US$ 3.087/t, aumento de 6,7% no volume exportado, em relação a fevereiro.
Tabela 1. Exportações e importações de lácteos em março de 2009.

As importações aumentaram 169% em volume quando comparadas a março de 2008, com compras de 14,9 mil toneladas de lácteos; em relação a fevereiro/09, o volume importado é 76% superior. Em valor, as importações alcançaram mais de US$ 27 milhões, alta de 88,9% em relação ao mesmo período do ano passado.
O principal produto importado foi o leite em pó integral, representando 65% do total, ou seja, 9,589 mil toneladas (equivalente a 78,6 milhões de litros), seguido pela compra de leite em pó desnatado, 13,7% do volume total (2,04 mil toneladas). Do volume de leite em pó integral - 9,589 mil toneladas - 69% é proveniente da Argentina (ao preço médio de US$ 1.856/t) e 31% foi comprado do Uruguai (em média, US$ 1.669/t).
As importações de leite em pó integral aumentaram 113% em comparação a fevereiro. Se as importações de janeiro foram preocupantes, o mês de março deve causar ainda mais temor, já que as compras de leite em pó superaram em 1,64 mil toneladas o volume importado no primeiro mês do ano. O leite em pó integral, o leite em pó desnatado, os queijos e o soro de leite, apresentaram, em valor, participações relativas de 63,8%, 15,4%, 7,7% e 7,6% respectivamente nas importações.
Na última terça-feira, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, afirmou que dados do governo mostram que a Argentina está "empurrando" leite a preços baixos para o mercado brasileiro. Segundo ele, o Brasil não pode "virar depósito de excesso de leite", num momento em que a Argentina não tem para quem vender. Stephanes defendeu que seja estabelecido mecanismo para que as importações de leite da Argentina voltem aos níveis de comércio anteriores à crise financeira internacional. Ele ressaltou que "não somos a favor do protecionismo, mas as exportações de um país não podem fugir do padrão em período de crise", disse.
Tabela 2. Preços médios e volumes de exportação e importação do leite em pó (US$/tonelada).

A importação de queijos foi 4,9% menor em relação ao mês de fevereiro, com volume total de 450 toneladas. As compras de soro de leite caíram 10,6% em relação ao mês anterior, com compras de 1,8 mil toneladas.
Nos três primeiros meses do ano, foram exportadas 22,5 mil toneladas de lácteos, no valor de US$ 61,5 milhões. Já as importações totalizaram 37,4 mil toneladas, no valor total de US$ 72,5 milhões. Com isso, o saldo do 1º trimestre ficou negativo em cerca de US$ 11 milhões, sendo que as importações superaram as exportações em 14,9 mil toneladas.

Equipe MilkPoint
