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Produzir soja ou leite?

POR JOÃO RICARDO ALVES PEREIRA

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 19/07/2013

5 MIN DE LEITURA

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Por *João Ricardo Alves Pereira

Estamos concluindo mais uma super-safra no Brasil. A área plantada nesta safra, estimada em 53,23 milhões de hectares, é 4,6% (2,34 milhões de hectares) maior que a cultivada em 2011/12, que totalizou 50,89 milhões de hectares. A produção da safra 2012/13, estimada em 185,05 milhões de toneladas, é 11,4% superior à safra 2011/12, quando atingiu 166,17 milhões de toneladas. A vedete desse crescimento foi a cultura da soja, que apresentou crescimento de 10,7% (2,68 milhões de hectares), passando de 25,04 para 27,72 milhões de hectares. O bom comportamento do clima em importantes fases do desenvolvimento da lavoura, especialmente nos estados da Região Sul, permitiu que a produtividade nacional atingisse a média de 2.938 kg/ha, fazendo com que tivéssemos um incremento de 15,07 milhões de toneladas sobre a produção obtida na safra anterior (CONAB – Décimo levantamento de safra – 2013).

Os produtores viram a perspectiva de evolução dos preços do produto no mercado internacional, suas repercussões no mercado interno (Figura 01) e o que o temos visto no campo é o que podemos chamar de uma segunda “revolução verde”. Áreas degradadas, principalmente de pastagens, estão sendo corrigidas, fertilizadas e convertidas em lavouras de soja, enquanto unidades de secagem e armazenamento de grãos surgem no meio dos campos do dia para noite. A demanda por novas áreas de plantio inflacionou o mercado e temos valores de arrendamento variando em 10 até 25 sacas de soja/ha, fazendo com que o aluguel de terras seja uma opção de renda bastante interessante nesse momento.
 
       Figura 1: Evolução do Indicados da Soja 

Por outro lado, os altos custos na produção de leite estão levando muitos produtores a abandonarem a atividade em troca da produção de soja. Entre os motivos estão perdas com estiagem, altos custos de suplementos alimentares e, em grande parte, a falta de mão de obra. 

Levantamentos de custos de produção realizados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) indicam que a soja garantiu rentabilidade elevada aos produtores brasileiros, mesmo com produção recorde na safra 2012/13. O estudo aponta que em regiões produtoras de soja, como Londrina (PR), que para cada R$ 1 investido, a soja retornou R$ 2,39 – ou seja, 139% a mais – sobre o Custo Operacional (gastos com insumos, mão de obra, operações mecânicas, assistência técnica, juros sobre capital investido nestes itens e impostos/taxas). Se analisado o retorno sobre o Custo Total, o resultado baixa para R$ 1,64 (64%), ainda bastante significativo – além dos itens do custo operacional, o custo total envolve a depreciação de máquinas, implementos e benfeitorias e ainda o custo de oportunidade da terra e do capital investido em todos os bens usados para a cultura. No comparativo de nove regiões, Luis Eduardo Magalhães (BA) teve a menor rentabilidade, onde para cada R$ 1 investido, o retorno sobre o custo operacional foi de R$ 1,31 e frente ao custo total, apenas R$ 0,97.

No mesmo estudo, os levantamentos do Cepea apontam que, em vários dos últimos 12 meses, a receita do leite foi suficiente basicamente para cobrir os custos operacionais, em diferentes sistemas de produção. Enquanto numa propriedade típica da região de Castro (PR), considerada “ilha de excelência” na produção de leite no País, na média de abril de 2012 a abril 2013, a propriedade teve margem bruta de R$ 885,36 por ha, outra propriedade em Uberlândia (MG), de índices técnicos/zootécnicos inferiores, obteve apenas R$ 189,59 por ha. Por exemplo, a taxa de lotação da primeira é de 3,33 unidades animal por hectare, contra 1,07 UA/ha na segunda. Enquanto em Castro, a relação entre volume de leite produzido e o número de funcionários fixos é de 750 litros/homem/dia em Uberlândia é de apenas 267.

Vale ressaltar que um dos principais fatores que mais contribuem para menor rentabilidade do leite é o maior custo da ração concentrada decorrente da valorização das commodities milho e soja (Figuras 2 e 3).
 
       Figura 2 – Evolução do preço do milho
 
            Figura 3 – Evolução do preço do farelo de soja

A produção brasileira de leite vem crescendo a taxas ao redor de 5% ao ano e já produzimos mais de 33 bilhões de litros/ano, o que ainda não é suficiente para que cada brasileiro tenha disponível diariamente 0,575 litros/dia para atender o consumo recomendado pelo Ministério da Saúde, que é de 210 litros/ano. 

A valorização do leite, nos últimos meses, tem gerado boas expectativas nos produtores. Particularmente, tenho visto investimentos em instalações, equipamentos e animais como nunca.

Apesar da grande importância do assunto, uma das poucas análises econômicas que encontrei foi a do colega Carlos Eduardo Pullis Venturini – “2013 apresenta cenário favorável a produção de leite” – feita aqui no Milkpoint. Segundo Venturini, o aumento dos preços ao produtor tem superado os índices de inflação, e a menor oferta de leite no mercado, acompanhada pela redução do preço dos grãos utilizados na alimentação das vacas, ajudou na melhora das margens de lucro dos produtores (Figura 4). A relação de troca de uma saca de soja que era de 73,2 litros de leite em janeiro/13 caiu para 59,6 em maio/13, e para uma saca de milho a relação de troca que era de 36,6 caiu para 20 litros no mesmo período.


Figura 4. Variação de preços de milho, soja e leite – Maio/2012 = 100

Plantar soja ou produzir leite, como toda atividade, demanda constante preocupação com administração dos custos e contínuo aperfeiçoamento de todos os fatores que envolvem a atividade. A ocorrência de supersafras nos principais países produtores e crises econômicas influenciam substancialmente a demanda e podem resultar em fortes quedas nos preços.

O produtor poderia aproveitar a oportunidade e pensar em formas de integração lavoura e pecuária de leite como, por exemplo, alugar parte de sua área de pastagem por um período curto, de três ou quatro anos, e depois recebê-las de volta com pasto formado; investir o dinheiro do aluguel exclusivamente na reforma e ampliação de atividade leiteira; trabalhar em parceria ou mesmo sociedade com agricultores tendo como boa parte da receita a produção de comida para as vacas; ou outras tantas formas viáveis de se integrar os dois negócios.

No Brasil, apesar da heterogeneidade dos sistemas de produção, existem tecnologias disponíveis para que o País se torne competitivo e com sistemas produtivos sustentáveis comparáveis aos padrões internacionais, para produzir soja ou leite.





Este conteúdo é patrocinado pelas empresas Pioneer e Nogueira.

 

JOÃO RICARDO ALVES PEREIRA

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PONTA GROSSA - PARANÁ - PESQUISA/ENSINO

EM 27/08/2013

Obrigado Dimas pelas informações mais reais aí de Minas.
Um crescimento de quase cinco vezes o tamanho da área em dois anos é mais do que um indicativo que a cultura da soja está sendo uma opção de atividade frente a outras " mal tocadas"! Certamente, nesse cenário, tem bastante produtor em dúvida de qual atividade seguir. Precisamos gerar informações e ferramentas de análise econômica que auxiliem nessa decisão. No meu ponto de vista isso é uma deficiência na atividade leiteira.
DIMAS ANTONIO DEL BOSCO CARDOSO

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO

EM 26/08/2013

Boa matéria, preço está bom, mas os custos estão desafiantes! No Sul de Minas que é um dos berços da atividade leiteira, a cultura da soja vem ganhando muito espaço, há 2 anos atrás, tínhamos 11 a 12 mil ha de soja espalhados pelo Sul, Centro e Oeste de Minas, hoje são mais de 55 mil ha, atraídos pela rentabilidade, possibilidade de fazer safrinha e pagar custos de arrendamento e ainda promover aumento de produtividade para o milho em sucessão ou rotação. É um caminho e tendência sem volta aqui nas Gerais e acredito que seja também em boa parte de outras Regiões!
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 08/08/2013

Prezado João Ricardo Alves Pereira: Até concordo com seu ponto de vista sobre a substituição de leite por soja, mas, apenas em algumas regiões isoladas.
No contexto global do território brasileiro, esta substituição não será efetivada, eis que, por razões de condições para o desenvolvimento regular e próspero da cultura (clima, relevo, hidrografia) e, mesmo, por logística ou, ainda, cultura dos produtores, esta permuta não é possível.
Por lado outro, com a queda acentuada nos valores internacionais (boas safras nos Estados Unidos da América, por exemplo) e com a alta do dólar em relação ao real, não será interessante manter este estado de coisas desenhado em seu texto, passando o leite a ser valorizado em proporção muito maior que a soja, que passará a ser um empreendimento muito caro.
Quanto à falta de mão de obra, recordo que este tipo de fenômeno é mundial e outros países, como os Estados Unidos, o Canadá e a própria Nova Zelândia sofrem - ou sofreram - do mesmo mal, mas não deixaram de produzir e se firmar entre os maiores produtores do mundo.
Tal como ocorre, constantemente, na indústria, o homem vai sendo substituído pela máquina (só para um exemplo pessoal, antes, na Fazenda Sesmaria, meu avô tinha mais de oito retireiros a seu serviço. Hoje, eu tenho dois, que operam a ordenhadeira mecânica; meu avô tinha dezenas de trabalhadores para as demais atividades da Fazenda, como plantio, aração, colheita, ensilagem; hoje, eu utilizo dois para estas atividades todas, que são realizadas por tratores; meu avô realizava dezenas de trabalhadores na roçagem de pastos; hoje, eu gasto um só - o operador do trator).
É questão de adaptação e de investimento. Quem não aderir a este quadro, terá que deixar o setor.
Por fim, não acho que a vida urbana signifique muito em relação à falta da mão de obra no campo: meus empregados, por exemplo, recebem bem mais que um trabalhador da cidade e não têm os gastos que teriam no conglomerado urbano. A qualificação é efetivada na própria propriedade, que é o modelo do futuro, sem ter que aguardar a boa vontade da realização de cursos oficiais para tanto.
Um abraço,


GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO
ALFA MILK
FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG
=HÁ OITO ANOS CONFINANDO QUALIDADE=
www.fazendasesmaria.com
AGRIMILK

PONTA GROSSA - PARANÁ - PESQUISA/ENSINO

EM 06/08/2013

Obrigado sr Euzébio!

Concordo com o senhor nas questões levantadas. Na rentabilidade no leite outras questões devem ser levantadas e uma delas, se não a principal, é a disponibilidade de mão obra. Temos que investir cada vez mais em automação (máquinas e implementos) para reduzir mão de obra, mas ao mesmo tempo precisamos dessa mão de obra mais qualificada, que concorre com a demanda nos centros urbanos. Nem sempre o trabalho na cidade remunera melhor, mas certamente é mais cômodo.

Na minha opinião, a cultura da soja, concorrendo com leite, está sendo mais um catalisador do processo de mudança na pecuária leiteira. Estamos caminhando para intensificação dos sistemas, que por ter custos maiores demanda mais investimentos e, por isso, maior escala de produção. Quais os resultados dessa "travessia" é que vamos ver com o tempo
EUZEBIO J NEULS

NÃO-ME-TOQUE - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 06/08/2013

Parabéns pelo tema abordado. Eu estou nesta via leite ou soja tenho 350/ha com 3 colaboradores, planto soja, trigo, milho,aveia,etc .Também leite 80,000lts mes, O que estou me questionado é a mão de obra precária no leite, tenho 4 colaboradores, e não mais encontrada, o compromisso dia a dia. As indústrias tem carga horaria mais flexível, os jovens não querem compromisso,vida mais fácil. Estou pensando até em vender todos os animais.
A lucratividade do leite é razoável, dinheiro certo todo mês, mas as dificuldades são grandes.
AGRIMILK

PONTA GROSSA - PARANÁ - PESQUISA/ENSINO

EM 06/08/2013

Quanto as questões aqui levantadas gostaria de fazer algumas considerações:

Nas propriedades onde é possível integrar as duas atividades o ganho é significativo. Como mencionou o senhor César, o arrendatário pode fazer parte do pagamento do arrendo em serviços de preparo de solo e plantio. Ainda mais nas regiões onde é possível o cultivo de pastagens de inverno.

Guilherme, concordo, em parte, quando você diz que para alguns isso é um "modismo". Na verdade o produtor está enxergando na cultura da soja (própria ou arrendo) uma oportunidade para sair do leite, atividade que demanda mão de obra e atenção mais constantes. O problema, no meu ver, é justamente a capacidade financeira desse produtor em suportar uma baixa de preços da soja se ele não tiver outro lastro financeiro. Sair do leite é fácil, difícil deve ser voltar.
Levantei junto a uma empresa de sementes a área de soja plantada em parte do estado de Minas. Fui informado que na região sul, áreas mais dobradas e tradicionalmente "mais leiteiras", a área plantada de soja praticamente dobrou em três anos. Não que todas essas áreas eram de propriedades leiteiras, mas indica claramente o avanço da cultura.

GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 01/08/2013

Prezado João Ricardo Alves Pereira: Respondendo à sua pergunta, a assertiva é uma só: modismo. O Brasil, por ter entre seus produtores de leite pessoas amadoras, aceita qualquer modalidade de novidade, sem questionar, como é o caso do girolando (e tantos outros "andos"), do leite a pasto, do arrendamento para cana de açúcar e soja... Agora, que o preço do leite, parece, vem se adequando, após anos de defasagem, está na moda ser produtor, o que implementa projetos de integração (pecuária/lavoura; pecuária/lavoura/floresta, sistema de piquetes e tantos outros).
Basta uma reviravolta no setor e tudo volta ao normal.
Isto é amadorismo. Por sorte, os não profissionais vão sendo dilapidados, alijados do sistema e, em breve, somente os que somos profissionais permaneceremos, para o bem do Brasil.
Quem viver verá...
Um abraço,


GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO
ALFA MILK
FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG
=HÁ OITO ANOS CONFINANDO QUALIDADE=
www.fazendasesmaria.com
CEZAR PIMENTA GUIMARAES

PONTA GROSSA - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 31/07/2013

Realmente a cultura de soja tem demonstrado sucessivamente ganhos em preço e em produtividade resultando em astronômicas lucratividades. Relembro que quando iniciei com leite em 1985 ,aqui na região dos campos gerais, essa discussão já ocorria, e naquela época, obtive parâmetros para iniciar no leite com as seguintes conclusões. Nos cerca de quinze anos antes de 1985, com dados do DERAL, a soja sempre teve a cotaçao de preço por quilo inferior ao preço pago por litro de leite ao produtor. Isso manteve-se ate inicio do plano real, em meados de 1998, quando a soja na região alterou sua cotação e suas produtividades juntamente com diminuição de custos, provocando uma inversão de preços , pois o quilo de soja superou constantemente o preço do litro de leite. A opção de binômio soja leite retornei na ultima safra quando arrendei parte de minha área para cultivo da soja. Hoje o arrendamento e uma grande opção pois com o pagamento a vista e antecipado do mesmo, e ao custo de 10 a 22 sacas por hectare, uma boa injeção de recursos ao produtor de leite, atividade bastante trabalhosa e ainda com grandes problemas para superar dentro e fora das porteiras . Acredito que ainda nas próximas safras irei arrendar para soja, pois além do recurso financeiro, disponho após de uma área corrigida, ervas daninhas dominadas bem como de disponibilidade de maquinas do arrendatário para meu plantio de pastagens. Gostei do que fiz neste ultimo ano.
GERALDO ALVIM DUSI

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 31/07/2013

Parabens ao milkpoint por levantar este tipo de discussão. Embora haja divergências de opiniões elas servem para criar oportunidades para os produtores tomarem decisões. Gostaria de provocar algum técnico do programa Balde Cheio para entrar na discussão, tendo em vista que os resultados alcançados possam servir para comparações, principalmente quanto a produção de leite por unidade de área e seu custo de produção.
AGRIMILK

PONTA GROSSA - PARANÁ - PESQUISA/ENSINO

EM 25/07/2013

Veja agora se meu exemplo está correto: Outro produtor que tira 400 litros/dia (o dobro daqueles 200 litros/ dia que discutimos) em 40 ha mecanizáveis onde existe a opção de arrendo de 20 sacas de soja/ha. Se eu considerar a mesma rentabilidade de R$ 0,10/litro, a mesma que o senhor utilizou (independente da eficiência), ele tem uma receita mensal de cerca de R$ 1.200,00 (400 l x R$ 0,10 x 30 dias) ou anual de R$ 14.600,00 .

Usando o mesmo exemplo da soja, já que lá é possível plantar soja, o arrendo permitiria uma receita anual de 20 sc x R$ 60,00 x 40 ha = R$ 48.000,00 ou R$ 4.000,00 mensais.
Será que nenhum produtor vai se sentir tentado a mudar de atividade?

Por favor, em momento algum estou sugerindo (ou sugeri) que devam mudar de leite para soja. Meus questionamentos são se a soja é muito boa mesmo ou leite muito ruim? A atividade soja pode ser mais eficiente que leite nesse tamanho de área? Será que os produtores estão considerando o risco, lembrando que ele também existe no mercado do leite? Se soja só é viável em grandes áreas por que então estão mudando?

Obrigado pelas suas considerações.

Abraço.
AGRIMILK

PONTA GROSSA - PARANÁ - PESQUISA/ENSINO

EM 25/07/2013

Sr José.

Excelentes suas considerações. Por favor, em momento algum duvidei da idoneidade de seus dados, até porque não os conheço.
Primeiramente gostaria de esclarecer alguns detalhes novamente. Eu não sugiro a troca de atividade leite por soja, pelo contrário, questiono o motivo que está levando produtores a fazer isso, o que é uma realidade. Eu me referi não somente a região sul e sim a todas as regiões onde se é possível plantar soja e produzir leite. Onde não se planta soja em função da topografia, clima ou outro fator o produtor não terá essa opção de escolha. Ele não vai plantar soja de "matraca", certamente vai arrendar sua área para outra atividade, como reflorestamento, por exemplo. As oportunidades podem ser outras em função da região, mas só me referi a soja. Se não tiver nenhuma dessas opções (oportunidades) ou as terras são muito desvalorizadas em função de limitações de fertilidade ou estão muito longe de acesso a recursos logísticos. Contudo, essas mesmas limitações cabem para a produção de leite, correto? Por isso, no meu entendimento, muitos produtores de leite trocam de atividade, em diferentes regiões do país.

O termo "ilha de excelência" está no artigo do CEPEA, por isso fiz a devida citação.

Quanto aos cálculos apresentados pelo senhor, salvo engano de minha parte, fica claro que a "Ilha de excelência" é aí, correto? Tem margens até três vezes superiores ao estudo apresentado. Entendendo que as duas metodologias de avaliação estão corretas (reitero que respeito a vossa) a diferença de resultados seria a eficiência técnica na atividade.
No seu exemplo de referência a propriedade produz 25.000 litros/ha/ano. Sendo 40 ha de área temos 1.000.000 (um milhão) de litros/ano, correto? Divididos por 365 dias temos uma produção de 2.739 litros/dia, variando conforme a época do ano, correto? Sendo que cada litro retorna R$ 0,10 ao produtor ele teria ao final de cada mês cerca de R$ 8.217,00 (ou R$ 8.333,00 mencionados pelo senhor) ou R$ 100.000,00/ano.

No meu ver, uma propriedade com 40 ha numa região de topografia acidentada,onde só seria possível plantar soja de "matraca", que apresenta essa rentabilidade, em momento algum o produtor estaria pensando em trocar de atividade. Imagine se área fosse plana. Com todo respeito, talvez tivéssemos um fluxo contrário, onde o produtor de soja estaria migrando para o leite, o que seria normal como todo e qualquer negócio.
Esse produtor certamente não faz parte dos que me referi no artigo que estão pensando em trocar leite por lavoura de soja, ou mesmo por outra cultura, já que não se planta soja aí.
JOSE LEITE

UBERLÂNDIA - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 25/07/2013

2ª Parte Resposta 2.

Quando o senhor levanta suspeita sobre os dados apresentados por mim, penso que é justo de vossa parte, e creio que o senhor esta correto em questionar. Não devemos mesmo acreditar em tudo que lemos.
Mas as fazendas existem, os dados são verdadeiros, coletados por uma equipe técnica eficiente e comprometida com a verdade. Depois de coletados os dados são lançados nas planilhas que as mais renomadas instituições de ensino do país criaram com a finalidade de gerar informações. Informações essas divulgadas no texto anterior, e logo abaixo.

"numa propriedade típica da região de Castro (PR), considerada "ilha de excelência" na produção de leite no País, na média de abril de 2012 a abril 2013, a propriedade teve margem bruta de R$ 885,36 por ha".

Na "ilha de excelência" a margem bruta é de R$ 885,36/ha, e na nossa região que é uma importante bacia leiteira do país, mas esta muito distante da excelência na produção de leite, os dados são esses:

Nota: Apesar de serem dados reais, por questões de privacidade não divulgarei os nomes das Fazendas e/ou dos Produtores envolvidos. Cada número corresponde a uma fazenda. Nestas fazendas analisamos a margem bruta pela área total que é utilizada para a Atividade Leiteira.
- As fazendas de 1 a 4 produzem entre 300 a 1.200 lts/dia.
- A Fazenda 1, análise dos anos de 2011 e 2012;
- A Fazenda 10, são 7 anos de análises de dados com produção de 3.500 a 3.800 lts/dia.
Ano Cod MB/Área Leite
2011 1 1.764,05
2012 1 2.806,84
2011 2 1.572,71
2012 2 813,12
2011 3 832,08
2012 3 1.498,01
2011 4 2.505,68
2012 4 -690,02
2006 10 729,88
2007 10 2.086,19
2008 10 1.368,89
2009 10 435,34
2010 10 732,91
2011 10 1.280,77
2012 10 607,50

Mais uma vez voltemos aos cálculos (exercício matemático), matemática é uma ciência exata; independe de quem faça a conta, eu, o senhor, ou o CEPEA.

SOJA:
20 sc X R$ 60,00 = R$ 1.200,00/ha correto?
R$ 1.200,00/ha x 40 ha = R$ 48.000,00 correto?

Renda do produtor de soja seria R$ 48.000,00/12 meses = R$ 4.000,00 reais por mês.

LEITE:
25.000 lts/ha x R$ 0,10 (lucro por litro) = R$ 2.500,00/ha correto?
R$ 2.500,00/ha x 40 ha = R$ 100.000,00 correto?

Renda do produtor de leite seria R$ 100.000,00/12 meses = R$ 8.333,00 reais por mês

A minha crença me diz que devemos nos empenhar em transformar os atuais produtores de leite, para que aqueles que se comprometerem com atividade possam evoluir, ter renda, qualidade de vida e serem orgulhosos da atividade que praticam.

Aos caros leitores e ao Sr. João Ricardo, faço votos de que o debate tenha sido construtivo. E que cada um possa tirar suas próprias conclusões.
Obrigado ao Sr. João Ricardo pela oportunidade.
JOSE LEITE

UBERLÂNDIA - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 25/07/2013

2ª Parte Resposta 1.

A meu ver o que o que merece uma grande discussão em primeiro lugar é:
- Como transformar o produtor de leite, para que ele seja tão eficiente (em todos os sentidos) quanto o de soja. E não a sugerir a troca de atividade. Não adianta mudar incompetente de atividade, precisamos desenvolver as competências necessárias aos produtores de leite que assim desejarem.

E não podemos parar na discussão, o importante é arregaçar as mangas e colocar em prática as conclusões frutos das discussões.

O tema tratado foi o leite e a soja, a historia da cana é outra, que poderemos falar oportunamente.
Mas diga-se de passagem em nossa região não tem produtor que trocou o leite por arrendamento total da fazenda para a cana. Tem alguns produtores que viram uma oportunidade adicional, ou seja, usam o dinheiro extra do arrendamento das partes planas da pequena propriedade, para intensificar a produção de leite nas partes de topografia íngremes (terras quebradas).

O reflorestamento aqui se dá por grandes empresas em escala industrial ou comercial como queira, não tem produtores de leite que plantam pequenas áreas com eucalipto ou pinos para exploração comercial.

Quanto ao Prof. Dr. Wagner Berskow, nas partes de texto comuns, que se assemelham; ele disse em outras palavras mais suaves, mais gentis exatamente o que eu disse. Embora meu texto tenha sido publicado hoje, ele esta escrito desde o dia 22/07, e fiz questão de não ler nenhum comentário justamente para não ser influenciado em minha crença.

Inicialmente vosso texto foi direcionado a todo o Brasil, agora percebo que o senhor mudou o foco para a região sul, então podemos concluir duas coisas.

1ª) o que é verdade aqui (TMAP-MG) pode não ser verdade ai (SUL).
2ª) Nós não conhecemos as realidades um do outro.

Mas continuo afirmando que é difícil ou até impossível, tentar sobreviver com 40 ha de soja plantados na "matraca", já que a máquina não transita devido à topografia.

Um ponto em comum que temos é a preocupação com os 80% que representam mais de um MILHAO de produtores, e que se multiplicarmos por 5 (pai, mãe, e 3 filhos) teremos 5 MILHÕES. Mais uma vez reafirmo que precisamos sair do campo da inspiração, para o campo da transpiração.

Um maior e facilitado acesso a programas com juros e outras condições de PRONAF seriam, por exemplo, um grande avanço; mas condicionados à Assistência Técnica Gerencial OBRIGATÓRIA, por técnicos capacitados (profissionais raros).

Não vou questionar os dados e estudos do CEPEA. Uma coisa que pode ser questionada é a interpretação desses dados. Mas nem isso é o objetivo do debate.

AGRIMILK

PONTA GROSSA - PARANÁ - PESQUISA/ENSINO

EM 25/07/2013

Guilherme,

Concordo com suas considerações.
Contudo, veja que estou me referindo a situações onde é possível o plantio de soja e produção de leite. Onde não se é possível cultivar soja ela não é concorrente ao leite. Nessas regiões, obviamente, também não se tem a opção de arrendo, já que não se planta soja. Ninguém seria radical em plantar soja de "matraca". O produtor certamente vai arrendar essa área para cana ou reflorestamento, por exemplo. Os "personagens" são outros mas o problema é o mesmo.
A questão que busquei colocar em discussão é que se a soja só tem viabilidade econômica em maior escala de produção por que então os produtores estão trocando de atividade? Toda atividade leiteira é competitiva com soja nesses valores? Tomando como base as análises do Cepea me parece que não. Daí meu interesse pela discussão.
Obrigado pelas considerações.
Abraço

GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 25/07/2013

Prezado João Ricardo Alves Pereira: Ainda que alguns tenham deixado de lado esta questão, a mesma se torna essencial para o fim a que se destina seu artigo: pode a soja ser implementada, com valor comercial e com lucro, em todas as regiões onde se produz leite, no Brasil? A resposta é não.
Em áreas como a Zona da Mata de Minas Gerais (só para citar um caso próprio, pois minha propriedade está localizada neste quadrante), por exemplo, o relevo extremamente acidentado inviabiliza qualquer operação mecanizada que gere a possibilidade de troca da pecuária leiteira pela a agricultura da soja, que, diga-se de passagem - consoante o que tão bem alerta o companheiro José Leite, de Uberlândia, MG - não dá para plantar soja na "matraca", necessitando-se, portanto, de mecanização, impossível, reafirmo, pelas condições de relevo ofertadas em grande parte do Brasil.
Por lado outro, como bem afiançou o Professor Wagner Bescow, a plantação de soja não é viável na maioria das propriedades brasileiras, somente levando em consideração o pequeno tamanho das mesmas.
Por fim, temos as condições climáticas como limitantes em vários Estados brasileiros, obrigando a grandes investimentos em irrigação, fator muito complicado nos dias atuais, pois a destinação das águas para este fim é eivada de burocracia e, portanto, é severo entrave para as pequenas e m´dias propriedades e seus condutores.
Em resumo: temo que sua intenção boa - tenho certeza disto - de destinar alguma nova saída para as propriedades ineficientes que se dedicam ao gado leiteiro se transmute em um ataúde maior do que o que elas já ocupam, por total inviabilidade técnica desta pretendida permuta.
Um abraço,


GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO
ALFA MILK
FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG
=HÁ OITO ANOS CONFINANDO QUALIDADE=
www.fazendasesmaria.com
AGRIMILK

PONTA GROSSA - PARANÁ - PESQUISA/ENSINO

EM 24/07/2013

Esalq/USP que, salvo engano, é a principal entidade que os produtores, principalmente de leite, têm como referência. O CEPEA é que escolheu as regiões analisadas e chegou a esses resultados. Para gerar uma análise econômica é necessário um universo grande de informações, metodologia adequada e técnicos competentes para avalia-los. A partir dos dados publicados podemos refletir sobre eles e nortear nossas decisões. Seria uma grande irresponsabilidade de minha parte apresentar uma análise econômica com base somente na minha "experiência" ou nos meus modestos conhecimentos de economia.
Como coloquei num comentário acima, acredito que a falta de informações seria justamente uma das maiores dificuldades de um produtor de leite hoje se ele estiver pensando na viabilidade econômica sua atividade. Veja, Sr José, que enquanto o CEPEA mostra rentabilidade do leite bem menor que a da soja o senhor afirma que a rentabilidade do leite é o dobro! E que mesmo para quem produz menos de 200l/dia o "negócio" leite segue firme e forte! Se as decisões não podem ser tomadas com informações de curto prazo onde estão as de longo prazo? Temos que gera-las? Entende agora por que precisamos discutir e comparar se queremos "Produzir soja ou leite"? Acredito que essa seja uma forma de nós, privilegiados com certo conhecimento, colaborar com alguns desses os 1,3 milhões de produtores de leite.

Obrigado pelas suas considerações.
AGRIMILK

PONTA GROSSA - PARANÁ - PESQUISA/ENSINO

EM 24/07/2013

Sr José Leite,
Primeiramente me desculpe se, ao seu ver, fui no mínimo infeliz ao colocar em discussão o assunto "Produzir soja ou leite". A questão vem sendo discutida há um bom tempo e é bastante recorrente na grande maioria das regiões brasileiras. Se sua avaliação estivesse correta não seria prudente, aí na sua região, os produtores de leite, há tempos atrás, terem avaliado se arrendavam suas terras para as usinas plantarem cana de açúcar ou continuavam na atividade, e olha que a cana demanda tecnologia, investimento e não existe flexibilidade de comercialização como na soja. O mesmo podemos considerar para o arrendamento para reflorestamento. Acredito que muitos deles tenham feito essa avaliação e optado por uma ou outra. O mesmo vem ocorrendo com a soja. Por isso minha intenção em trazer o assunto para discussão.
Por gentileza, leia no artigo e comentários abaixo que expressei minha preocupação com os produtores de leite que estão trocando a atividade pela cultura da soja em pequenas áreas, uma vez que, como toda commoditie, a soja tem sua rentabilidade e riscos extremamente dependentes da conjuntura de mercado internacional. O colega Wagner Berskow faz considerações no mesmo sentido.
Como exemplo, na região sul que já responde por mais de 30% do leite brasileiro e mais de 35% da área plantada de soja é que estão essas propriedades com áreas plantadas de soja "menores que os 40 ha" que o senhor menciona. Os produtores batem no peito orgulhos disso, sem problema algum!. Eles não "quebraram", como senhor sugere, em virtude da rentabilidade apresentada pela cultura (vide indicadores econômicos disponíveis). É também na região sul que se concentram mais de 40% das propriedades que tem leite entre suas atividades. Acredito que esses dados sejam suficientes para uma melhor reflexão sobre o assunto.
Desculpe discordar do senhor, mas particularmente vejo com grande preocupação a situação desses mais de 80% dos 1,3 milhões produtores de leite. Eles respondem por menos de 20% da produção nacional de leite. Os indicadores mostram claramente que eles e/ou seus familiares estão deixando a atividade. Seja pelo êxodo rural ou mudança de atividade (inclusive soja) em função da escassez de mão obra, mesmo que familiar. Discordo que estejam "firmes e fortes" e não vejo vantagem no fato de não terem dívidas de investimento, com juros ao redor de 5%/ano (ou menores no Pronaf). Quantos desses, aí no triângulo mineiro, arrendaram as terras para cana (para não comparar com a soja), reflorestamento ou mudaram para a cidade? Por outro lado, o que acontece com a produção de leite? Aumentou?
Quanto aos valores de arrendo citados por mim de 10 a 25 sacas decorrem do preço da saca e oferta de área para em cada região.
Quanto a rentabilidade colocada no artigo, seja da soja ou mesmo do leite, peço a gentileza de ler com atenção. Nos dois casos eu citei os as informações do levantamento feito pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da
JOSÉ GERALDO CARDOSO GALVÃO

ITUIUTABA - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 24/07/2013

Sua comparação está equivocada , você pegou dados de uma fazenda em Castro e outra em Uberlândia e isto não condiz com a realidade da lucratividade da atividade leiteira das propriedades que investem em tecnologia , assistência técnica e econômica , e com bons indices zootecnicos .
JOSE LEITE

UBERLÂNDIA - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 24/07/2013

Continuação:
Nota: Horripilante por quê? Quando depositamos nosso dinheiro, eles nos retorna 6% ao ano, mas quando nós pegamos o dinheiro com eles, ele chegam a nos cobrar até 6% ao mês. Mas este é outro assunto.
Já o nosso grande produtor de soja. Esse deve trilhões aos agentes financeiros, qualquer pequena crise que se abate na atividade vem uma enxurrada de quebrados, e na sequencia vem outra enxurrada de anistias e perdões de dívidas. Perdões estes patrocinados com os nossos impostos, isso mesmo com os "NOSSOS IMPOSTOS" e até aqueles despreparados pequenos produtores de leite entram neste pacote para pagar as contas dos grandes e ricos profissionais da soja.
Comentários feitos, vamos aos números.
O senhor cita que produtores de leite estão deixando a atividade para arrendar terras para a soja, em valores que variam de 10 a 25 sacas de soja/ha. Na nossa região o comum são 10 sacas, mas para atender o senhor vamos trabalhar com 20 sacas. E segundo o gráfico que o senhor nos apresenta o preço médio (justo) da saca de soja seria em torno de R$ 60,00. Então vamos aos cálculos:
20 sc X R$ 60,00 = R$ 1.200,00/ha correto?


Nesta CONTA qual seria o resultado de produtor de leite com o mesmo nível profissional, tecnológico e de escala de produção?
25.000 lts/ha x R$ 0,10 (lucro por litro) = R$ 2.500,00/ha correto?
* Essa produtividade e este lucro são comuns para os profissionais em leite.
Então temos que o leite em igualdade de comparação daria o dobro da rentabilidade quando comparado à soja, ou seja, um produtor de leite teria um resultado 100% superior a um produtor da soja.
Dessa citação abaixo tenho a dizer o seguinte:
"numa propriedade típica da região de Castro (PR), considerada "ilha de excelência" na produção de leite no País, na média de abril de 2012 a abril 2013, a propriedade teve margem bruta de R$ 885,36 por ha".
Tenho acesso a informações de mais de 250 propriedades na região do Triangulo Mineiro e Alto Paranaíba, e para afirmar que a margem bruta se restringe a R$ 885,36, precisamos contextualizar.
Analise feita no curto e médio prazos tendem a penalizar as atividades agropecuárias em geral. Veja o exemplo do café, se fizéssemos uma analise do café arábica o ano passado, seria perfeita. Pois, simultamente concorreram para o sucesso as excelentes produtividades alcançadas e os preços de venda. Mas se fizermos esta mesma análise este ano, chegaremos a números desanimadores.
Voltemos "ao soja" do nosso amigo gaúcho, lembra-se dos anos de 2.006, 2.007, 2008? A entrada da ferrugem asiática, a choradeira, a quebradeira.... Naquela ocasião lembro-me de um depoimento de um produtor de soja, "estamos todos quebrados, falta apenas cair os cacos".
Isso comprova que jamais devemos analisar uma atividade agropecuária no curto, e médios prazos; seja o leite, a soja, o café e todas as outras.
Assim eu encero devolvendo-lhe a pergunta:
Produzir soja ou leite?
JOSE LEITE

UBERLÂNDIA - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 24/07/2013

Na minha avaliação o senhor foi ao mínimo infeliz, ao comparar duas atividades que do ponto de vista teórico e prático são total e completamente distintas. Seria como comparar água e óleo.
Veja detalhes que acredito que o senhor deve conhecer.
- Tamanho da Área (Escala de produção):
Enquanto em uma atividade (soja) trabalha-se com grandes extensões de terra (latifundiários da monocultura) e um número reduzido de produtores; a outra (leite) é exatamente o oposto, caracteriza-se por pequenas propriedades (87 ha de área total na média, sendo destes aproveitados 42 ha para a atividade leiteira na média), e um gigantesco número de produtores (estima-se em 1,3 milhão de produtores).
- Nível de Tecnologia Empregado:
Não vou tecer longos comentários desnecessários, aqui basta analisar o profissionalismo do produtor, o nível de investimento em máquinas, implementos, insumos, pesquisa, volume de negócios realizados, as grandes feiras. Pensou nas respostas, agora lembre-se do nosso produtor de leite, em que universo ele esta?
Para ilustrar o que estamos falando, busque em vosso imaginário ou em qualquer imagem/vídeo; um produtor de soja plantando a soja com "matraca", lembra-se da matraca? Pois é, o milho, o arroz e o feijão permitiram essa modalidade de produção, como dizem os gaúchos "o soja" jamais permitiu isto. Busque um produtor que bate no peito orgulhoso por plantar 40 ha de soja, também não existe. Essas duas realidades não existem porque todos sabem que o produtor que se enquadrar em qualquer das duas situações citadas acima, ele e família morrerão de fome.
No caso do leite, 80% dos produtores produzem menos que 200 lts por dia. Fazendo uma analogia e guardando as devidas proporções esse produtor de soja (40 ha) se equivale a este produtor de leite de 200 lts/dia. Com o agravante que em 90% dessas propriedades a topografia não permitiria a mecanização e, portanto não seria possível o plantio da soja.
E contrariando vossa analise, então temos (80% de 1,3 Milhão) mais de 1 milhão de produtores que estão vivendo ou sobrevivendo com a atividade leiteira, mesmo que ainda sejam amadores, sem escala de produção, investimento "zero", e não aplicando um mínimo básico e necessário de tecnologia. Mas estão firmes e fortes, a própria presença deles no negocio já atesta que é possível, mesmo que não estejam nem classificados na categoria de amadores.
De pergunto uma coisa, quantos produtores de soja o senhor conhece que plantam soja em 40 ha de ladeira? Sem profissionalismo, tecnologia e etc... Nenhum né? Então temos nenhum contra mais de um MILHÃO!
Outro ponto fundamental, todo produtor de leite desse universo que estamos falando, não tem dívidas contraídas no nosso horripilante sistema financeiro, e quando tem dívidas; elas são realizáveis a qualquer momento, basta para isso vender suas vaquinhas, e para aqueles mais gastões basta vender as vaquinhas, mais suas terrinhas.
Nota: Horripilante por quê? Quando depositamos nosso dinheiro, eles nos retorna 6% a

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