Silagem com menor custo e maior qualidade depende apenas da execução dos princípios básicos (parte 2/2)

Dando continuidade ao artigo anterior, vamos enfatizar novamente a necessidade de seguirmos as recomendações básicas do processo de produção de silagens para obtermos resultados satisfatórios, sem a necessidade de criarmos, num primeiro momento, demanda para produtos ou serviços. Na verdade, o que queremos dizer é que o "arroz com feijão" é o carro chefe de sustentação do sistema de produção.

6 - Determinar o tamanho necessário do silo é sempre um passo importante, mas raramente temos esta oportunidade, haja visto que normalmente os silos já existem na propriedade. De qualquer maneira o importante é saber que o tamanho do silo deve ser compatível com o tamanho do rebanho, já que a fatia diária a ser retirada de todo o perfil do silo deve ser de no mínimo 20 cm. Isso evitará perda de qualidade.

Se preferir, use a tabela a seguir: considerando um silo de 4,5 m de largura e peso específico da silagem 600 kg por metro cúbico (m³), localize a linha correspondente ao comprimento do silo e cruze com a coluna pretendida. Você terá a tonelagem aproximada no quadradinho correspondente. Para silos de superfície a altura recomendada é 1,50 m.
 

7 - Para boa compactação em todos os pontos do silo e para que não haja faixas onde não seja possível passar as rodagens, planeje a largura mínima do silo, considerando o dobro da bitola do trator que irá compactá-lo. A compactação deve ser contínua, o que na prática implica em um trator específico para essa atividade. Mais uma vez fica evidente a necessidade de "mutirões" para uma execução correta dos serviços.

8 - Procure terminar o enchimento do silo em 5 a 6 dias, vedando-o rapidamente. Avalie sua capacidade de corte e ensilagem, planejando os números mínimos de tratores, colhedoras e carretas. Sendo impossível completar as operações no prazo indicado, divida a tonelagem pretendida em 2 ou mais silos. Evite interrupções durante o processo de ensilagem. Se ocorrer por motivos forçados, tente não exceder 24 horas. Quanto maior o silo, maiores as exigências com relação à capacidade de corte, transporte e enchimento.

9 - Distribua as camadas de material picado uniformemente dentro do silo com 30 a 40 centímetros de espessura, porém esse enchimento nunca deve ser de forma horizontal, mas sim em formato inclinado do fundo para a frente do silo. Isso evitará perdas acentuadas com microrganismos aeróbios e a própria respiração da planta ensilada. Silos compridos devem ser fechados parcialmente durante o enchimento para evitar formar uma bomba de sucção de ar para dentro da massa ensilada.

10 - Mantenha à disposição no local a lona que servirá para vedação do silo. Em caso de chuvas durante o processo de ensilagem cubra o silo rapidamente, não permitindo formação de efluente e perda de nutrientes solúveis, altamente digestíveis.

11 - Compacte de lado a lado do silo, após a colocação de cada camada. Sendo silo de superfície, depois de cada compactação, apare as laterais removendo e remontando a parte mais fofa. Sendo silo tipo trincheira, encha-o no sentido do fundo para a entrada, até atingir a altura do fechamento e o abaulamento máximo possível.

12 - Cubra o silo, de preferência com duas lonas. Proceda a vedação colocando sobre a primeira lona uma camada de terra de aproximadamente 10 centímetros a fim de expelir todo o ar. Coloque a Segunda lona (podendo ser usada) sobre a camada de terra, protegendo-a das chuvas e evitando seu deslizamento. Evite infiltrações de água das chuvas, fazendo canaletas ao redor do silo. Outra alternativa é o uso de lonas mais grossas com proteção contra raios ultra-violeta. Essas lonas são mais resistentes e portanto permitem que apenas pedaços de pneus ou sacos de areia sejam colocados por sobre a lona, o que facilita sobremaneira a descarga. Logicamente que quanto mais peso for colocado sobre o material, melhor do ponto de vista fermentativo, porém, pior para o trabalho de desensilagem. Procurar sempre um meio termo. Não permita que animais de qualquer tipo (bovinos, eqüinos, aves) tenham acesso ao silo. Sempre cerque a área.

13 - Espere no mínimo 27 dias para abrir o silo. Após este período estará pronto para ser utilizado. Caso seja necessário o uso imediato da silagem, utilize-a, porém algumas perdas podem acontecer pela falta de estabilidade do material recém ensilado.

14 - Retire, a cada vez, uma fatia mínima e uniforme de 15 a 20 centímetros de espessura, cortando-as com ferramenta bem afiada. Ao abrir o silo observe se há bolores (fungos), partes com cheiro semelhante ao álcool (fermentação butírica) e partes escuras. São indícios de problemas que devem ser evitados na próxima ensilagem. Também não devem ser fornecidos aos animais. Elimine-os.

15 - Após estes cuidados, envie uma ou mais amostras do silo a um laboratório para análise bromatológica, conferindo assim sua qualidade. Isso deve ser feito anualmente, em conjunto com dados sobre densidade populacional, produtividade, planilha de custos, eficiência do processo, densidade do silo, etc..

COMENTÁRIOS: Logicamente que as espécies forrageiras utilizadas, bem como seus híbridos ou cultivares são importantes, porém não podem ser consideradas salvadoras ou milagrosas. O processo é mais importante, porém não devemos nunca menosprezar o potencial desse material geneticamente melhorado e adaptados para determinadas regiões, seguindo recomendações das instituições de pesquisa e empresas privadas. Da mesma forma que não existe capim milagroso, também não acreditamos nisso para o processo de ensilagem, salientando mais uma vez que a qualidade das atividades envolvidas no processo como um todo é que são a chave de uma silagem de boa qualidade e de menor custo. Porém, nenhuma tecnologia ou insumo deve ser menosprezado, mas aplicado no momento correto para que haja uma relação de custo : benefício favorável.

BIBILIOGRAFIA:

DowAgroSciences - Sementes. Silagem passo a passo. Boletim técnico. Jardinópolis, SP. Sem data. 10 p.