A matéria “NZ e EU tem recuo dos preços ao produtores em maio”, publicada no Giro Lácteo do Milkpoint em 06/07/2010, apresenta um gráfico com a evolução dos preços aos produtores no Brasil, na União Européia, na Nova Zelândia/USA, na Argentina , e em maio os preços seriam os seguintes:
Brasil .............US$ 0,44/litro
UE .................US$ 0,36/litro
NZ/USA ....... US$ 0,34/litro
Argentina ...... US$ 0,32/litro
Aparentemente o preço de US$ 0,34 da NZ/USA representaria uma média do mercado mundial, com os preços na EU 5,9% maiores, na Argentina 6,0% menores, e a grande distorção seria o Brasil, com os preços 29,4% maiores.
Todavia se ao invés de uma taxa de câmbio de 1 US$ = R$ 1,75 a taxa de câmbio fosse de 1 US$ = R$ 2,26, ou seja, uma desvalorização de 29,4% do real frente ao dólar americano, o preço ao produtor no Brasil resultaria em US$ 0,34/litro, igual ao da NZ/USA, na média do mercado mundial.
No Brasil produzimos leite em Reais, e todos sabemos que o Real está supervalorizado com relação ao dólar americano, e qualquer comparação simplista dividindo os preços recebidos pelo produtor aqui pela taxa de câmbio introduz a distorção da taxa cambial, sobre a qual o produtor de leite não tem nenhuma ação.
Temos alertado ao Governo e a indústria nacional, que ao analisar os preços pagos aos produtores e a competitividade da pecuária leiteira nacional não se pode fazer essa comparação simplista, que introduz a distorção cambial, que pode afetar a sustentabilidade econômica da produção de leite até mesmo para os produtores mais eficazes, colocando em risco a auto-suficiência para o abastecimento do mercado interno e levando o País a voltar a ser significativo importador de leite como acontecia até o passado recente. É bom lembrar o equivalente em leite fluido do balanço do leite em pó representou importação de 0,5 bilhão de litros em 2009 e até o meio deste ano importação já atingiu cerca de 0,15 bilhão de litros.
Marcello de Moura Campos Filho
Presidente da Leite São Paulo