Fatores como o ponto correto de matéria seca potencializa a qualidade, melhora o processo fermentativo do alimento e geram aumento na produtividade dos animais.
Um dos desafios recorrentes do produtor de gado de leite e de corte é a alimentação do seu rebanho. Esse fator, por sua vez, é peça-chave na rentabilidade da propriedade. E uma das ferramentas que mais se consolida nas propriedades pecuárias, principalmente no período do inverno, é o trigo. Seja por suas vantagens com o intuito de evitar a ociosidade da propriedade, ou de obter altos níveis nutricionais para o animal, a cultura vem ganhando reconhecimento como um alimento de qualidade. Porém, independentemente da fonte de alimentação, acertar o teor de matéria seca (MS) do volumoso torna-se uma tarefa de suma importância para obter a melhor qualidade de silagem e desempenho dos animais.
O doutor em Ciência Animal (UEL) e zootecnista da Biotrigo Nutrição Animal, Éderson Luis Henz, explica que o erro no teor de matéria seca pode resultar em redução de produtividade, inclusive quando utilizado o trigo para silagem. “Ao errar esse teor, o processo fermentativo não ocorre da forma correta. Com isso, a silagem começa a se degradar e perder as qualidades nutricionais, como as proteínas e o amido”. Segundo Éderson, esses são alguns dos fatores controláveis que afetam a qualidade nutricional da silagem de trigo. “Também temos que escolher a cultivar correta, o tipo de armazenamento, a compactação, lona, o uso de aditivos, entre outros”, lista o zootecnista. Em contrapartida, alguns fatores fogem da alçada do técnico e podem impactar na qualidade final da alimentação do gado, o principal deles sendo o clima.
Ao trabalhar com teor de matéria seca elevada, as maiores perdas se concentram na digestibilidade da Fibra em Detergente Neutro (FDN) da silagem. Com isso, há um aumento da lignina, indisponibilizando-a ao animal e acarretando em menor conversão alimentar. Conforme Henz, o alto teor de matéria seca também gera problemas no processo fermentativo da silagem de trigo. “A compactação é dificultada e, por consequência, haverá perdas significativas do material que está sendo ensilado. Essas perdas têm consequência direta com a rentabilidade da propriedade”, afirma. Outro quesito a ser considerado é o risco que a má fermentação da silagem pode gerar ao animal. “Como esse alimento perde nutrientes, há o perigo de aumento de fungos e, consequentemente, micotoxinas”, explica. Portanto, um alto teor de matéria seca não representa apenas riscos na redução de volume e qualidade do alimento, como também na sanidade do animal.
Os problemas na fermentação do alimento também são consequências de uma silagem com baixo teor de matéria seca. Nesse caso, pode ocorrer o processo fermentativo secundário. De acordo com o zootecnista, para o alimento atingir os níveis nutricionais desejados, sobretudo em amido, a planta precisa ter o tempo necessário para iniciar o processo de enchimento do grão. “Assim, se cortarmos a planta antes, teremos menor composição de amido na silagem. Por consequência, haverá a necessidade de utilizar mais fontes de amido no concentrado para alcançar a exigência nutricional dos animais e, assim, ter maiores custos corrigindo esse alimento com ração”, elucida.
Resultados de qualidade nutricional em diferentes estágios de maturação fisiológica da silagem de trigo (Fonte: Éderson Luis Henz).
Mas qual o teor ideal de matéria seca no trigo para silagem?
Para Henz, a colheita deve ser feita durante a fase leitosa/pastosa da lavoura, que apresenta teores de matéria seca de 33 a 38%. “Quanto mais passar de 30%, maior o enchimento de amido no grão. Porém quanto mais os níveis reduzirem de 40%, melhor o alimento será compactado. Portanto, o meio termo garante a melhor qualidade da silagem de trigo”, indica. Assim, se obtém maior rendimento em produção, proteína e energia, mantendo a qualidade fermentativa e conservação dos nutrientes.
Ponto de colheita da silagem
Este é um conteúdo da Biotrigo.