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Parâmetros físicos em silos tipo "bag"

THIAGO FERNANDES BERNARDES

EM 11/10/2002

5 MIN DE LEITURA

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1Solidete de Fátima Paziani e 2Luiz Gustavo Nussio

Introdução

São bem conhecidas as técnicas para aumentar a eficiência do processo de ensilagem, reduzindo perdas e visando a obtenção de silagem de boa qualidade até a efetiva ingestão pelos animais.

Segundo MUCK e HOLMES (2000) maior eficiência na fermentação da silagem poderia ser alcançada pela redução do tamanho de partícula, que permitiria melhor acomodação da massa e compactação no silo, levando a maior densidade. Este aumento na densidade deveria trazer alguns benefícios: 1) diminuir a porosidade da massa de forragem compactada, afetando diretamente a taxa na qual o oxigênio move-se nesta massa no momento da ensilagem, estocagem e esabastecimento, controlando assim as taxas de respiração de células da planta e microrganismos, conseqüentemente as perdas, e 2) aumentando capacidade do silo, reduzindo custos de armazenamento. Outro fator que afetaria a densidade seria o teor de MS da massa, ou seja, quanto mais úmido o material maior seria a densidade de massa verde, mas menor seria a densidade de MS (kg/m3).

Resultados parciais

O presente trabalho apresenta resultados parciais de um ensaio conduzido no Depto de Zootecnia da ESALQ que avaliou a relação entre parâmetros físicos, perdas e valor nutricional em silagens de capim Tanzânia (Panicum maximum, cv. Tanzânia) em silos tipo "bag", com diâmetro de 2,7m e contendo cerca de 35 t cada. Os tratamentos adotados foram os seguintes:

º T1: Matéria seca original, partícula maior, sem inoculante bacteriano;
º T2: Matéria seca original, partícula menor, sem inoculante bacteriano;
º T3: Emurchecido, partícula maior, sem inoculante bacteriano;
º T4: Matéria seca original, partícula maior, sem inoculante + milheto;
º T5: Matéria seca original, partícula menor, com inoculante bacteriano.

(Para visualizar a Tabela clique aqui)


Como pode ser observado na Tabela 1 os tratamentos impostos como tamanho de partículas atingiram o objetivo, mostrando que tratamentos de partículas menores (T2 e T5) diferiram daqueles de partículas maiores (T1 e T3). Quanto ao T4, se assemelhou mais aqueles de partículas menores, pois embora o capim tenha sido picado sob o padrão de partículas maiores, a fração milheto a ele adicionada na ensilagem (12% massa verde) lhe conferiu esta caracterização física. De acordo com o planejamento, o teor de MS alcançado com a forragem emurchecida, próximo de 30%, se assemelhou com aquele contendo a adição de milheto.

A menor densidade de massa verde (Figura 1) foi obtida no T3, embora não diferente do T4 e T5, sendo a maior densidade obtida no T1. MUCK e HOLMES, (2001) também observaram maior porosidade originada de poros de menor tamanho em silagens de menor tamanho de partícula. O maior volume de poros de menor tamanho deveria tornar menos efetiva a permeação de oxigênio na massa, garantindo ainda assim, compactação mais eficaz. Assim, a permeabilidade seria um parâmetro mais interessante para mensurar a qualidade de compactação, que a porosidade propriamente dita. Quanto à densidade de MS, esta foi maior no T4, T1 e T3. A presença de milheto do T4, auxiliou na absorção de água da massa, revelando-se como agente de absorção semelhante (Figura 2) ao milho grão e inferior a polpa cítrica (GIGER-RIVERDIN, 2000), motivo pelo qual este foi adicionado à forragem.



Figura 1: Densidades de matéria verde (MV) e matéria seca (MS) em kg/m3 para os diferentes tratamentos

Quanto porosidade e permeabilidade, estas foram maiores para os tratamentos T2, T3 e T5. No T3 devido ao emurchecimento onde foi constatada menor densidade de massa verde; e no T2 e T5 em função de partículas menores. Esse fato contraria a expectativa, ou seja, diminuição de partículas visando obter maior compactação e diminuição de espaço entre partículas que pudessem reter oxigênio. Entretanto, o pode ter ocorrido é que ao diminuir o tamanho de partículas houve uma substituição de menor número de poros maiores por maior número de poros pequenos, o que não significa que estes poros menores tenham a mesma capacidade para conter e permear oxigênio, que causando a deterioração. Existem evidências que somente 10-15% do volume de poros seria efetivamente ocupado por gases, e que ao reduzir o tamanho do poro essa proporção fosse ainda menor.



Figura 2: Relação da %MS com Capacidade de Retenção de Água (CRA ou WHC-water holding capacity) pelo ingrediente

As perdas avaliadas sob a forma de silagem deteriorada foram maiores sob maior tamanho de partícula (T3) talvez devido à maior dificuldade de acomodação da massa no silo pelo fato do emurchecimento (Figura 3), o que pode ser constatado pela baixa densidade de matéria verde obtida neste tratamento. Nos tratamentos contendo partículas menores, era de se esperar menores perdas, mas as perdas no T5, onde foi adicionado o inoculante, foram maiores do que sem o inoculante, o que leva a questionar a necessidade do uso de inoculante bacteriano quando se reduz o tamanho de partícula. Existem evidências na literatura de que os eventuais benefícios de bactérias homoláticas em silagens úmidas são mínimos e facilmente compensados pelo aumento nas perdas em silagens inoculadas, decorrentes da menor estabilidade aeróbica do ácido lático.



Figura 3: Relação entre teor de MS e perdas no silo

As perdas totais neste trabalho, de modo geral, se mantiveram acima daquelas citadas por MUCK e HOLMES (2001), que foram de 8,4% para gases e efluente e 5,8% para deterioração na abertura, num total de 14,2%, para este mesmo tipo de silo. É esperado que perdas gasosas sejam aumentadas em forragens mais secas, assim como a baixa taxa de retirada do silo (menos de 20 cm/dia) também colabora para aumentar as perdas (MUCK e HOLMES, 2001). As maiores perdas encontradas nesse trabalho poderiam ser decorrentes da menor pressão de compactação característica de silos tipo ´bag". No presente trabalho a máxima densidade de MS encontrada foi de 155,76 kg MS/m3 no tratamento contendo milheto. Segundo MUCK e HOLMES (2001), é prevista a diminuição da densidade de MS à medida que aumenta a umidade da massa e isto ocorre numa taxa de aproximadamente 3 kg MS/m3 para cada unidade percentual de diminuição no teor de MS.

Referências Bibliográficas
GIGER-RIVERDIN, S. Characterization of feedstuffs for ruminants using some physical parameters. Animal Feed Science Technology, 86, 53-69, 2000.
MUCK, R.E., HOLMES, B.J. Factors affecting bunker silo densities. Applied Engineering in Agriculture, 16(6), 613-619, 2000.
MUCK, R.E., HOLMES, B.J. Density and losses in pressed bag silos. 2001, ASAE Annual International Meeting Sponsored by ASAE, 20 p.
WILLIAMS, AG.,HOXEY, R.P., LOWE, J.F. Changes in temperature end silo gas composition during ensiling, storage and feeding-out grass silage. Grass and Forage Science, 52, 176-189, 1997.

____________________________________
1Aluna de Doutoramento em Ciência Animal e Pastagens - ESALQ-USP, Piracicaba, SP.
2Professor do Departamento de Zootecnia - ESALQ -USP, Piracicaba, SP.

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